Com a cidade alemã de Munique a ser, por estes dias, palco dos Campeonatos Europeus Multi Desportivos, foi no Ciclismo de Pista, e por intermédio de Iúri Leitão, que chegou a primeira medalha, e logo de ouro, para as cores lusitanas. Nesse sentido, e por forma a dar a conhecer um pouco mais do seu trajeto, que já conta com vários pontos altos, aqui fica a minha vénia sob a forma de artigo.
A BICICLETA DESDE SEMPRE
Nascido a 3 de julho de 1998, na cidade de Viana do Castelo, é desde bastante cedo que começa a traçar o seu futuro. Ainda antes de completar sete anos, ‘obriga’ os pais a inscrevê-lo numa escola de ciclismo local, pois a relação com a bicicleta era quase que umbilical. De imediato provaria que o investimento dos progenitores colheria frutos, até bem mais cedo que o esperado, vencendo várias competições nos escalões etários mais baixos, o que lhe augurava um futuro bastante risonho. Ele que conjugava as lides académicas e desportivas com o árduo trabalho no campo, auxiliando a família, que daí extraía o seu sustento.
UMA ASCENSÃO METEÓRICA
É no ano de 2015 que o jovem Iúri Gabriel Dantas Leitão se mostra mais a sério ao público especializado, conquistando, entre outras competições, uma etapa da Taça de Portugal de Ciclismo de Pista, em Oliveira do Bairro, bem como sagrando-se campeão nacional na referida vertente para menores de 19 anos. Estes seriam os passos que faltavam para Portugal ver no vianense um atleta de excelência e em quem apostar a breve trecho. Desde então, foi sempre a queimar etapas: basta dizer que, ainda antes de completar 20 anos, Iúri já contava com o título nacional de pista no palmarés, ele que colecionava várias classificações medalháveis em eventos tanto na pista, disciplina predileta, quanto na estrada, onde vai igualmente competindo durante o ano. Convém dizer, a esse respeito, que em estrada um dos pontos mais altos, até ao momento, foi o segundo lugar na geral na Volta a Portugal do Futuro, onde em 2016 conquistou duas “tiradas”.
Arrecada duas etapas na volta ao Alentejo em 2021, onde acaba por se sagrar o camisola verde da competição (vencedor da classificação por pontos). Estas são apenas algumas das conquistas de Leitão em estrada, onde se especializou como sprinter, correndo ainda antes de alcançar o profissionalismo nas seguintes equipas: Sicasal – Constantinos -Delta Cafés, mais tarde apenas Sicasal- Constantinos, Tavfer – Miasindot – Mortágua e ainda na Super Froiz. Isto, até se mudar para a atual estrutura: a Caja Rural- Seguros RGA, onde tem competido em provas da Taça de Espanha com resultados para lá de satisfatórios.
Contudo, é na pista onde se tem focado priomordialmente. Da sua ainda curta carreira internacional, mas já bastante preenchida de sucessos, destacam-se: três medalhas, uma de cada metal, nos Europeus de 2020 realizados em solo búlgaro, o vice-título mundial de perseguição em França e vários outros sucessos enquanto sub23.
O que aconteceu no passado sábado foi a confirmação do minhoto como um dos mais valiosos talentos na pista a nível mundial, reforçando assim o trabalho da nossa Federação, que tanto tem promovido e apostado na disciplina de pista, com infraestruturas como o sublime Velódromo de Sangalhos, que tem possibilitado que nomes como os dos manos Oliveira, Ivo e Rui, ou o de Maria Martins apresentem cada vez mais resultados de monta.
#EuroTrack22
🥳 Celebration time for Iúri Leitão@ECMunich2022 #munich2022 #backtotheroofs #munich #germany #trackcycling #velodrome #cyclingtrack #cycling pic.twitter.com/XWcUvwOS8V— UEC_cycling (@UEC_cycling) August 13, 2022
O brilhante título de Iúri resultaria de um prematuro ataque, que levou o patrício a dar duas voltas de avanço sob a concorrência, gerindo o esforço e controlando a prova eximiamente rumo ao estrelato.
Conquistas como esta enaltecem toda a garra, espírito de trabalho e de luta que fazem do ciclista uma referência e um nome de presente e futuro do ciclismo e do desporto lusitano.
O BNR felicita o atleta e restante corpo técnico nacional por mais esta alegria. Que venham muitas mais!
Foto de Capa: COP