De acordo com Cruijff, há dois princípios básicos que o treinador deve ter sempre em mente: observar antes de intervir (um dos exercícios mais úteis é dar-lhes uma bola e ver o que fazem, o chamado jogo espontâneo) e mudar continuamente o ambiente aos jogadores, dando-lhes desafios diferentes a cada treino.
Não é por acaso que no Ajax há um intercâmbio constante entre escalões, existindo muita comunicação entre os treinadores. Os mais novos, quando jogam com os mais velhos, querem provar que têm tanto talento como eles, e os mais velhos sentem a pressão mental de não quererem ser inferiores aos mais novos, sobressaindo a capacidade de liderança. Ao nível do treino, Cruijff reinventou alguns exercícios comuns. Um deles, que consistia na aproximação de um terceiro ou quarto homem, passou a ser feito com a bola na mão e não no pé, para promover a visão periférica por parte dos jogadores.
Ninguém joga sozinho e, apesar de o foco deste modelo estar no individual, é preciso perceber as necessidades dos companheiros. Como tal, Cruijff julga que os jogadores devem experimentar variadas posições no seu processo de desenvolvimento, sobretudo para sentirem as dificuldades que os colegas têm. Ainda assim, não são raros os casos de jogadores que se redescobriram, como Riechedly Bazoer, que começou como central e agora se fixou como médio. É uma das maiores promessas do actual plantel do Ajax.
Este tipo de alteração na rotina do jogador evita a mecanização e promove a criatividade e o desenvolvimento de competências que a sua posição original não exige. Mais do que tudo, é preciso surpreender o jogador, desafiá-lo. Levá-lo para a rua, onde o piso é diferente, obriga-o a adaptar-se a uma nova superfície e a ter diferentes estímulos ao nível do equilíbrio (se cair vai aleijar-se) e do controlo de bola.