Sinisa Mihajlovic – O errante génio de Vukovar

    O FK Vojvodina provou, no entanto, ser um emblema bastante modesto para o extraordinário talento daquele jovem de cabelo comprido e desgrenhado que tinha no pé esquerdo uma canhoneira sempre pronta a disparar. Em 1990, Mihajlovic mudou-se para Belgrado, para representar o FK Crvena Zvezda e foi ao lado de jogadores como Dejan Savicevic, Darko Pancev, Robert Prosinecki e Vladimir Jugovic, que o “Barbika” levantou a Taça dos Clubes Campeões Europeus no final dessa temporada, após derrotarem o poderoso Olympique Marseille em Bari nas grandes penalidades.

    Sinisa “Barbika” Mihajlovic ao serviço do FK Crvena Zvezda no início da década de 1990 Fonte: producciones-rsp
    Sinisa “Barbika” Mihajlovic ao serviço do FK Crvena Zvezda no início da década de 1990
    Fonte: producciones-rsp

    A passagem pelo antigos campeões europeus não foi longa e a sua mudança para a Serie A em 1992, no auge do futebol italiano, foi algo inevitável. AS Roma, Sampdoria, SS Lazio e Inter Milan foram os clubes que representou nos 14 anos que passou em Itália e foi nos Nerazzurri que terminou a sua carreira em 2006. De permeio, ficam anos de momentos inesquecíveis e marcos históricos que certamente o acompanharão durante toda a vida, como por exemplo, o facto de até 2015 ter sido o jogador que mais golos havia marcado na Serie A a partir de livres directos, algo que apenas o grande Andrea Pirlo conseguiu igualar em Abril deste ano.

    Depois de pendurar as botas há quase uma década atrás, Mihajlovic permaneceu em Milão e tornou-se treinador adjunto do Internazionale que era, curiosamente, na altura também comandado pelo Roberto Mancini. Em Novembro de 2008, Sinisa, que havia deixado os Nerazzurri uns meses antes (após Mancini ter cedido o seu lugar a José Mourinho), assumiu o leme do Bologna FC, mas a sua primeira primeira experiência como treinador principal durou pouco mais de uma mão cheia de meses, tendo abandonado o clube após uma pesada derrota caseira perante o AC Siena e por alegadamente não ter a melhor relação com algumas das “primadonnas” do emblema da Emilia-Romagna. Nos anos que se seguiram, Mihajlovic somou passagens pelo Calcio Catania, onde teve uma boa prestação e pela Fiorentina, onde apesar de muitos altos e baixos, conseguiu alguns momentos assinaláveis, sem nunca, no entanto, ter convencido os adeptos Viola, que chegaram mesmo a proferir insultos de teor racista contra o treinador sérvio, que tem origens Romani.

    Em 2012, foi nomeado selecionador da Sérvia, algo que em tempos confessou ser um sonho tornado realidade, mas mais uma vez as coisas não correram de feição e a equipa não conseguiu marcar presença no Mundial de Futebol do Brasil em 2014. As diversas quezílias com alguns jogadores, que segundo Mihajlovic sofriam de falta de empenho e ao mesmo tempo desrespeitavam a camisola que envergavam, foram talvez aquilo que precipitou o fim da sua aventura com a seleção sérvia e, em Novembro de 2013, foi apresentado como novo treinador da Sampdoria, clube pelo qual havia passado como jogador cerca de 20 anos antes.

    Foi ao serviço da Samp que Mihajlovic conheceu os melhores momentos da sua ainda jovem carreira de treinador. Ao lado do adjunto Nenad Sakic, também ele um antigo jogador do clube, Mihajlovic transformou novamente a Sampdoria num emblema de topo do futebol italiano e o fantástico início de época da Samp na temporada passada colocou definitivamente um ponto final nas dúvidas que teimavam em rodear o talento do antigo internacional sérvio como treinador principal.

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    Joel Amorim
    Joel Amorimhttp://www.bolanarede.pt
    Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.