“Antes de entrarmos cá, não se falava do Alcochetense na vila e voltou-se a falar, o que é um orgulho para nós, já é positivo.”
BnR: Como está a relação entre a população e o clube?
NR: Atingimos os 1000 sócios e, gradualmente, vamos conseguindo reaproximar a população do Alcochetense. Só para ter uma noção, antes de entrarmos cá, não se falava do Alcochetense na vila e voltou-se a falar, o que é um orgulho para nós, já é positivo.
Chegámos à administração e o clube era só vocacionado para o futebol e o clube precisa das pessoas, por isso implementamos novas modalidades para aproximar as pessoas do concelho no Alcochetense e isso tem-se verificado gradualmente, não como desejaríamos, mas é muito mais fácil destruir que construir. Houve políticas que afastaram as pessoas do clube e trazê-las de volta é muito mais difícil. Neste momento notamos que as pessoas se estão novamente a aproximar do clube, não na velocidade que gostaríamos, mas estão a aproximar-se.
BnR: As boas instalação do GDA em relação a outros clubes ajudam a chamar atletas?
NR: O Alcochetense é um dos clubes do distrito de Setúbal com melhores condições para a prática do futebol. No entanto, temos o problema da localização geográfica, estamos numa extremidade do distrito. Podemos dizer que estamos perto de Lisboa mas não há atletas que venham praticar desporto aqui tendo tanta oferta em Lisboa. O que o Alcochetense tem feito para aumentar o número de atletas é fazer uma promoção junto das escolas, o que não era feito. Quem cá estava ficava à espera que os atletas viessem cá.
O Alcochetense é a referência do concelho mas, neste momento, apesar de termos um complexo desportivo do melhor que há, penso que não tenha muita influência nos atletas que vêm para cá. Quando foi feito o sintético, aí sim, o Alcochetense beneficiou, porque havia poucos sintéticos na altura, também aproveitando o fim do Desportivo do Montijo e, na altura, vieram muitos miúdos do Montijo para aqui.
BnR: Têm apostado no ténis, futsal, râguebi e basquetebol. Há mais modalidades no horizonte?
NR: A abertura de novas modalidades está sempre dependente de pessoas que possam coordenar esses projetos com alguma autonomia. A direção do Alcochetense é curta, jovem, de pessoas com vida profissional ativa e não é fácil gerir um clube desta dimensão, ainda para mais de forma amadora, onde abdicamos de parte das nossas vidas para dar o contributo ao clube. As modalidades estão sempre dependentes de pessoas que se queiram juntar a nós, mas o Alcochetense está sempre aberto para isso. O essencial não é só haver futebol, mas haver desporto no concelho.
BnR: A resposta foi positiva em termos de atletas?
NR: No râguebi sim. Era um projeto pessoal de pessoas de Alcochete que estiveram ligadas ao Samouco porque o Alcochetense tinha vedado a entrada do râguebi, por isso, juntaram-se ao ADS, sempre com o objetivo de chegar ao Alcochetense. Quando saíram de lá tinham cerca de 30 atletas e hoje tem mais de 80, foi um crescimento substancial e é um dos clubes com maior crescimento a nível nacional na Federação de Râguebi. No ténis começámos do zero e já havia um projeto de ténis em Alcochete que acaba por dificultar, o mesmo se aplica ao futsal porque já há dois clubes aqui, por isso é um projeto que está a crescer lentamente. O basket é uma modalidade que apareceu este ano, já vinha com 30 e tal atletas e neste momento são mais de 40. Está a crescer mas gradualmente.
BnR: O Campeonato de Portugal é um objetivo?
NR: Sim. Não me parece que, na atual conjuntura, o clube tenha capacidade para ir mais além que isso e mesmo assim já será um esforço financeiro, porque o tecido empresarial em Alcochete, infelizmente, não apoia o clube e não será fácil chegar mais além.
Foto de Capa: Fábio Boavida / Bola na Rede