Um dos feitos de maior relevo na história do nosso futebol foi alcançado no verão do ano de 2016 e jamais será esquecido por todos os europeus devido à sua imprevisibilidade e, ao mesmo tempo, justiça poética. Foram anos a fio de equipas nacionais recheadas de nomes sonantes e expetativas elevadas que resultaram sempre em desilusão e a vitória apanhou todos de surpresa. Todos menos o plantel e o selecionador que afirmam ter acreditado sempre. Passado mais de um ano, o que mudou na carreira destes intervenientes que para sempre recordaremos com orgulho?
“Fernando Santos, o engenheiro” continua a comandar a seleção nacional e conduziu-a à fase final do Campeonato do Mundo do próximo verão. Colhe confiança e carinho de todo o lado; da parte do presidente da FPF (Federação Portuguesa de Futebol), da parte de todo o plantel, seja ele o mesmo ou modificado, e da parte dos portugueses que vibram com a Seleção como não faziam desde 2004. É, portanto, uma figura consensual no futebol nacional. O mesmo não se aplica ao plantel que disputou a fase final desse Campeonato da Europa no ano passado. Se alguns jogadores subiram de rendimento e se afirmaram nas suas equipas, outros, por variadas razões, perderam algum espaço ou notoriedade.
Partindo do onze inicial da final de Paris, e começando pela baliza, o que mais haverá a dizer sobre o guardião do torneio? Rui Patrício superou, para isso, o alemão Manuel Neuer… A qualidade de Patrício é inegável e o argumento de que precisa de sair para outra liga para se afirmar é débil. É verdade que alcançou poucos títulos pelo Sporting CP, mas se os leões os disputam até ao fim devem-no a “São Patrício”, grande parte das vezes. O capitão leonino continua em grande forma e não vê ameaças para as balizas da Seleção e de Alvalade. Que assim continue por muitos anos!
A dupla de centrais desse glorioso dia foi formada por José Fonte e Pepe. O primeiro transferiu-se ainda na época passada do Southampton FC para o West Ham FC e tem sido fundamental para a recuperação que os Hammers têm vindo a operar depois de um início menos positivo na Primeira Liga Inglesa. O segundo abraçou um novo desafio nesta época. Deixou os campeões espanhóis do Real Madrid CF, onde parece ter deixado saudades, e foi assentar que nem uma luva nos turcos do Besiktas JK, onde é peça essencial na brilhante campanha por eles realizada na Liga dos Campeões.
Os laterais Cédric Soares e Raphael Guerreiro completam o quarteto defensivo. Soares continua no Southampton FC e tem contribuído para o início de época ora atribulado, ora tranquilo dos Saints. Guerreiro mantém-se no BV Borussia Dortmund, onde aproveita o enorme crédito conseguido junto dos adeptos, mas este início de época tem sido particularmente atípico para si e para a sua equipa, que ainda procura o melhor momento de forma.
O centro do terreno coincidiu com a zona de maior indecisão, segundo uns, ou rotatividade, segundo outros. No dia da final, entraram de início perante 75868 espetadores William Carvalho, João Mário, Adrien Silva e Renato Sanches. Os três primeiros eram, na altura, médios leoninos. Foi uma decisão inteligente por parte do selecionador recorrer a três elementos que estavam rotinados e se conhecem entre si para uma fase tão importante de uma competição.