«Às vezes estavas a ir para a escola e vias passar João Pinto, Poborsky ou Michel Preud’homme» – Entrevista BnR com Luís Zambujo

    – Algarve é o presente mas pode não ser o futuro –

    «Se aparecer uma proposta boa, sairei porque o futebol é a minha profissão e temos que estar disponíveis para jogar em qualquer lado».

    BnR: Sentes que o Algarve é já a tua casa? São as oportunidades que te fazem continuar no sul do país ou gostas mesmo de viver em terras algarvias?

    LZ: O Portimonense foi um dos clubes que me marcou bastante, onde ainda sou o sétimo jogador com mais jogos com a camisola do clube. A par do Farense, são dois dos meus clubes do coração, o terceiro é o Benfica. Mentiria se dissesse que não gostava de viver no Algarve; eu adoro viver no Algarve. Já me radiquei aqui e já considero Portimão a minha cidade, mas é como te digo: vim para o Farense há uns anos atrás e depois fui para Portimão, e voltei depois de ter estado em Belém; estive seis anos seguidos aqui e fui campeão e logo a seguir o Farense contacta-me com um projecto fantástico de subida à Segunda Liga, com um plantel recheado de jogadores fantástico, convenceu-me a voltar para Faro para colocar o clube no lugar que merecia estar. E no fim do ano do Farense, apareceu-me o Louletano DC, também com uma proposta engraçada. É como digo, adoro viver no Algarve, mas estou aberto a todas as propostas de trabalho e vou para onde tiver que ir para jogar futebol. Não estou agarrado ao Algarve, estou sim a projectos bons e que me queiram. Tenho três subidas de divisão e estou disponível para qualquer plano.

    Zambujo era figura de destaque até para a claque do Portimonense SC
    Fonte: Arquivo pessoal de Luís Zambujo
    BnR: Conviveste com vários jogadores durante a tua formação e mesmo durante o teu percurso escolar. Grande parte dessa geração chegou a rumar ao estrangeiro e a jogar em outros campeonatos. Partiu de ti o quereres ficar em Portugal, ou há alguma mágoa por não teres jogado fora do país?

    LZ: Houve fases da carreira em que quis sair do país e houve outras onde tive propostas para sair do país, mas que, por uma ou outra razão, não foi em frente. Seja pela proposta ter caído, seja por eu ir falar com as pessoas e afinal já não era o que inicialmente tinha sido dito e, outras vezes, o projecto não me ter agradado. Mas, como costumo dizer, o caminho faz-se e o meu foi assim. Se me aparecer uma proposta agora para ir para fora de Portugal, não te sei dizer se ia, porque tinha muito que ver com o projecto e com o ordenado. Se me agradasse a mim, ia de caras. Eu posso nunca ter jogado fora do país, mas não porque eu quis que fosse assim, foi porque existiram sempre razões válidas para não ir. Se aparecer uma proposta boa, sairei porque o futebol é a minha profissão e temos que estar disponíveis para jogar em qualquer lado.

    BnR: Já pensas no fim da carreira?

    LZ: É claro que quanto mais os anos passam mais se pensa no final da carreira. Contudo, ainda penso em jogar mais alguns anos.

    BnR: Para terminar, o que será o futuro para ti? Tens alguma ideia se queres continuar no futebol?

    LZ: Tenho que ponderar bem o que quero, sabes? Gostava de ficar ligado ao futebol, mas não sei ainda bem em que área, se como treinador, como director, como scouting ou até empresário. Mas não sei, estou numa fase em que quero recuperar da lesão do joelho e voltar ao activo. Se puder continuar ligado ao futebol, vou ficar, mas a vida de um momento para o futebol pode mudar… Se me perguntares hoje se quero continuar ligado ao futebol, a minha resposta é sim.

     

    Foto de Capa: Arquivo Pessoal de Luís Zambujo

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    Vítor Miguel Gonçalves
    Vítor Miguel Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
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