BnR: No presente ano, apresentou a sua tese de Doutoramento intitulada “Águas abertas, caracterização da disciplina”. De que forma a sua experiência em Águas Abertas o ajudou a desenvolver a sua tese?
M.B.: Foi algo que surgiu, eu, após a defesa do Mestrado, não estava à espera de seguir para Doutoramento, mas apareceu a oportunidade, resultante de um protocolo entre o Sporting e a Universidade Lusófona de Lisboa. Tive a felicidade de no 1.º ano decidir que tema iria fazer e construir o meu projeto de tese. Nesse sentido, vi que havia muita pouca coisa sobre Águas Abertas, que é uma disciplina da Natação que adoro imenso. É de louvar o esforço que os nadadores fazem nas provas, podendo-se comparar a uma maratona ou prova de ciclismo, porque nadar em Águas Abertas é muito exigente. A partir deste ponto, era interessante avaliar como se treina para uma disciplina destas, os pressupostos táticos que existem numa prova de Águas Abertas, e como é que se preparam os atletas a nível nutricional para ser bem-sucedidos nas provas. Com base nestes três temas, que eu desenvolvi a minha tese, apresentei-a e felizmente correu tudo bem.
BnR: Uma vez que já finalizou os seus estudos, acredita que o Ensino Superior e a sua carga horária permite uma boa permutação entre Desporto e Faculdade ou pensa que o nosso país deveria ser mais benevolente com atletas de alto rendimento, de forma os mesmos terem maior vontade em conciliar a carreira desportiva com a vida universitária?
M.B.: Eu acho que um atleta de alto rendimento se tiver um bom suporte familiar e desportivo que o ajude, acaba por atingir os seus objetivos, quer desportivos quer a nível de estudos, ao fim ao cabo profissionais, pois isto acaba por ser uma espécie de “pensar mais à frente”, isto é depois de deixar o desporto, o que é que se vai fazer. Neste âmbito, acredito que ainda há muita coisa por melhorar por parte das estruturas vigentes do desporto em Portugal, nomeadamente na articulação com as faculdades. Aqui, refiro-me às presenças dos atletas em provas ou estágios internacionais, que devem ser completamente amparados pelas federações, através de justificar as suas ausências para compromissos internacionais. As faculdades devem permitir aos atletas realizar exames numa época especial, ou seja não deve haver qualquer tipo de entrave para que possam ter êxito no Ensino Superior.