O globetrotter da tática – Entrevista a Eduardo Almeida

    BnR: Nos últimos anos tem sido comum ver contratações de jovens jogadores do Campeonato Nacional de Séniores por parte de clubes da Primeira Liga. Há muito talento nestas divisões secundárias?

    EA: Sempre tivemos muito futuro na minha opinião. De há uns anos para cá, está mais acessível porque antes os jogadores vinham dos clubes grandes para os mais pequenos mas depois era mais difícil voltar às ligas profissionais mas agora, com o scouting que há, com a quantidade de pessoas envolvidas e conhecimentos num mercado cada vez mais aberto, é mais fácil contactar qualquer pessoa e saber informações. Para o jogador, também é mais fácil regressar aos patamares profissionais e aos clubes que muitas vezes foram os que os formaram. A informação flui mais rápida e eficazmente, o que ajuda a movimentação e progressão dos jogadores. E quer se queira quer não, nestes campeonatos, a maioria dos treinadores tem uma forma de ver o futebol e uma qualidade treino já muito profissional e, consequentemente, os jogadores evoluem e vão melhor preparados para a 2ª ou 1ª liga. Os treinos nestes campeonatos são muito equivalentes aos praticados nessas ligas. Talento há e vê-se cada vez mais mas também há menos tendência dos clubes em ir buscar fora, apostando mais no mercado nacional.

    BnR: Agora está no Angrense. Pretende ficar por cá ou nunca se sabe?

    EA: Neste momento tenho um compromisso com a direção do Angrense, o de ficar até ao final da época e é o que vai acontecer. O clube está numa situação muito complicada e pediram-me para os retirar desta situação. Não tivemos uma primeira volta positiva mas foi muito construtiva, na medida em que investimos em perceber as mudanças necessárias e acho que agora temos condições para dar a volta a este mau momento. O objetivo é manter e acho que encontrámos o caminho, vamos ver se os resultados correspondem.

    BnR: Se, eventualmente, pudesse escolher um jogador para a sua equipa de sonho. Qual seria?

    EA: A minha equipa de sonho é o AC Milan e se pudesse escolher um jogador era, certamente, o Zlatan Ibraimovic.

    BnR: Começou muito cedo, mas cedo também se percebeu que é bom naquilo que faz. Como é que vê o estatuto que os treinadores portugueses têm? Podemos falar em Mourinho, Jesus e agora Marco Silva, mas há muitos outros treinadores lusitanos com experiências bastante positivas em regiões diferentes do planeta, como por exemplo Paulo Duarte, Henrique Calisto ou Manuel José. O que é que o treinador português tem de especial?

    EA: Em primeiro lugar, acho que somos muito adaptáveis culturalmente, temos uma grande capacidade de arranjar soluções e ficar no controle. Trabalhamos bem em todos os escalões e com o tempo vamos provando que as nossas ideias são boas e não tenho dúvidas de que somos os melhores treinadores do mundo. E depois, somos muito bons na parte do treino que tem que ser adaptado às respetivas realidades. Em África, treinava com duas ou três bolas, num campo pelado, com paus a fazer de baliza, é complicado. Não se compare a países onde dispomos de 40 bolas, 10 balizas amovíveis e tudo e mais alguma coisa mas o produto final a alcançar é o mesmo, que a equipa jogue e ganhe. Tem que se inventar muito!

    Por agora está contente por estar de volta a Portugal mas o percurso do mister fala por si e demonstra bem que está sempre aberto a todas as oportunidades. É percetível no seu discurso a garra e a paixão com que vive o futebol. São exemplos como este que dão bom nome ao que é nacional por esses relvados do mundo fora e temos tudo para crer que futuro da modalidade está entregue em boas mãos.

     

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    Patrícia Ribeiro Fernandes
    Patrícia Ribeiro Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Desde que se conhece que a Patrícia gosta de bola e chegou mesmo a jogar, mas a vida seguiu por outros rumos. Como mulher de paixões que é, encontra no Benfica a maior de todas e é a escrever que se sente em casa.                                                                                                                                                 A Patrícia escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.