«Figo e Rui Costa saíram em minha defesa no caso do doping» – Entrevista BnR com Kenedy

    – Treinador precisa dos jogadores –

    BnR: A que treinadores foste beber conhecimento para a tua carreira como treinador?

    K: Jorge Jesus algumas coisas, Nelo Vingada também algumas coisas, o mister Toni também. O mister Nelo Vingada é uma pessoa fantástica, um excelente treinador, especialmente a níveis humanos, eu aprecio muito isso. Na relação com os jogadores aprendi muito com ele. Já sou assim de pessoa mas tirei muito dele também, acho que é importante quem sonha ser treinador perceber que precisa dos jogadores. Eu como fui jogador sei o que é o que jogador gosta de ouvir, o que é que não gosta de ouvir, qual é o momento certo para chegar ao pé dele e dizer-lhe umas coisas. Isso é importante para um treinador de futebol e há treinadores que não têm essa sensibilidade.

    BnR: Como surge a hipótese de seres treinador?

    K: Lembro-me que foi o atual Presidente do Leixões, o sr. Paulo Lopo. Ele ligou para mim, tínhamo-nos conhecido há pouco tempo, porque na altura o Sintra Football Club tinha ficado sem treinador uma semana antes de começar o campeonato. E pronto foi aí que comecei, com ele e o Presidente Dinis Delgado, que eu chamo de “El Loco”. Gostei e depois passei por vários clubes, Leixões, Coruchense, Pinhalnovense, Almancilense, Cernache de Bonjardim. Penso que deixei sempre uma marca, a minha maneira de estar, a minha maneira de ser com os jogadores, lutámos por coisas boas.

    Kenedy (terceiro a contar da esquerda) treinou o Leixões SC entre novembro de 2016 e agosto de 2017
    Fonte: Leixões SC

    BnR: Depois de uma derrota, a conversa dura é logo no balneário ou preferes fazer no treino seguinte, com o jogo mais digerido?

    K: Depende. Há situações que prefiro o dia a seguir, no final do jogo cumprimentar só os jogadores, dar-lhes os parabéns e falar no treino seguinte. Agora, há situações que tem que ser ali mesmo na hora, deixar para o dia a seguir não dá. Claro que não podemos ganhar sempre mas já me aconteceu explodir logo no momento (risos).

    BnR: Isso se calhar em situações em que era expectável que a equipa ganhasse mas acaba por perder? Tem que ser ali no momento?

    K: Sim, têm que sentir logo no momento. Mas no momento até é mais coisas individuais. Lembro-me uma vez no Pinhalnovense, eu adorava o filho do Hassan, que joga agora no Olhanense, andava sempre com ele “ao colo”, era um jogador especial. Há um jogo que estávamos empatados e há um penalty na parte final. Não era ele a marcar o penalty mas ele quis assumir o penalty e falhou. Até aí tudo bem. Depois a partir daí, foi as reações que ele teve a seguir no final do jogo, os colegas a chamar e ele foi para o balneário aos pontapés a tudo. Ainda parecia que tinha razão. Nesse dia explodi, disse-lhe “Comigo não jogas mais! Vai-te embora já.” No dia a seguir lá pediu desculpa mas essas situações de falta de respeito para mim ou para os colegas e para quem está a assistir naquele momento, é que eu expludo.

    BnR: Tens projetos para o futuro no futebol?

    K: Agora estou numa pausa sem treinar nenhum clube, sem forçar nada. As coisas quando tiverem que acontecer, acontecem. Gostava que surgisse alguma coisa mas para os treinadores é complicado mas gostava de fazer algo que esteja ligado ao futebol, como diretor ou treinador. Vamos ver.

    BnR: Qual a melhor lição que o futebol te ensinou?

    K: Uma delas é aquilo que eu sempre fui: seres sempre a mesma pessoa. Já tive pouco, já tive muito e consegui sempre ser a mesma pessoa. E claro, ter cuidados na vida porque é uma carreira que acaba rápido e nós não sabemos aquilo que vai acontecer nem as voltas que a vida dá. Os jovens hoje em dia são mais organizados e têm mais condições para guardar o dinheiro e não fazer loucuras. Penso que é um conselho que podia dar, e falo por mim, de quem já teve alguma coisa e ganhou, às vezes é preciso saber controlar isso e ter um plano de vida.

    BnR: Houve alturas em que te faltou algum bom senso?

    K: É como eu referi, a partir daquele ano sem jogar e depois o começo de voltar a jogar foram muitas emoções e eu psicologicamente não fui forte e perdi-me. Não é desculpa mas aquilo tudo acabou por me levar para coisas em que quem saiu prejudicado fui eu. Mas graças a Deus hoje em dia passou, a vida é outra, sei que errei e reconheci os meus erros. A vida é mais calma, com menos, mas é o que é.

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