Sub21: Portugal 2-0 Hungria: Estes miúdos só sabem ganhar!

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    A selecção portuguesa de sub-21 venceu. Outra vez. Já é um hábito. Na verdade, com Rui Jorge ao leme só a Rússia conseguiu derrotar Portugal. E foi já há muito tempo, no longínquo ano de 2011. Depois de uma qualificação imaculada para o Euro 2015 e de uma brilhante fase final, onde o título escapou por muito pouco e de forma inglória, Portugal entrou nesta qualificação para o Euro 2017 com uma importante vitória em casa da Albânia por 1-6. Hoje, em Penafiel, a turma de Rui Jorge voltou a imprimir bastante qualidade ao seu jogo e somou os três pontos com justiça e autoridade.

    A equipa que hoje entrou em campo foi, grosso modo, a mesma do último jogo. João Cancelo entrou para o lugar do lesionado Mauro Riquicho na lateral direita da defesa, Gonçalo Paciência substituiu o malogrado André Silva (autor de um hat-trick na jornada anterior) na frente de ataque e Carlos Mané foi rendido por Iuri Medeiros no onze. De resto, o guarda-redes Bruno Varela (sem jogos oficiais esta época pelo Valladolid) voltou a merecer a confiança do seleccionador; Tobias Figueiredo e Edgar Ié emparelharam-se no eixo central da defesa (Ruben Vezo, que tem sido titular no Valência, ficou no banco); Rafa e Bruma formaram a asa esquerda da equipa e o meio-campo, composto por Ruben Neves, Rony Lopes e o capitão Bruno Fernandes, também não sofreu alterações.

    A ideia de jogo manteve-se: futebol ofensivo, de posse e com várias trocas posicionais no ataque e pressão alta e entreajuda no momento de defender. A chave do jogo esteve no miolo: Ruben Neves, o esteio do meio-campo, voltou a revelar toda a sua maturidade técnica, táctica e emocional e apresentou-se como uma das mais determinantes unidades do onze de Rui Jorge. Com ele a pautar o jogo desde trás, Bruno Fernandes e Rony Lopes puderam dar largas à sua criatividade e desequilibrar a partir da zona central. Iuri Medeiros e Bruma não agitaram tanto o jogo como se esperava (por isso foram os primeiros a sair) e por isso pode dizer-se que foram aqueles dois – Bruno e Rony – os mais perigosos e influentes da equipa das Quinas.

    Durante a primeira parte, a Hungria dispôs de uma única boa oportunidade para marcar, num lance de génio de László Kleinheisler, mas pouco mais conseguiu do que equilibrar um pouco as coisas em alguns períodos. Portugal dominou claramente a partida e, mesmo claudicando várias vezes na tomada de decisão no último terço (mais passes falhados do que o costume), teve uma mão cheia de ocasiões de perigo que desaproveitou. O único golo chegou do inevitável Bruno Fernandes, capitão de equipa, que disparou para o fundo das redes aos 35’. Um prémio justo para aquele que estava a ser – e que acabou por ser – o melhor jogador em campo.

    No segundo tempo, a toada manteve-se. Os húngaros subiram ligeiramente as suas linhas no regresso dos balneários e procuraram discutir o resultado, mas uma brilhante jogada colectiva de Portugal, finalizada por Gonçalo Paciência, atirou por terra as aspirações magiares. Aos 56’, Cancelo lançou Rony Lopes ainda no meio-campo português, o luso-brasileiro progrediu com a bola controlada, tabelou com Bruma e, já dentro da área, deu a Rafa, que cruzou rasteiro para o remate fácil do ponta-de-lança emprestado pelo FC Porto à Académica. Estava feito o 2-0.

    Gonçalo Paciência voltou a marcar com a camisola das Quinas  Fonte: Getty Images
    Gonçalo Paciência voltou a marcar com a camisola das Quinas
    Fonte: Getty Images

    Com o segundo golo, Portugal geriu os ritmos de jogo, expôs-se pouco ao erro e ainda dispôs de algumas ocasiões para chegar ao terceiro. Não deslumbrando, controlou. Rui Jorge refrescou as alas, fazendo entrar Ricardo Horta e Gonçalo Guedes (primeira internacionalização sub-21) para os lugares de Iuri Medeiros e Bruma e reforçou o meio-campo com a entrada de Raphael Guzzo, segurando assim a merecida e natural vantagem no marcador.

    Portugal continua um trajecto soberbo neste escalão à custa das muitas e muito boas soluções para todos os sectores do terreno, mas também devido à capacidade de liderança de Rui Jorge, capaz de implementar vários sistemas de jogo (o 4-3-3 com André Silva ou Gonçalo Paciência na frente utilizado nestes dois últimos encontros nada tem que ver com o 4-4-2 losango com falsos avançados utilizado no Euro 2015) e de “espremer” os nossos jovens valores ao máximo, exigindo sempre deles uma atitude séria e uma entrega sem limites, indispensáveis para o sucesso. Hoje saiu de Penafiel com seis pontos na bagagem e confiança redobrada para a deslocação à Grécia na próxima terça-feira.

     

    A Figura

    Bruno Fernandes – Foi o dínamo da selecção nacional. Envergando a braçadeira de capitão, mostrou clarividência na grande maioria das decisões de tomou, e revelou o espírito combativo a que nos habituou. Funcionou como verdadeiro box-to-box, ora apoiando Ruben Neves em missões ofensivas, ora aparecendo na área adversária para atirar à baliza ou endossar um último passe, e mostrou que tem as características necessárias para render em posições centrais (apareceu na Udinese como extremo, hoje joga como médio interior). Também Ruben Neves e Rony Lopes estiveram em destaque – como disse, o meio-campo foi crucial nesta vitória -, mas Bruno Fernandes merece a eleição, até pelo golo que assinou.

    O Fora-de-Jogo

    Bruma e Iuri Medeiros – Muito longe de terem tido desempenhos desastrosos, acabaram por não ser tão preponderantes como deveriam ter sido e como já foram em ocasiões anteriores. O luso-guineense falhou demasiados passes, o açoriano nunca foi capaz de encontrar espaços para o seu poderoso remate. Sendo esta uma das posições com mais concorrência, é provável que Rui Jorge lance um outro extremo como titular na Grécia.

     

    Foto de Capa: Facebook das Seleções Nacionais de Portugal

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    Francisco Manuel Reis
    Francisco Manuel Reishttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pela escrita, o Francisco é um verdadeiro viciado em desporto. O seu passatempo favorito é ver e discutir futebol e adora vestir a pele de treinador de bancada.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.