BnR: Por ser já conhecido na família sportinguista e até mesmo no desporto nacional – ainda mais sendo o porta-estandarte da modalidade –, sente que quando entra em campo tem uma responsabilidade acrescida por isso mesmo?
M: Não. Eu, ao longo da minha carreira, mantive-me sempre igual a mim mesmo. Eu acho que quando nós trabalhamos sempre da mesma forma, e essa forma é a forma ideal para nós, temos de continuar a evoluir, aprendendo com os jogadores e treinadores que passam por nós. Tem sido isso que eu tenho vindo a fazer e tanto nas vitórias como nas derrotas eu mantenho-me igual e não é por isso que tenha mais ou menos peso. Eu como capitão do Sporting e da Seleção Nacional, tento passar aos meus colegas: para mim, a braçadeira não significa muito, desde que cada um deles tenha um bocado da braçadeira.
BnR: Falou há pouco das derrotas e das vitórias: de que forma vê o papel da sua família na sua carreira e que interferência é que ela tem nesses momentos como jogador?
M: São a base, o suporte. Eu abdico de muitas coisas, como qualquer atleta de alta competição – perde passos da vida dos filhos, mulher, pais. Mas nós conseguimos interiorizar isso. É pensar que tudo o que eu faço, incluindo essas ausências, faço pela minha família. E quando é que vemos que isso dá resultado? Quando vemos que conseguimos consolidar uma carreira e vemos que a gestão foi bem feita, apesar do meu sofrimento e do sofrimento deles.
BnR: E é fácil conjugar a sua vida pessoal com o facto de mudar muitas vezes de clube e, consequentemente, de país?
M: Eu agora, dado os meus projetos pessoais, estou a enraizar-me mais em Portugal. Neste momento trabalho a tempo inteiro no Sporting e só isso é uma grande vantagem, porque estou a trabalhar no meu país e posso finalmente ter tempo disponível para a minha família. Já consigo fazer coisas com ela que não tinha conseguido fazer até hoje. Daí ter posto um ponto final a outros clubes para me dedicar a tempo inteiro em Portugal.
BnR: Visto que trabalha a tempo inteiro num clube, o Sporting, sente que o futebol de praia fará sempre parte de si até ao final da sua vida?
M: Sem dúvida, sem dúvida! Aliás, a maior parte dos meus projetos são ligados ao futebol de praia. Existem muitas pessoas, tanto a nível nacional como internacional, a quererem fazer muitas coisas comigo e quanto a isso só tenho de agradecer. É sinal de que fizemos um bom trabalho.
BnR: E que conselho daria às crianças – e aos seus pais – que querem seguir o futebol de praia?
M: O conselho que dou sempre é o mesmo que dou seja para quem for. Esteja ligado ao desporto, ao jornalismo: quando nós temos um sonho, devemos lutar por esse sonho. Sabendo sempre que vai haver mais dificuldades inicialmente do que vantagens, mas nunca desistindo. Porque acho que o grande problema das pessoas hoje em dia é desistirem de sonhos quando veem muita dificuldade. E não é assim que se conquistam sonhos.
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