Marco Silva e a ‘relegation’: O fracasso não conta tudo

    Da 24ª jornada, a vitória diante dos ‘reds’, até à 29ª, o Hull perde dois jogos fora e empata um e não perde em casa, empate com Burnley (1-1) e vitória sobre o Swansea (2-1). A 30ª jornada abre o mês de abril, o melhor mês sob a égide de Marco Siva, uma vez que, com a vitória sobre o West Ham logo no primeiro dia de abril, o Hull City, pela primeira vez desde a 9ª jornada consegue a tão desejada saída da zona de despromoção, no 16º lugar, posição que manterá até ao final do mês, depois de vitórias caseiras consecutivas contra West Ham (2-1) e Middlesbrough (4-2), duas derrotas fora de portas com Leicester City (3-1) e Manchester City (3-1), com, desta vez, Guardiola a elogiar o colega português e, chegada a 34ª jornada, uma vitória indiscutível diante do duro de roer Watford de Walter Mazzari (2-0).

    Antes de nos determos sobre o fatídico mês de maio e o jogo que deitou tudo a perder, desdobremo-nos sobre a filosofia e modelo de jogo de Marco Silva na equipa britânica.

    Ao bom estilo português, o técnico mostrou-se adaptável no sistema de jogo da equipa até em relação aos adversários que tinha pela frente, mas, sobretudo, nos primeiros tempos com três competições e um ritmo competitivo muito elevado, vimos a formação do Hull City jogar em diferentes sistemas- 3x4x3, 4x4x2, 4x2x3x1, 4x3x3.

    Quanto ao sistema, isso pode levar a confusões na cabeça do leitor e até nem é o mais importante, mas sim a forma de jogar da equipa. Voltemos então à ‘filosofia’ que Sallam primeiro admirou em Marco Silva e depois se manifestou no perfil da equipa: gosto por ter bola, por circulá-la e produzir lances de golo foi a maneira briosa que Marco Silva tentou imprimir na equipa, sem esquecer, obviamente, os momentos em que defrontou equipas muito melhores e a equipa tinha de recuar.

    A maleabilidade tática do 11 começava a partir de trás: num Jakupovic, guardião suíço que raramente compromete, à sua frente chegou a ver-se Maguire-Ranocchia-Davies ou Maguire-Dawson-Ranocchia num sistema de três centrais que projetava ora Elabdellaoui ou Elmohamady na direita, bem como Robertson na esquerda, sem descurar as ocasiões em que extremos caíam em funções de ala a formar linhas de 5, casos de Markovic ou Grosicki, por exemplo.

    Markovic foi peça importante na manobra ofensiva do Hull Fonte: Hull City
    Markovic foi peça importante na manobra ofensiva do Hull
    Fonte: Hull City

    Já numa linha de 4 defensiva, Maguire jogou quer nas duas laterais, quer a central, Ranocchia e Dawson eram parceiros geralmente na zona central e Robertson dono da lateral esquerda. No miolo, Clucas e Alfred N’Diaye, 11 e 10 nas costas, um canhoto a jogar pela meia-esquerda, outro destro a jogar pela meia-direita, um de expedita técnica inglesa quer no passe curto quer no longo, o outro a força africana a distribuir sem comprometer tecnicamente e a finalizar quer dentro quer fora da área.

    Perto dos avançados, nas suas costas, chegou a jogar Evandro ou a aparecer Clucas e N’Diaye quando a presença de Huddlestone à frente da defesa permitia a liberdade destes dois. Os extremos, Grosicki e Markovic, nas diagonais e movimentos por dentro enriqueciam o jogo interior, já Elabdellaoui ou Elmohamady jogavam mais por fora.

    Sem esquecer quando Abel Hernández e Niasse coabitavam na frente de ataque e a equipa jogava com dois pontas de lança, o primeiro mais fiável a segurar a bola para a equipa e letal a finalizar, o segundo mais esguio e a dar mais capacidade de furar nos espaços mas menos evoluído com a bola nos pés, um pouco estilo-trapalhão.

    Por outro lado, existiam as soluções alternativas que eram opções recorrentes como eram os casos de, no ataque, Diomandé ou Mbokani, nos flancos (para lateral ou extremo), Joshua Tymon, Shaun Maloney e Jarred Bowen ou, no meio-campo, David Meyler.

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    Rúben Tavares
    Rúben Tavareshttp://www.bolanarede.pt
    O futebol foi a primeira paixão da infância, no seu estado mais selvagem e pueril. Paixão desnuda. Hoje não deixou de ser paixão, mas é mais madura, aliada a outras paixões de outras idades: a literatura, as ciências sociais, as ciências humanas.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.