Hungria 0-3 Portugal: Um resultado que não espelha o sofrimento

    A CRÓNICA: RETA FINAL DE LOUCOS DETERMINANTE

    Em Budapeste, perante um Arena Puskás totalmente lotado, Portugal enfrentou um clima adverso na estreia na competição e sentiu dificuldades para marcar durante grande parte do encontro, mas a reta final verdadeiramente de loucos permitiu um triunfo diante da “caseira” Hungria por três bolas a zero.

    O conjunto húngaro apresentou-se, como seria de esperar, na expectativa. Portugal apoderou-se da bola, assumiu o domínio do jogo e, com muita paciência, foi procurando furar a defensiva adversária. Logo ao minuto cinco, Diogo Jota foi o primeiro a assustar Gulácsi, ao que se seguiu uma tentativa de Cristiano Ronaldo (apanhado entretanto em fora de jogo). Após meia hora jogada no meio-campo da Hungria, a equipa de Marco Rossi apenas ao minuto 37 chegou com perigo à baliza de Rui Patrício, num cabeceamento de Adám Szalai após uma bola parada. Até ao intervalo, Jota voltou a visar o alvo e Ronaldo desesperou com um falhanço, numa altura em que já se justificaria a vantagem lusa.

    O segundo tempo até abriu com um cabeceamento de Pepe a dar trabalho a Gulácsi, mas a equipa das Quinas acabou por facilitar espaço ao adversário, que testou as luvas de Rui Patrício por duas ocasiões, primeiro por Ádám Szalai e depois por Roland Sallai. Bruno Fernandes respondeu com um potente remate de fora da área, mas Portugal sentiu muitas dificuldades em ligar o jogo e até viu um remate do recém-entrado Szabolcs Schön entrar na baliza ao minuto 80.

    A verdade é que foi preciso esse conjunto de “sustos” para Portugal acordar e chegar, finalmente, ao golo. Que reta final de loucos! A meia dúzia de minutos do fim, Raphaël Guerreiro apareceu à entrada da área e inaugurou o marcador, com a ajuda de um desvio em Willi Órban.

    Logo a seguir, sem tempo para respirar, Rafa arrancou uma grande penalidade cometida pelo mesmo central e Cristiano Ronaldo encarregou-se de sentenciar as dúvidas. Já em tempo de descontos, o capitão da seleção portuguesa aproveitou ainda para bisar perante a passividade defensiva, novamente com Rafa em destaque. Com este triunfo, Portugal estreia-se no Euro 2020 com um triunfo importante, mas terá de melhorar muitos aspetos para sonhar com a reconquista da prova.

     

    A FIGURA

    Rafa Silva – Dificilmente se poderia imaginar que um jogador que entrou a vinte minutos do fim pudesse ser a figura do jogo, mas a verdade é que Rafa Silva esteve envolvido nos lances que originaram os três golos nos últimos minutos do encontro e a sua entrada acabou por ser preponderante neste desfecho. Assistiu Raphaël Guerreiro para o primeiro golo, conquistou a grande penalidade cobrada por Ronaldo e ainda assistiu CR7 no lance que fixou o 0-3 final. Inesperado, mas com mérito total ao mexer com o jogo desta forma.

    O FORA DE JOGO

    Attila Fiola – Exibição fraca do número cinco da Hungria. A atuar na lateral esquerda, Attila Fiola apenas por uma ou duas vezes conseguiu conduzir a bola, sem que daí surgisse qualquer lance de perigo. No capítulo defensivo, cometeu diversos erros e não conseguiu impedir que boa parte dos cruzamentos de Portugal surgisse no seu corredor. Além disso, contabilizou duas mãos cheias de perdas de bola, algumas delas difíceis de explicar a tamanha passividade.

     

    ANÁLISE TÁTICA – HUNGRIA

    Como seria de esparerar, Marco Rossi alinhou a equipa num 3-5-2, com os laterais Fiola e Lovrencics subidos nas raras tentativas de construção, sendo que no momento defensivo acabavam por formar uma sólida linha de cinco (em 5-3-2) constituída ainda por Botka, Órban e Attila Szalai no eixo da defesa. No meio-campo, a posição estratégica de Ádám Nagy permitia libertar espaço para os médios Schäfer e Kleinheisler e, através de passes longos, tinha a possibilidade de solicitar os avançados Sallai e Ádám Szalai – este último como referência para corresponder a cruzamentos e com maior capacidade para segurar a bola.

