“Quando chegámos ao clube dissemos aos jogadores que na época seguinte iam estar todos a custo zero e (…) ficaram só algumas pessoas que tinham uma identidade forte com o clube.”
BnR: Passados quase três anos desde a sua chegada, o clube está financeiramente mais estável?
NR: Sim. Podemos dizer que, atualmente, o passivo do clube foi reduzido em cerca de 80%. Estamos a falar de uma situação que podia pôr em risco a subsistência do clube. Houve essa redução. Temos gradualmente tentado sensibilizar patrocinadores, Câmara e Junta de Freguesia para nos darem uma ajuda e gradualmente as coisas têm melhorado.
No entanto, temos situações do passado que continuam a limitar a nossa gestão, não é fácil porque houve erros que foram cometidos e que neste momento ainda nos deixam agarrados ao passado e o passado está a demorar imenso a passar. Mas podemos dizer que o clube está estabilizado e vamos ter eleições agora em maio, onde pretendemos recandidatar-nos e que será a passagem para o próximo nível, ou seja, estabilizámos o clube, estamos mais preparados para o segundo mandato e queremos dar continuidade ao que temos vindo a fazer.
BnR: Essas dificuldades explicam os maus resultados desportivos das últimas duas épocas?
NR: Sem dúvida nenhuma. Costumo dizer que gerir com dinheiro é fácil, gerir sem dinheiro é que é difícil. Os maus resultados acabam por não ser maus resultados tendo em conta as circunstâncias daquilo que herdámos. Quando chegámos ao clube dissemos aos jogadores que na época seguinte iam estar todos a custo zero e, como deve calcular, ficamos praticamente sem plantel, ficaram só algumas pessoas que tinham uma identidade forte com o clube. O clube deve muito a essas pessoas, porque na altura em que precisou deles disseram “presente”. Até nisso se pode dizer que as coisas não foram assim tão más, porque fomos buscar atletas que estavam parados há três ou quatro anos.
Atendendo a essa situação, não podemos de todo considerar que os resultados foram assim tão maus. Garantir a manutenção era o objetivo que traçamos e conseguimos. Para se ter noção, no ano em que entrámos, desceram três clubes de divisão mas conseguimos a manutenção. É importante o clube estabilizar financeiramente para, no futuro, almejar outros sonhos.
BnR: O Alcochetense tem alguns jogadores estrangeiros no plantel. Como chegaram ao clube?
NR: Os atletas (Eze e Thiago Peñaranda) chegam ao clube porque, face às dificuldades financeiras que tinha, fomos quase obrigados a estabelecer uma parceria com uma empresa onde há uma gestão partilhada, diferente de uma SAD, onde o parceiro nos vem dar uma ajuda, daí aparecer esses atletas estrangeiros.
BnR: É complicado estar uma divisão abaixo do Montijo?
NR: Não. Nós respeitamos o Montijo, estão numa cidade com muitos mais habitantes que Alcochete e, digamos, que é uma situação algo normal. Não deixamos de dormir por causa disso. Há uma rivalidade com o Olímpico do Montijo, mas respeitamos o clube e faz parte. O Olímpico chegou lá mas também teve de optar por ter parceiros para lá chegar. Por isso, não perdemos o sono com isso.