Por detrás do Football Manager – Entrevista a Bruno Gens Luís, Chief Scout da Sports Interactive

    BnR: Consideras que estas criticas que existem são também reflexo de uma falta de cultura desportiva em Portugal?

    BGL: 90% das críticas são de pessoas a pedirem melhoramentos para o seu clube e a mandar abaixo os rivais; logo, pode dizer-se que sim. Infelizmente a ideia que se tem do adepto português é a de que ele gosta da sua equipa e não de futebol como desporto. Não se preocupam com o estado do futebol português, desde que a sua equipa ganhe, e quando perdem pontos atribuem a culpa ao árbitro em vez de mérito ao adversário. No Football Manager a situação é igual. se jogador x da equipa y é bom, então é devido ao facto de a equipa de pesquisa ser toda desse clube. Chegou ao ponto de um grupo de adeptos de um clube se juntar e enviar falsas queixas de favorecimento anonimamente à SI.

    De visite à Arena do Corinthians Fonte: Facebook Bruno Gens Luís
    De visita à Arena do Corinthians
    Fonte: Facebook Bruno Gens Luís

    BnR: O que é que consideras que ainda pode ser feito, ou melhorado, na base de dados portuguesa para o Football Manager?

    BGL: As camadas jovens ainda estão pouco exploradas fora dos grandes. Infelizmente grande parte dos colaboradores só assiste ao futebol sénior; logo, fica bastante complicado ter informação credível a nível de formação, e quem tem conhecimentos não quer colaborar sem compensação financeira.

    BnR: Quando o jogo é finalmente lançado sentes uma sensação de alívio ou há ainda um longo trabalho pela frente?

    BGL: A pesquisa nunca para, com a excepção de alguns dias entre a entrega e a nova distribuição de tarefas pelos researchers. Durante épocas festivas, por exemplo Natal e Ano Novo, também recolhemos os ficheiros e damos “folga” a todos.

    BnR: Quando é que se começa a pensar no jogo seguinte?

    BGL: Com anos de antecedência! Já se sabe que novidades queremos implementar em cada versão algumas edições antes de ela ser lançada. Obviamente nem sempre todas as novidades conseguem ser implementadas quando se quer, mas há sempre um plano futuro delineado com muita antecedência. Quanto à base de dados, começamos por volta de Março/Abril.

    BnR: Entrando numa área mais pessoal, qual foi o jogo da saga CM/FM que pessoalmente te deu mais gozo jogar?

    BGL: Tenho dois favoritos: 99/00 e 01/02. Mas o que joguei mais foi o CM2 95/96.

    BnR: Consideras-te parte da geração marcada pelo sucesso do Tó Madeira?

    BGL: Sinceramente não me marcou muito. Já jogava CM há muitos anos, mas acredito plenamente que o “erro” Tó Madeira serviu na perfeição como uma estratégia de marketing que atraiu imensas pessoas para o jogo. Todos queriam comprar o Tó Madeira do Gouveia e saber quem ele era na vida real. Eu ganhei muitos companheiros de jogos online graças a “ele”.

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    Rui Pedro Cipriano
    Rui Pedro Ciprianohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido e criado no interior, na Covilhã, é estudante de Ciências da Comunicação, na Universidade da Beira Interior. É apaixonado pelo futebol, principalmente pelas ligas mais desconhecidas, onde ainda perdura a sua essência e paixão.                                                                                                                                                 O Rui escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.