«A medalha de bronze em Zurique foi o título mais saboroso que conquistei até hoje» – Entrevista BnR com Miguel Pisco

    BnR: Em 2018, conquistaste duas medalhas de bronze em provas internacionais – no Uster-Zurich Senior European Cup (Março) e Glasgow European Open (outubro) -. Que importância tiveram para ti estes dois títulos?

    MP: Essas medalhas são os meus resultados mais importantes até hoje, e abriram-me muitas portas. Penso que foram duas competições em que consegui lutar como quero e como treino diariamente, e que me mostraram um pouco do caminho que devo seguir. Foram de facto dois momentos muito felizes na minha carreira.

    O jovem judoca com a medalha de bronze conquistada em Glasgow
    Fonte: European Judo Union

    BnR: Recentemente tiveste em Tóquio a participar no Mundial da modalidade. Como foi essa experiência? Foi positivo estar perto dos grandes nomes do Judo internacional?

    MP: Lutar num Mundial de séniores era um objetivo meu, e poder concretizá-lo em Tóquio, no Nippon Budokan – um pavilhão emblemático com um ambiente incrível – foi muito positivo. A experiência da competição em si foi “agridoce” devido ao mau resultado, e foi o culminar de um ciclo para mim. Estar rodeado de estrelas do Judo é sempre positivo, em especial aqueles com quem me identifico. Estou habituado a estar entre eles, em competições e estágios, mas é sempre enriquecedor observar e competir contra atletas mais experientes e medalhados.

    BnR: Já representaste a Seleção Nacional de Judo em competições internacionais, mas ainda não nos Jogos Olímpicos. Tens o sonho de ir a Tóquio no próximo ano? E caso se concretize, acreditas que é possível subir ao pódio e cantar o hino com uma medalha de ouro no pescoço?

    MP: Neste momento, para mim vai ser extremamente difícil alcançar o apuramento para os Jogos de Tóquio, pois o apuramento faz-se com recurso a um ranking mundial, no qual estou numa posição desfavorável. Mas é sempre possível, se as oportunidades se alinharem com a minha preparação, tentarei aproveitá-las claro. Mas penso nos Jogos Olímpicos como um sonho, não um objetivo imediato. Tenho muitas etapas a cumprir antes.

    BnR: Até hoje, qual foi o título mais saboroso que conquistaste? Podes explicar melhor a tua escolha?

    MP: Penso que a medalha de bronze em Zurique foi o título mais saboroso que conquistei até hoje. Foi a minha primeira medalha internacional, estava lá sozinho com o meu treinador e senti pela primeira vez na carreira que tudo estava verdadeiramente como deveria estar. Fiz tudo bem, lutei o meu melhor nesse dia. E no final, ainda fui buscar uma medalha e recebi imenso apoio por parte de emigrantes portugueses na Suíça que estavam a assistir à prova e gritavam por mim apenas por ser português. Foi um dia incrível.

    BnR: Tendo em conta que já possuís alguns anos de experiência nesta modalidade, consegues eleger o melhor treinador e colega com quem trabalhaste? Podes explicar melhor o motivo das tuas escolhas?

    MP: A escolha do treinador é fácil e diria o meu atual treinador, Miguel Leal Santos. Em relação ao colega…é uma escolha muito difícil, e até acho ingrato ter de escolher um. Existe um grupo de pessoas, colegas de treino, amigos que me ajudam todos os dias e que estão comigo em quase todos os momentos. Tenho um grupo incrível que mora e treina comigo no Centro de Alto Rendimento do Jamor e me fez crescer muito e alguns colegas de clube e de seleção também são pessoas com quem gosto muito de trabalhar, daí que seja complicado eleger alguém.

    O treinador Miguel Leal Santos é um enorme apoio para Miguel Pisco
    Fonte: Arquivo pessoal do entrevistado
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    Guilherme Costa
    Guilherme Costahttp://www.bolanarede.pt
    O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.