Os ligamentos cruzados de Payet

    O tema tem causado polémica no seio de todos os adeptos e simpatizantes do West Ham, e até mesmo alguma inquietação em todos os adeptos de futebol que, como eu, acreditam que Payet é um dos grandes valores do futebol europeu e um atrativo do futebol inglês. Por agora, a Premier League não tem contado com o francês nos relvados, e só perde por isso.

    No entanto, podemos e devemos colocar-nos no lugar do jogador, renunciando aos sentimentos e olhando ao seu futuro e afirmação no panorama europeu do futebol. Que jogador, no seu processo de ascensão enquanto atleta, se sente confortável ao atuar numa equipa que, no momento, se encontra numa posição frágil da tabela classificativa e revela, comparativamente a outras épocas, um futebol pobre, tanto em qualidade como em sentimento? É uma questão que deve ser colocada.

    Por outro lado, para um jogador que deve os melhores anos da sua carreira a este clube, parecem-me condenáveis as atitudes que tem tomado e, ainda mais, os termos em que se tem pronunciado para acentuar as suas ambições, que desencadearam o aumento da onda de ira e revolta que atravessa os adeptos do West Ham. Quanto a mim, parece-me até caricato que Dimitri Payet ameace romper os ligamentos caso não seja vendido a outro clube, e, para além disso, uma falta de respeito para com o emblema que o fez, num espaço de poucos anos, passar do Marselha para um lugar de destaque num clube da Liga Inglesa e na seleção francesa durante o campeonato Europeu. Admitindo que o jogador não fará isso caso não deixe o clube, não deixa de ser uma prova do desespero, ainda que desmedido, de Payet, em sair para maiores palcos.

    O francês parece determinado em deixar o clube Fonte: West Ham
    O francês parece determinado em deixar o clube
    Fonte: West Ham

    Devia, por isso, Payet, ter refletido um pouco mais acerca das consequências e da repercussão que as suas declarações e intenções poderiam vir (e vieram!) a ter. Além do mais, o francês decidiu demonstrá-las num momento de fragilidade do seu clube, no qual este se procura reerguer do trágico início de época, o que revela também a vertente egoísta das atitudes que o jogador tomou, não respeitando o lema tão badalado no seio dos adeptos – “Mais importante do que o nome que tens na camisola é o símbolo que carregas ao peito”. O jogador fez notar perfeitamente, que para ele, o nome continua a ser o mais importante.

    E quais serão, portanto, as medidas a tomar por parte dos responsáveis do West Ham? Estes com certeza não as tomarão de ânimo leve. Será a venda do craque a decisão mais sensata, considerando que se trata de um dos maiores ativos, se não o maior, do plantel? Poderá ser. Dada a vincada vontade de não voltar a envergar a camisola dos hammers, a direção quererá, pelo menos, fazer lucro com a sua cedência, de maneira a tirar algum proveito desta situação, e olhando ao facto de haver vários clubes interessados no jogador, e com bom poder financeiro, esta mostra-se como a medida que melhor satisfaria ambas as partes, na impossibilidade de ver Payet voltar a alinhar pela equipa.

    Mantendo-o apenas a treinar à parte dos companheiros, ou com os sub-23, como tem acontecido, pode ocorrer a instalação de um mau ambiente no balneário e o clube de Londres não aproveita nem a qualidade do jogador nas competições nem a oportunidade de encaixar vários milhões com a sua saída, até porque caso esta situação perdure por mais tempo, poderá suceder-se a desvalorização do jogador a nível de económico, pelo que a venda no imediato é, a meu ver, a medida que a estrutura do West Ham deve tomar.

    Enquanto adeptos de futebol, todos temos uma opinião sobre este tema, embora sabendo que nestes casos a resolução é sempre difícil. Quanto a nós, os que opinam, esperamos que o jogador volte a jogar o mais rapidamente possível, seja em que clube for, desde que possamos continuar a desfrutar dos seus habituais momentos de magia e de puro futebol.

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    Nuno Couto
    Nuno Coutohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família portista, o Nuno não podia deixar de seguir o legado e faz questão de ser um membro ativo na ação de apoiar o seu clube, sendo presença habitual no Estádio do Dragão, inserido na claque Super Dragões. Para ele, o futebol é quase uma terapia, visto que quando está a assistir a algum jogo se esquece de todos as preocupações. Foi futebolista federado, mas acabou por entender que o seu papel era fora das quatro linhas, e também para seguir os estudos em Novas Tecnologias da Comunicação.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.