A Referência do Wrestling Português – Entrevista a Bruno “Bammer” Brito

    BnR: Achas que a ROH, NJPW ou a Lucha Underground podem um dia rivalizar frente a frente com a WWE como fez a WCW?

    B: Não. A ROH tem o seu nicho e atravessa um período complicado, pois perdeu muitas estrelas para o NXT e para o New Japan e tem de se reencontrar e criar novas estrelas e isso é um processo que leva tempo. Tem muito que pedalar até para manter o seu público satisfeito. A Lucha Underground vai agora para o NetFlix, o que é uma plataforma interessante para se dar a conhecer e eu diria que tem um produto muito único, muito bom, com lutadores diferentes, com um estilo diferente. Tem uma produção única mas não vejo a Lucha Underground a ser um produto mainstream. É um produto bom para malta do sexo masculino entre os 18 e os 30 mas não para crianças. Dificilmente vejo as crianças a gostarem do Pentagon Jr. Estão mais virados para um nicho.

    BnR: A TNA já foi vista como a grande rival da WWE e hoje passa por bastantes dificuldades, achas que a empresa vai conseguir reerguer-se?

    B: Não, acho que a TNA precisa de um rebranding. Esta semana perdeu três caras importantes para a empresa, os Hardys e o Drew Mcintyre. O que faltou à TNA sempre foi identidade. Os espectáculos ficaram com pior produção, o plantel até é bom, mas estão longe dos velhos tempos. Quando se via a X-Division, o Styles, o Christopher Daniels, o Samoa Joe ou o Angle e o Christian, nessa altura havia material para se fazer algo especial. E a partir do momento em que o Hogan, o Nash e o Bischoff pegaram naquilo, destruíram a companhia.

    BnR: Fala-se que são os próprios fãs o maior impedimento ao sucesso de uma storyline ou de um wrestler. Concordas?

    B: Eu acho que os fãs perceberam que têm uma voz demasiado importante. Tudo começou com a questão do Daniel Bryan, o YES movement e a Royal Rumble ,onde todos esperavam que o Bryan fosse o número 30 e acabou por ser o Rey Mysterio. A partir daí houve uma revolução e os fãs fizeram-se ouvir tanto que o Daniel Bryan acabou por ir ao main-event da Wrestlemania. A partir desse momento perceberam que podiam mudar o rumo das storylines e por muito que eu aplauda a WWE por essa decisão de colocar o Bryan a vencer na Wrestlemania, não deixo de ficar preocupado por ver o público a entoar cânticos que só servem para eles se divertirem. Acho que isso é mau e vai haver um processo ainda mais difícil da parte da WWE para filtrar o que quer como feedback por parte dos fãs. Se tens um cântico estabelecido como o “Lets Go Cena, Cena Sucks” e de um momento para o outro as pessoas cantam “Lets GO Cena, AJ Styles” isso mostra que tens ali alguém que as pessoas querem ver no main-event. Se tens malta que vaia o Reigns, deves aproveitar isso. Mas também tens malta a receber reacção do público mas pode ser só uma cidade. Tens o cântico “CM Punk” que ficou, mas se meteres o Punk no ringue, talvez daqui a um mês o cântico já tenha perdido força. Acho que a WWE tem de ter alguma sensibilidade em perceber o que pode aproveitar do público. Os fãs acham que podem fazer o que quiserem e isso estraga a experiência do show.

    Vivemos numa altura em que os lutadores expõem-se muito nas redes sociais. Relembro o episódio do Rusev e da Lana, que anunciaram o casamento numa altura em que na storyline estavam separados e que a WWE trouxe isso para dentro do ringue a história ficou confusa. Achas que o kayfabe está morto ou a WWE deve mantê-lo vivo dentro do ringue?

    B: Acho que é uma questão de bom senso. Eu não tenho problemas nenhuns em ir ao Instagram e ver o Rollins a treinar com o Samoa Joe, mesmo estando em feud. Mas acho que enquanto estamos na TV, temos de criar um ambiente onde pareça que há picardia e se conseguirem ser consistentes na mensagem dentro e fora da TV, acho que é o melhor. No caso do Rusev e da Lana, se a ideia era estarem separados na TV, então fazia sentido não meterem fotos juntos nas redes sociais. Mas da mesma forma, tens o cinema, onde o vilão e o herói promovem o filme juntos. Penso que é uma questão de bom senso. Eu preferia que evitassem aparecer juntos fora da TV enquanto estão em storyline. Mas acho que a WWE também está a educar o público no sentido de este perceber que as rivalidades ficam dentro da TV.

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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