«Os treinadores são facilmente descartados independentemente do currículo que tenham» – Entrevista BnR com José Mota

    «Tive vários treinadores que me influenciaram: Vítor Oliveira, Jaime Pacheco e Henrique Calisto».

    Bola na Rede: Pode concluir-se, pelo que já me disse, que cedo tomou consciência de que queria ser treinador?

    José Mota: Tinha essa perceção. A forma como liderava o balneário na qualidade de “capitão” fez-me pensar que tinha condições para liderar e exercer as funções de treinador. E, depois, também tive treinadores que me influenciaram bastante, que me transmitiam que tinha condições para poder ser treinador. E tudo acabou por se conjugar.

    Bola na Rede: Quais foram as suas principais influências para seguir a carreira de treinador?

    José Mota: Tive vários treinadores que me influenciaram. Já falei do Vítor Oliveira e também do Jaime Pacheco, com quem sempre tive uma excelente relação, com quem conversava sempre muito, sobre as questões da liderança, do trabalho, de coisas que considerávamos fundamentais. Estes dois treinadores portugueses emblemáticos foram, sem dúvida, os que mais me marcaram. E há também uma pessoa que não posso esquecer, quando iniciei a minha carreira como treinador, que foi o Henrique Calisto, uma pessoa muito aberta e digna. Foi exatamente o Henrique Calisto que substituí quando iniciei a minha carreira como treinador principal no Paços de Ferreira [em 1999/2000]. E foi sempre uma pessoa que me ajudou e me fez ver que tinha capacidades para exercer a profissão.

    Bola na Rede: Começa como treinador adjunto de José Alberto Torres, Eurico Gomes e Henrique Calisto. Também foi difícil ficar na sombra antes de conseguir assumir-se como treinador principal?

    José Mota: Não, muito pelo contrário. Sempre respeitei muito os meus colegas. Quando acabei a minha carreira como jogador, em 1996, o presidente do Paços de Ferreira convidou-me para ser treinador adjunto e coordenador da formação de todo o futebol do clube, e foi nessas funções que fiquei durante dois anos. E muito satisfeito. Fiquei como treinador adjunto do José Alberto Torres, do Eurico Gomes e do Henrique Calisto… E aprendi muito com todos eles.

    Bola na Rede: O José Mota nunca teve empresário… 

    José Mota: Não, nunca tive.

    Bola na Rede: Alguma vez se sentiu prejudicado por essa opção?

    José Mota: Claro que sim. No mundo do futebol, muitas vezes, é preciso ter pessoas que nos tratem da carreira. Mas nunca deixei de ter trabalho, aliás, nos meus 22 anos de carreira sempre trabalhei, e quem me convidou sempre foram os presidentes dos clubes…

    Bola na Rede: São sempre os presidentes que o abordam?

    José Mota: Sim, sempre foi assim. E isso é um motivo de grande orgulho para mim, porque, no fundo, são os presidentes que mandam e são essas pessoas que me contactam e convidam. O trabalho das pessoas vai, naturalmente, sendo valorizado e a verdade é que, durante estes anos todos, fui conseguindo fazer carreira, e sem atropelar ninguém. Mas também percebo que nem toda a gente tem as oportunidades que tive – embora julgo também ter feito por merecê-las – e, por isso, precise de um representante. E agora também não vale a pena estar a lamentar sobre o que poderia ou não ter sido a minha carreira se tivesse empresário. O futebol é mesmo assim.

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.