«Todos os rostos são importantes, mesmo os da equipa técnica, mas é pacífico assumir que o de Ronaldo é o que encabeça a nossa seleção. Fôssemos nós bandas de renome num festival e CR7 seria cabeça de cartaz.»
Na última edição da final da UEFA Champions League, o Real Madrid CF voltou a vencer e com ele, claro está, também Cristiano Ronaldo. O português de 33 anos já leva cinco destes troféus no seu palmarés e contribuiu de forma inequívoca para que o clube da capital espanhola vencesse o terceiro consecutivo, o 13.º do palmarés. Não é da Marvel nem da DC, mas parece. No entanto, a sua exibição na final não foi tão brilhante como na fase de grupos ou nas eliminatórias e, depois da conquista, a dúvida e confusão instalaram-se quando o craque português deixou em aberto a hipótese de rumar a outras paragens.
Surgiram, como habitual, imensas críticas a esta atitude. Segundo os analistas de sofá, o facto de CR7 não ter feito uma final brilhante fê-lo tentar roubar protagonismo ao jogador-chave daquele jogo, Gareth Bale, e atrair sobre si os holofotes. Ronaldo não suportaria, segundo os mesmos experts, que o foco não estivesse sobre ele. Tal não poderia ser mais afastado da verdade. Os comportamentos até à data do melhor jogador do mundo permitem-nos refutar estas teses de forma clara.
Cristiano Ronaldo esteve presente na maior conquista do futebol português. Em Paris, na final, a seleção viu-se privada bem cedo do seu capitão e mesmo assim venceu. Vimos a genuína capacidade de liderança de Ronaldo a surgir quando gesticulava a partir da linha lateral, como uma perfeita extensão de Fernando Santos. Aliás, esse comportamento foi largamente elogiado pelo selecionador, por todos os colegas e um pouco por cada português. Podem querer distorcer e alegar que seria mais uma forma de atrair atenção, ou então podem ver os factos como eles são e entender que mesmo de fora, Cristiano tentava dar o contributo possível.
Ainda na mesma prova, foi distinguido com a Bota de Prata, troféu atribuído ao segundo melhor marcador do Euro 2016, mas entregou-o ao colega de equipa, Nani, que encontrou a baliza pelo mesmo número de vezes (três). Se não foi este um verdadeiro gesto de agradecimento e reconhecimento pelo esforço de equipa, muito menos terá sido um roubo de atenções.
A reação de Ronaldo ao golo de bicicleta de Gareth Bale é tão genuína como a de Zidane no banco ou como a nossa em casa. É uma perfeita mistura entre surpresa e alegria partilhada por todos os colegas que felicitavam o galês por aquele pedaço de arte. Ainda assim, é possível colar uma atitude a Ronaldo que não é habitual em si. Ou pelo menos tem sido tentado à força.