Foi um jogo bem disputado, com um ligeiro ascendente dos homens da casa, que se viram desde cedo em desvantagem no marcador, quando o jovem Dmitri Korobov abriu a contagem para a formação do FC Ural. Os comandados de Skripchenko reagiram e o poderoso avançado bielorrusso Sergey Kornilenko marcou por duas vezes, deixando a formação de Samara em vantagem aos 65 minutos de jogo. No entanto, a festa durou pouco e aquele que poderia ter sido o começo de sonho para Vadim Skripchenko terminou num misto de desilusão e resignação, quando o antigo menino prodígio do futebol georgiano Giorgi Chanturia apontou o golo do empate a 17 minutos do final da partida.
Desta história transparece, eventualmente, o facto de FC Ural e FC Terek se encontrarem envolvidos, em duas épocas consecutivas, em jogos recheados de acontecimentos quase paranormais, com golos na própria baliza, guarda-redes apáticos, defesas perdidos no campo e uma passividade, não menos bizarra, das equipas de arbitragem. Transparece também, ou porventura até não, a aparente falta de princípios de Vadim Skripchenko, que afinal não estava tão doente assim e a sua cirurgia urgente podia bem esperar até Dezembro, após a paragem de Inverno da Liga Russa. Por outro lado, ficamos certamente a pensar, que tal como o seu companheiro Viktor Goncharenko na temporada passada, que esteve “desaparecido” em território bielorrusso nos dias que antecederam à sua desvinculação do FC Ural, Vadim Skripchenko poderá eventualmente ter visto “a sua vida a andar para trás” e tratou por isso de elaborar um plano de “fuga”, que parecesse no mínimo consistente, até se ver a salvo por terras de Samara
Algo está mal no futebol russo, e estas tristes e ao mesmo tempo rocambolescas histórias servem-se, com alguma frequência, em bandeja de prata, naquele que foi outrora uma potência do futebol mundial. Do outro lado da barricada temos, porém, os adeptos que viajam milhares de quilómetros para limpar a neve do campo e um Yuri Semin, treinador do FC Lokomotiv Moscovo, que, na partida do passado Sábado, entre o emblema moscovita e a formação do FC Anzhi, o seu antigo clube, se dirigiu no final aos adeptos que viajaram do Daguestão até à capital russa para lhes fazer uma vénia de agradecimento pelo carinho que sempre lhe deram e recebeu, em troca, aplausos e muitas palavras de afecto.