Da Venda Nova para o Mundo – Entrevista a David Mendes da Silva

    BnR: Agora, sim, a grande mudança de Portugal para a Tailândia. Queremos saber tudo.

    DMS: Eu acho que, no geral, as pessoas têm a ideia de que lá estão muito atrasados, e não é bem assim. Em termos de futebol, talvez, mas, em termos de infraestruturas, nem pouco mais ou menos. Não vejo lá um estádio que seja pior que os de cá da Primeira Liga. Há equipas com muito, mas mesmo muito, dinheiro e investem bastante. Por exemplo, há um clube cujo estádio é uma réplica de Stamford Bridge. O presidente é louco pelo Chelsea e fez um igual.

    Mas é a mesma situação no que toca às condições que dão aos jogadores. Noto é algum desleixo, próprio da cultura asiática. Preocupam-se em cima do acontecimento, e depois há aquela questão de que o Djaló já falou em n entrevistas mas que é verdade! Eu também não estava à espera de ter de lavar o meu equipamento mas já entendi que é da cultura deles. Não interessa se o clube é milionário ou não; é mesmo cultural. No final, já acaba por ser engraçado e útil porque no início da época dão-te um bom stock de equipamentos e tu vais gerindo. O que eu faço é ir lavando à semana. Habituas-te.

    Outro factor complicado é a temperatura. Foi uma adaptação complicada para mim, ainda durante os primeiros dois meses. Estava habituado a jogar pela selecção, em África, onde também faz muito calor, mas na Tailândia é diferente; é muito húmido.

    BnR: O campeonato é muito competitivo?

    DMS: É competitivo, sim. Há duas equipas que são as melhores, as chamadas grandes, mas não é tanta a discrepância dos grandes para os seguintes, comparativamente ao campeonato português. É mais distribuído.

    Voltar a representar a seleção dos "Tubarões Azuis" é um dos objetivos Fonte: Facebook Oficial de David Mendes da Silva
    Voltar a representar a seleção dos “Tubarões Azuis” é um dos objetivos
    Fonte: Facebook Oficial de David Mendes da Silva

    BnR: E os adeptos?

    DMS: São malucos por futebol. Desporto na Ásia é uma festa. Não percebo nada do que eles dizem mas eles estão sempre lá. Na rua metem-se comigo, tentam falar inglês e tailandês e eu português misturado com inglês, e lá nos entendemos minimamente.

    BnR: Li que o campeonato terminou de repente, porque o rei morreu. O que é que se passou efetivamente?

    DMS: Então, o rei morreu e o país parou completamente! Lá é assim. A Liga acabou três semanas antes do previsto; quem estava em primeiro foi campeão, quem estava para descer desceu. As Taças foram a sorteio; até houve uma Taça que as equipas nem quiseram sortear, por respeito ao rei, mas havia uma que dava acesso à Liga dos Campeões Asiática e tiveram de fazer sorteio. Os que estavam na segunda divisão, para subir, também tiveram de ir a sorteio. Enfim, é uma questão cultural. Eles ainda se estão a recompor, aliás.

    BnR: A cidade de Banguecoque, que tal?

    DMS: É uma cidade fantástica, incrível, mesmo! Ao início faz confusão. Quatro ou cinco pessoas numa mota, crianças inclusive, sem capacete, sempre a andar. Têm um acidente, perguntam se está tudo bem, e seguem viagem. Nada de seguros, nada de polícia, é surreal! É uma grande cidade, muito bonita e com boas praias, Pattaya, Krabi, Phuket, Phi Phi. Qualquer ilha é fantástica!

    BnR: Quando regressas?

    DMS: O campeonato estava planeado começar agora em Fevereiro mas foi adiado para Março, por causa da situação de que falámos, o rei. Estou à espera de que me informem para ir.

    BnR: E a selecção? À espera da nona internacionalização?

    DMS: A selecção é sempre uma grande aspiração, claro. Gostava de voltar; foi das melhores experiências da minha vida. É um orgulho enorme representares o teu país.

     Foto de Capa: David Mendes da Silva

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    Desde que se conhece que a Patrícia gosta de bola e chegou mesmo a jogar, mas a vida seguiu por outros rumos. Como mulher de paixões que é, encontra no Benfica a maior de todas e é a escrever que se sente em casa.                                                                                                                                                 A Patrícia escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.