Fórum do Treinador 2016: Os Portugueses Lá Fora e o Contexto Selecção

    O CONTEXTO SELECÇÃO

    Ainda pairava no ar a comoção com as palavras de Quinito e já se iniciava a discussão sobre o treinador no contexto da selecção nacional. Paulo Bento, Nelo Vingada, José Couceiro e o técnico espanhol de futsal Jesús Candelas, que orientou a equipa nacional do Irão, concordaram que a principal diferença é o tempo para treinar, muito mais reduzido numa selecção. Os estágios são curtos, cada vez mais. “Naquela altura os estágios tinham 15 dias, havia outro tempo”, recorda Nelo Vingada, seleccionador olímpico em 1996 nos JO de Atlanta.

    Actualmente, a calendarização é apertada e os compromissos dos clubes têm quase sempre prioridade sobre as necessidades das selecções. O desagrado com as datas é geral, mas os treinadores pouco podem fazer quanto a isso. “Não somos tidos nem achados na questão”, lamenta Paulo Bento. A “semana do futebol”, uma ideia da UEFA que fez com que os jogos das selecções fossem diários na semana definida, só veio agravar o problema. “Eles [os jogadores] até podem chegar mais cedo, não sei é se vão chegar nas melhores condições”, diz Paulo Bento. Esperam-se novidades para breve. “A nova calendarização da Champions vai obrigar a alterações no calendário das selecções”, sugere José Couceiro.

    De resto, existem mais semelhanças do que pontos de oposição entre seleccionadores e técnicos de clube. “Somos treinadores, no treino e no planeamento”, assume José Couceiro. A intervenção mais esclarecida sobre este assunto foi a de Jesús Candelas, que deu uma visão muito clara sobre a distinção entre um seleccionador e um treinador. “O objectivo é formar uma equipa, não é seleccionar jogadores. Nesse sentido somos treinadores”, afirma, concluindo que um seleccionador nunca deixará de ser um treinador.

    Ainda assim, não há dúvida nenhuma de que a tarefa do seleccionador na implementação de ideias é mais complicada e é inevitável que exista alguma dependência do trabalho feito pelos clubes.  A Espanha, com maioria clara de jogadores de Barcelona e Real Madrid, e a Alemanha, composta sobretudo por jogadores de Bayern e Dortmund, têm uma base que é transposta dos clubes para a selecção e Paulo Bento aponta essa como a principal razão para o sucesso recente. Olhando para Portugal, verificamos que existe maior diversidade de clubes nas convocatórias, o que, à partida, não facilita a obtenção de resultados. De um modo ou de outro, é fundamental que haja contacto entre o seleccionador e os treinadores dos clubes.

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