Euro Sub-21’2015 – Portugal 0-0 Itália: Foi preciso despertar para não sofrer

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    Se havia dúvidas quanto à competitividade do Europeu Sub-21, elas foram dissipadas assim que Szymon Marciniak apitou para o final do Itália-Portugal, não só porque, dando por terminada, também, a 2.ª jornada da fase de grupos do torneio e que ainda nada tem decidido quanto a eliminados na competição, o árbitro polaco pôs fim a um jogo bastante bem disputado e com oportunidades de parte a parte, e com qualidade demonstrada por ambos os conjuntos, pese,  embora, o nulo no resultado.

    A Itália precisava de somar pontos sob pena de uma eventual vitória sobre a Inglaterra na 3.ª jornada ser insuficiente para garantir o apuramento para as meias-finais (algo que, agora, ainda é possível acontecer, mas apenas em caso de empate entre Portugal e Suécia), depois da displicência revelada diante da Suécia – derrota por 2-1, depois de ter estado a ganhar durante meia hora e a jogar em vantagem numérica durante mais de 50 minutos. E a verdade é que entrou determinada em remediar o mal que estava feito, pois ainda nem 20 segundos de jogo estavam decorridos e já José Sá era obrigado a aplicar-se na baliza portuguesa após remate perigoso de Benassi.

    Este lance serviu de mote para que os azurrini caissem sobre Portugal com força durante os 20 minutos iniciais, com vários roubos de bola (Berardi como nome predominante neste aspecto) à entrada do seu meio-campo e uma exploração da passividade defensiva nacional, nomeadamente nas alas, onde ressalvou uma certa desconcentração a nível técnico (passes errados) e táctico (Raphael Guerreiro e Ricardo Esgaio foram apanhados fora de posição várias vezes, com os italianos a aproveitarem esse espaço para criar perigo).

    A toada manteve-se mas foi acalmando e desaparecendo gradualmente até final da primeira parte, com a equipa nacional a praticar um futebol mais apoiado na saída para o ataque e, por isso, com menos risco de perda de posse. William Carvalho e Bernardo Silva estiveram particularmente bem neste particular e foram fundamentais para que o resto da primeira parte se desenrolasse com maior tranquilidade, verificando-se mesmo uma inversão no domínio do jogo, com a selecção lusa a ter duas oportunidades de perigo até final (Esgaio e João Mário estiveram perto do golo), contra uma da selecção italiana – Zappacosta ganhou as costas a Raphael Guerreiro e, num cruzamento rasteiro, quase forçava um auto-golo de Sérgio Oliveira.

    A seleção de Sub-21 está perto da próxima fase da competição: Fonte: Facebook 'Seleções de Portugal'
    A seleção de Sub-21 está perto da próxima fase da competição:
    Fonte: Facebook ‘Seleções de Portugal’

    A segunda parte começou quase como a segunda – Belloti, na resposta a um cruzamento, antecipou-se a José Sá e cabeceou à barra da baliza defendida pelo guarda-redes do Marítimo, um lance que deu energia para que o o domínio italiano e prolongasse por mais 20 minutos. Mas desta vez, Portugal estava avisado e foi controlando a fúria italiana, ao mesmo tempo que se dotava de novas opções no ataque (entrou Gonçalo Paciência saiu Rafa, que, com Carlos Mané, substituiu a dupla Ricardo Pereira/Ivan Cavaleiro no ataque). A Itália ainda conseguiu criar perigo – mais uma vez Zappacosta conseguiu fugir a Raphael Guerreiro para espalhar o pânico -, mas com um mágico a tomar as rédeas da organização ofensiva da seleção portuguesa (Bernardo Silva) e um gigante (Gonçalo Paciência) que deu a Portugal a dimensão física inexistente e necessária para criar perigo, tornou-se mais fácil domar “as feras”… aliás, quase que estas eram derrubadas graças à acção destes dois – Bernardo Silva esteve perto do golo após iniciativa individual e Gonçalo Paciência foi importante para que Iuri Medeiros e Carlos Mané tivessem a oportunidade de colocar um pé nas meias-finais, mas estes não aproveitaram os lances que o ponta-de-lança do FC Porto conseguiu proporcionar graças à sua dimensão física.

    Portugal terminou, assim, o encontro, em cima da Itália, embora tenha apanhado um susto, no final do encontro – Biraghi aproveitou o espaço deixado entre Paulo Oliveira e Ricardo Esgaio e, isolado, perante José Sá, tremeu e deixou que o guarda-redes nacional agarrasse um ponto para as cores lusas.

    Um ponto suado, mas justo, pelo adormecimento português no início de ambas as partes do encontro, e que deixa Portugal em boa posição para se qualificar para as meias-finais – basta um empate frente à Suécia e até a derrota pode ser suficiente em caso de empate no Inglaterra – Itália. Foi preciso despertar para não se encarar o último jogo da fase de grupos com maior pressão e sofrimento.

    A Figura:

    Berardi e Bernardo Silva: O primeiro esteve sempre desperto para o jogo, espreitando qualquer oportunidade (vulgo passe falhado) para procurar criar perigo, contagiando a equipa nos momentos de maior aperto da defesa portuguesa.

    O segundo foi o motor ofensivo da selecção portuguesa. Sairam dos pés do 15 do Mónaco os rasgos individuais que permitiram Portugal respirar melhor na primeira parte (Esgaio e João Mário criaram perigo graças a lances “inventados” por ele), e foi ele o responsável maior pelo facto de a bola ter passado mais tempo no meio-campo italiano durante a segunda parte.

    O Fora-de-Jogo:

    Raphael Guerreiro: Muito do perigo que a Itália criou passou pelo lado direito do seu ataque, impulsionado, sobretudo, por Zappacosta, que teve em Raphael Guerreiro um adversário passivo, desconcentrado e, frequentemente, desposicionado. É certo que Sérgio Oliveira pode não ter dado a cobertura que, tacticamente, se exigiria, ao flanco esquerdo, mas a forma como a Itália o explorou deve-se muito mais ao dia mau do lateral luso do que propriamente às falhas pontuais do médio do FC Porto.

    Momento do jogo: 

    Entrada de Gonçalo Paciência: Veio reequilibrar um capítulo no qual Portugal estava a ser goleado – físico – e que esteve na génese de muitas bolas perdidas. Gonçalo veio dar robustez e soluções diferentes ao ataque nacional e foi muito por causa da sua entrada que o jogo se tornou mais tranquilo para a selecção nacional, pois também foi capaz de pressionar, eficientemente, a saída de bola dos italianos.

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    Enquanto a França se sagrava campeã do mundo de futebol em casa, o pequeno Pedro já devorava as letras dos jornais desportivos nacionais, começando a nascer dentro dele duas paixões, o futebol e a escrita, que ainda não cessaram de crescer.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.