Marat Izmailov – O regresso de um dos meninos de ouro do futebol russo

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    Depois de se ter mostrado ao mundo do futebol no Lokomotiv Moscovo, após os bons e maus momentos ao serviço do Sporting, depois das magras oportunidades no FC Porto e de uma experiência relativamente positiva no Gabala FK (Azerbaijão), o talentoso médio russo Marat Izmailov regressou esta época ao seu país de origem para representar o Krasnodar e parece ter reencontrado a alegria de jogar futebol.

    Izmailov, que o seu amigo e agente Paulo Barbosa uma vez descreveu como um homem reservado e cem por cento dedicado ao futebol, chegou ao Krasnodar, uma equipa em franco crescimento no futebol russo e até mesmo a nível internacional, no início desta época por empréstimo, ainda com vínculo ao FC Porto, e aos poucos tem vindo a afirmar-se como um dos jogadores mais importantes na manobra ofensiva da equipa.

    Após algumas dúvidas (legítimas, diga-se de passagem) sobre a sua condição física e após alguma desconfiança sobre o motivo do seu regresso ao futebol russo, Izmailov tem demonstrado que está melhor do que nunca e, mesmo não tendo o fulgor e velocidade de outros tempos, tem sido extremamente útil à sua equipa, que ocupa actualmente o segundo lugar da Liga Russa, atrás do poderoso Zenit, de André Villas-Boas.

    A longa paragem de Inverno do futebol russo permitiu a Izmailov, de certa forma, recuperar os seus níveis físicos e, com excepção do jogo contra o Spartak em Moscovo no início do mês de Março, o antigo jogador do Sporting e do FC Porto tem feito sempre os 90 minutos ou muito perto disso nas restantes partidas, algo que em Portugal já não acontecia há bastante tempo. O seu actual treinador, Oleg Kononov, e um dos principais responsáveis pela ascensão que o Krasnodar tem vindo a experimentar desde 2013, referiu recentemente numa entrevista que existe um cuidado especial da equipa técnica relativamente à utilização de Izmailov, uma vez que todos estão perfeitamente cientes de todas as graves lesões que o afectaram durante a sua passagem por Portugal. De jogar apenas 45 minutos quando os jogos da sua equipa se disputam em relvados sintéticos de qualidade dúbia a ter sido reposicionado para uma função de armador de jogo no centro do terreno, tudo faz parte da realidade deste novo Izmailov, que, fruto das suas recentes prestações de alto nível, pode voltar a ambicionar um lugar na selecção russa.

    Izmailov já é um dos jogadores favoritos dos adeptos do Krasnodar Fonte: VK (rede social) de Marat Izmailov
    Izmailov já é um dos jogadores favoritos dos adeptos do Krasnodar
    Fonte: VK (rede social) de Marat Izmailov

    No dérbi da passada semana, contra o Kuban, assumiu a batuta de maestro da sua equipa e ajudou o Krasnodar a recuperar de uma desvantagem de 2-1 para uma vitória suada, mas justa, por 3-2. Para além de uma quantidade significativa de passes certeiros, Izmailov fez uma primorosa assistência para o golo de Roman Shirokov e deu início à jogada que culminou no golo da vitória dos Touros de Krasnodar, apontado por Vitali Kaleshin. Este seu novo papel em campo, semelhante àquele que chegou por vezes a desempenhar no Sporting, permite-lhe desgastar-se menos e, ao mesmo tempo, ser responsável pela construção do jogo do Krasnodar a partir de posições mais recuadas. Izmailov, que originalmente jogava como número 10, viu-se “obrigado” a mudar de funções durante a sua passagem pelo Lokomotiv, uma vez que essa posição era ocupada pelo lendário Dmitri Loskov. Marat, contudo, parece não ter esquecido como desempenhar esse papel e aparece agora como um médio organizador que joga ao lado do recuperador de bola, à frente da defesa, uma marca bastante característica das antigas equipas de futebol soviético.

    Izmailov (que desde a sua passagem pelo FC Porto mudou a grafia do seu nome para Izmaylov, algo que pode ser explicado com a dificuldade de transcrição dos caracteres em cirílico para o alfabeto romano) encontrou, no meio-campo do Krasnodar, também ele recheado de excelentes executantes como Roman Shirokov, Pavel Mamaev, Yuri Gazinskiy e Odil Ahmedov, os parceiros perfeitos para voltar a colocar em prática toda a sua magia futebolística, que, em tempos já longínquos, fez o Arsenal querer contratá-lo.

    Numa entrevista no final do ano passado, o presidente do Krasnodar, Sergey Galitsky, não teve dúvidas em afirmar que a chegada de Izmailov havia beneficiado e muito a equipa, e que o nível de qualidade demonstrado pelo talentoso médio de 32 anos torna quase obrigatório o seu regresso à selecção orientada por Fabio Capello.

    O jogador de etnia tártara, nascido em Moscovo, viveu os melhores anos da sua carreira ao serviço do Lokomotiv, onde, ao lado de jogadores como o Dmitri Loskov e Ruslan Pimenov, conquistou dois campeonatos russos. Aparentemente, precisou de regressar ao país que o viu nascer para voltar a emergir a grande nível após anos e anos de lesões e problemas de ordem pessoal, quase sempre mal explicados.

    Víctor Fernández, antigo treinador do FC Porto e do Celta de Vigo, entre outros, afirmou não há muito tempo que o futebol havia sido injusto com Aleksandr Mostovoi (Izmailov partilha a mesma opinião e considera-o o melhor jogador russo de sempre, a par de Yegor Titov e Dmitri Alenichev), já que toda a sua qualidade nunca havia sido verdadeiramente reconhecida, e o mesmo poderá dizer-se relativamente a Marat Izmailov. O antigo jogador do Sporting e FC Porto foi e continua a ser um jogador com um talento acima da média e, não fossem os problemas de toda a ordem que desde cedo assolaram a sua carreira além-fronteiras, hoje poderíamos colocar Izmailov entre os dez melhores jogadores russos dos últimos 30 anos ou até mesmo um dos melhores jogadores do velho Continente.

    Foto de Capa: VK (rede social) de Marat Izmailov

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    Joel Amorim
    Joel Amorimhttp://www.bolanarede.pt
    Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.