Coletivamente, o médio-ofensivo/avançado italiano venceu o Campeonato da Europa de Sub-21 pela seleção transalpina, em 1996, frente à Espanha, numa final, em Barcelona, onde Francesco, inclusive, marcou. O outro título internacional de seleções foi o Campeonato do Mundo em 2006, na Alemanha, uma final que, curiosamente, teve resultado semelhante ao desta última, 1-1 no tempo regulamentar e vitória italiana nas grandes penalidades.
Quanto ao seu trajeto em termos de palmarés na Associazione Sportiva Roma, o seu ‘unico grande amore’, salda-se em duas Taças de Itália, consecutivas, em 2006/07, diante do Inter, numa altura em que a final se disputava a duas mãos, e em 2007/08, já com apenas um jogo e diante o mesmo adversário (2-1); duas Supertaças, em 2001, frente à Fiorentina (3-0), e em 2007, mais uma vez contra o Inter (1-0).
Escolho falar do ‘ouro’ que falta mencionar no percurso futebolístico de Totti para dar o destaque devido ao feito. O ‘scudetto’ de uma temível formação romana treinada por Fabio Capello e que, na 34ª jornada da Serie A 2000/01, recebia o Parma sabendo que, vencendo, conquistaria o terceiro ‘scudetto’ da sua história. Um trio atacante que constituía assunções absolutamente diabólicas para os seus adversários: Totti-Montella-Batistuta. “No dia 17 de junho de 2001, só queríamos que passasse mais rápido. Não aguentávamos esperar mais pelo apito final”, lembrou ontem o lendário 10 na sua epístola de amor aos romanos.
A ti, caro amante do futebol, porque não recordar o 11 inicial da Roma nesta vitória histórica na última jornada do campeonato em 2001? Homenagear essa equipa é também homenagear Totti. Aqui vamos nós. Guarda-redes: Antonioli; Defesas: Cafu-Zebina-Samuel-Antônio Carlos-Candela; Meio-campo: Emerson-Tommasi; Ataque: Totti-Montella-Batistuta.
Mas tudo o que interessa neste momento é falar de Totti. Ele que, ao todo, fez 844 jogos e 316 golos na carreira-
Caro leitor, intermediar o palmarés do italiano-lenda no texto foi escolha minha porque não considero o elemento de maior importância.
Assédio e interesse alheios nunca faltaram ao jogador, mas ele permaneceu fiel ao clube da Cidade Eterna, uma carreira inteira, de alma e coração. Os títulos, quer individuais ou coletivos, não impressionam tanto como os de outras estrelas atuais ou do passado do futebol.
Se o futebol é uma forma de falar da vida, o craque mostra-nos que é possível amar para sempre e, quando chega a hora do fim, como o próprio confessou ontem, tem-se “medo”, mas, e como há forças que superam o medo, a carta acabou com um: “amo-vos”.
Ainda bem, Francesco Totti, que nunca saíste da Roma. Não serias jamais o mesmo. É assim mesmo que vais e queremos recordar-te.
Nós, que amamos o futebol, também não podemos deixar de te amar, Francesco Totti. Os fins são subliminares (re)inícios. Abandonaste o relvado do Olimpico. Ascendeste ao consílio dos deuses do futebol. Ontem, foste o último a tocar na bola.
Totti, o novo deus da mitologia romana.
Foto de Capa: Facebook Oficial de Totti