«Figo e Rui Costa saíram em minha defesa no caso do doping» – Entrevista BnR com Kenedy

    – JJ, qualidade de vida na Madeira e Grécia –

    BnR: Foste treinado por Jorge Jesus no Estrela da Amadora. O que é que recordas dele na altura?

    K: (risos) Tanta coisa, tanta coisa. Já era fantástico na altura. O mister Jorge Jesus é muito exigente, toda a gente sabe disso. Penso que no Estrela da Amadora ainda era mais. Sabíamos que não havia brincadeira nenhum dia, todos os dias eram… não havia cá peladinha, eram treinos sempre específicos e intensos. Depois era o pormenor, às vezes davas um passo para o lado e ele parava o treino para te explicar que não era nada disso e corrigia-te. Ele procurava a perfeição, ele vive o futebol 24 horas por dia. Já na altura ele tinha capacidades, vários treinos que ele fazia na altura e que se começaram a fazer depois, várias marcações e tiveram um bocado o dedo dele.

    BnR: Às vezes demasiado exigente com os jogadores?

    K: Ele sempre quis mais e mais, sempre exigente, para ele não havia desculpas. Houve ali alturas que eu se calhar não concordei com atitudes dele mas tens que saber lidar, se não consegues, esquece, com ele não vais conseguir jogar. As pessoas criticam muito a maneira dele falar com os jogadores mas aquilo para ele é o momento, se calhar a seguir passas ali ao lado e ele vai dizer que és o melhor jogador do mundo. Tenho a maior admiração por ele e o que fez agora no Flamengo prova a sua qualidade.

    BnR: Boas memórias dos tempos do Marítimo? Qualidade de vida?

    K: Sim, sim. Foram os meus melhores anos, juntamente com aqueles anos no Benfica. Foi uma boa época em termos futebolísticos, uma ilha fantástica, as pessoas sempre maravilhosas comigo. Foi talvez das melhores épocas que eu fiz na minha vida, porque tinha confiança, tinha apoio, as pessoas gostavam de mim. Acabei por estar dois anos e meio na Madeira, é um sítio de onde tenho as melhores recordações do mundo.

    Kenedy representou o CS Marítimo entre 2001 e 2004
    Fonte: CS Marítimo

    BnR: Estava de férias na Madeira em 2001, a minha mãe é madeirense, e fui com o meu pai e os meus irmãos ver o Marítimo-Porto. Foi para aí a segunda ou terceira vez que fui ao estádio ver um jogo, não sei se te lembras de que jogo estou a falar?

    K: (risos) Vou tentar lembrar-me do resultado… Perdemos 2-1 ou 3-1?

    BnR: 3-1. O Porto começa a ganhar 2-0, Deco e Clayton. Depois o Bruno reduz…

    K: E o terceiro é o Pena.

    BnR: Exato. Tu foste expulso. Aliás, tu e mais dois jogadores do Marítimo.

    K: Sim, lembro-me bem. Vou-te já dizer quem foi expulso [Kenedy reflete um pouco]. Eu, o Iliev e o Gaúcho. Era o Bruno Paixão o árbitro. Lembro-me que houve uma falta qualquer e eu, como qualquer jogador, os do Porto também diziam, “F******, não é nada falta”. Ele achou que aquilo tinha sido demais e deu-me vermelho direto. Por acaso nesse ano fui expulso contra o Porto e contra o Sporting também. O Tiago estava na baliza e eu fui para saltar, o Tiago tinha jogado comigo no Estrela, era meu amigo, e a proteger-me fiquei por cima dele e o árbitro pensou que eu o tinha pisado e deu-me vermelho.

    BnR: Como foi a adaptação à Grécia?

    K: A Grécia é um país fantástico. Loucos, no futebol gente louca, mas é um país maravilhoso. Graças a Deus adapto-me bem porque tento entrar na cultura para onde vou. Eu já tinha estado uns meses no Chipre antes, eu e o Ricardo Fernandes, que jogou no Porto. Fomos em 2001, ele foi em junho e eu em agosto, fomos os primeiros portugueses a jogar no Chipre. Eu fui ao mapa ver onde é que era Chipre, ninguém sabia onde é que aquilo era. O Ricardo foi para o APOEL e através do empresário que o tinha levado para lá, ligou-me e eu fui também. Eu na altura tinha acabado o contrato com a Académica, fiz uma semana de treinos à experiência e assinei. Os países são mais ou menos parecidos apesar de a Grécia ser um bocadinho maior. O futebol lá tem assim algumas manhas e tal mas gostei imenso.

    BnR: Que manhas?

    K: Os grandes são um bocado favorecidos, o Olympiakos, o Panathinaikos e o AEK, era sempre complicado jogar com eles. Havia ali meio uma mafiazinha mas pronto já sabíamos disso.

    BnR: Qual a melhor memória da passagem por lá?

    K: A equipa onde estava, o Ergotelis, lutava para não descer mas lembro-me de um ano em que estivemos quase para descer e nas últimas jornadas tivemos jogos decisivos no qual eu fui importante. Foi mais essa motivação de um equipa média/baixa poder ficar na 1ª Divisão e lutar por uma classificação boa.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Frederico Seruya
    Frederico Seruya
    "It's not who I am underneath, but what I do, that defines me" - Bruce Wayne/Batman.                                                                                                                                                O O Frederico escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.