    A estratégia era clara: manter um bloco médio-baixo, esperar que a equipa das Quinas subisse no terreno e, ao mínimo erro, tentar sair em transição rápida ou através de um jogo mais direto, com passes longos para as costas da defensiva portuguesa. Contudo, nas recuperações de bola, a seleção da Hungria não conseguiu dar o devido seguimento durante o primeiro tempo e rapidamente perdia a posse.

    Porém, no segundo tempo, face a alguns desacertos no modelo de jogo de Portugal, a Hungria arriscou e levou a bola até ao último terço por várias ocasiões, contrariamente ao que se tinha sucedido no segundo tempo. Chegou a assustar, é certo, mas depois de sofrer o primeiro golo, acabou por se desconcentrar por completo e permitir que o resultado se avolumasse.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Péter Gulácsi (7)

    Endre Botka (5)

    Willi Orbán (5)

    Attila Szalai (6)

    Atrila Fiola (4)

    András Schäfer (6)

    Ádám Nagy (6)

    László Kleinheisler (5)

    Gergö Lovrencsics (5)

    Roland Sallai (6)

    Ádám Szalai (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Loic Négo (6)

    Szabolcs Schön (6)

    Dávid Sigér (5)

    Roland Varga (-)

    Kevin Varga (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – PORTUGAL

    Fernando Santos montou a sua equipa em 4-2-3-1, com particular destaque para o duplo pivot formado por William Carvalho e Danilo Pereira – dois médios com características defensivas e que, em condições normais, teriam capacidade para libertar da pressão os jogadores da frente, principalmente Bruno Fernandes e Bernardo Silva. No setor mais recuado, face à ausência de João Cancelo, Nélson Semedo atuou do lado direito de um quarteto defensivo composto ainda por Raphaël Guerreiro e os centrais Pepe e Rúben Dias à frente da baliza defendida por Rui Patrício.

    Perante a estratégia do adversário, Portugal foi sentindo algumas dificuldades em ultrapassar as linhas montadas por uma Hungria muito à defesa. Neste contexto, a presença de dois trincos (que recuperaram bastantes bolas) acabou por ser um obstáculo ao processo de construção a partir de trás, retirando alguma criatividade a Bruno Fernandes e espaço de criação a Bernardo Silva. Ainda assim, quando Portugal aproveitava as descoordenações da Hungria, a bola tendia a levar perigo à baliza de Gulácsi,

    No segundo tempo, a toada do jogo mudou e Portugal passou por alguns períodos mais complicados sem iniciativa e de pura desorientação, com os cruzamentos a serem praticamente todos mal tirados. As substituições só apareceram nos últimos 20 minutos e essa demora também parecia encurtar as aspirações portuguesas, mas entre o minuto 84’ e o apito final tudo mudou. Porém, Rafa trouxe mais discernimento ao jogo e protagonizou ações decisivas para o desfecho, mesmo sem ter marcado.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Rui Patrício (7)

    Raphaël Guerreiro (8)

    Pepe (7)

    Rúben Dias (7)

    Nélson Semedo (7)

    William Carvalho (7)

    Danilo Pereira (7)

    Bernardo Silva (6)

    Bruno Fernandes (7)

    Diogo Jota (6)

    Cristiano Ronaldo (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Rafa Silva (9)

    Renato Sanches (7)

    André Silva (6)

    João Moutinho (-)

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    Miguel Simões
    Miguel Simõeshttp://www.bolanarede.pt
    Já com uma licenciatura em Comunicação Social na bagagem, o Miguel é aluno do mestrado em Jornalismo e Comunicação, na Universidade de Coimbra. Apaixonado por futebol desde tenra idade, procura conciliar o melhor dos dois mundos: a escrita e o desporto.                                                                                                                                                 O Miguel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.