Países Baixos 3-2 Ucrânia: “Laranja” cada vez mais mecânica

    A CRÓNICA: JOGO DE LOUCOS COM FRIEZA DOS PAÍSES BAIXOS À MISTURA

    O duelo entre Países Baixos e Ucrânia prometia ser um dos mais interessantes de acompanhar até ao momento desde o arranque da competição. Enquanto os Países Baixos pareciam aos pouco regressar aos bons momentos de outros anos, a Ucrânia terminou a fase de qualificação sem derrotas e deixou água na boca aos adeptos europeus.

    Como se esperava, a partida começou frenética, com as duas seleções a jogarem a um ritmo intenso. Talvez imbuída pelo facto de jogar em casa, os Países Baixos entraram a todo o gás nos primeiros minutos, tendo somado oportunidades atrás de oportunidades.

    De um modo geral esta foi a história de toda a primeira parte. Uns Países Baixos mais “mandões” no jogo e sempre muito mais perigosos que os adversários. Ia valendo a falta de pontaria dos laterais e médios holandeses e a grande exibição que Georgiy Bushchan ia fazendo. Tudo a zeros ao intervalo.

    O golo dos Países Baixos que tanto se previa chegar, apareceu no arranque da segunda parte, quando nem ainda havia 10 minutos jogados. Jogada de perigo pelo corredor direito, que Giorginio Wijnaldum finalizou com toda a classe. Poucos minutos volvidos, os holandeses ampliaram a vantagem, por Wout Weghorst. Destaque para a criação da jogada novamente pelo corredor direito.

    O jogo parecia completamente controlado pela seleção da casa, até que, aos 75 minutos, Yarmolenko, dotado de um belíssimo pé esquerdo apontou uma verdadeira obra-de-arte e relançou a partida. Partida que aos 78 minutos fica de novo empatada. Cruzamento de livre de Malinovskyi e resposta certeira de Roman Yaremchuk, que corou uma com golo uma exibição de gala. Qualidade não lhe falta.

    A reação dos Países Baixos foi pronta e a cinco minutos do fim, nova vantagem no marcador, por Denzel Dumfries.  Se o lateral foi destaque na primeira parte, por ter falhado a concretização de várias oportunidades, acabou mesmo por dar a vitória à sua seleção.

    Assistimos, sem grandes dúvidas, ao melhor jogo deste Europeu até ao momento. Que 90 minutos deliciosos de acompanhar. Como este, venham mais!

    A FIGURA

    Corredores laterais dos Países Baixos – Apesar do resultado, a exibição holandesa não merece grande contestação. Vergar uma seleção como a ucraniana de forma tão imponente revela um trabalho bastante coeso e sólido em toda a linha por parte da “Laranja Mecânica”. A reação ucraniana ainda assustou, mas não fez tremer a comitiva “laranja”. Esta é uma equipa que revela um vasto leque de opções: quando não conseguem explorar o meio de forma criativa, atacam sem medos pelos laterais, que sobem, oferecendo profundidade, jogadas de perigo e… golos!

     

    O FORA DE JOGO

    Defesa da Ucrânia – Apesar da gigante exibição de Georgiy Bushchan, guarda-redes ucraniano, a passividade da defesa foi gritante. Se nos momentos ofensivos a equipa tentava expressar-se com alguma qualidade e critério, defensivamente nunca conseguiu controlar as investidas do adversário, principalmente pelos corredores laterais. Os erros pagam-se caros e quando falamos em fases finais de Europeus, o preço inflaciona ainda mais.

    ANÁLISE TÁTICA – PAÍSES BAIXOS

    A seleção da casa, orientada por Frank De Boer, apostou num 3-5-2. Neste sistema era por demais evidente a exploração das subidas dos laterais, que bem cedo na partida originaram algum perigo na baliza contrária. Quando não era em ataque organizado, estas subidas eram solicitadas frequentemente de forma direta pelos três defesas-centrais.

    Do trio de médios, Frenkie de Jong e Marten de Roon, eram aqueles que mais vezes baixavam para criar, principalmente o primeiro. Giorginio Wijnaldum procurava sair do meio para explorar espaço nas laterais ou colar-se junto aos avançados em movimentos de rutura.

    Os dois avançados não podiam ter características mais distintas. Enquanto Memphis Depay, estrela maior do conjunto laranja, tinha mais liberdade para se movimentar no ataque, Wout Weghorst, bem mais físico, funcionava como referência para cruzamentos, que não abundaram, ou bolas para a área. O aparente desaparecimento deste avançado explica-se pelo facto de os Países Baixos terem tentado chegar sempre com perigo através da troca de bola e da desmarcação dos laterais em zonas mais subidas. Na segunda parte as ocasiões de perigo na área adversária aumentaram e finalmente vimos o avançado do VfL Wolfsburgo em ação.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Maarten Stekelenburg (6)

    Patrick van Aanholt (6)

    Daley Blind (6)

    Stefan de Vrij (7)

    Jurriën Timber (6)

    Denzel Dumfries (8)

    Frenkie de Jong (7)

    Georginio Wijnaldum (8)

    Marten de Roon (6)

    Memphis Depay (6)

    Wout Weghorst (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Owen Wijndal (6)

    Nathan Aké (5)

    Luuk de Jong (-)

    Joel Veltman (-)

    Donyell Malen (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – UCRÂNIA

    Andriy Shevchenko, treinador ucraniano, apostou num 4-3-3 para fazer frente ao adversário. A dúvida pairava sobre a posição de Zinchenko, lateral esquerdo com capacidade de jogar pelo meio, que podia fazer alterar o esquema tático.

    A verdade é que Zinchenko jogou sempre pelo meio, ao lado de Ruslan Malinovskyi e Sergiy Sydorchuck. As ocasionais trocas sistémicas surgiam pelos movimentos de recuo dos extremos, que sentiam a necessidade de baixar no terreno para oferecer soluções na saída de bola ucraniana, desfazendo o 4-3-3 clássico por momentos. Roman Yaremchuk foi um dos elementos em maior evidência do lado Ucraniano. Era muito solicitado em ataques rápidos e principalmente nos momentos em que a equipa não conseguia sair a jogar a partir de trás.

    O jogo começou difícil para a equipa forasteira, que sentiu bastantes dificuldades em conter o ímpeto inicial da Holanda. Volvidos os primeiros minutos, a seleção de leste tentou ter mais posse e controlar melhor o jogo, ainda que sem grande sucesso. Sofreu golos, reagiu e empatou mas voltou a sentir debilidades pelos corredores laterais, que se revelaram letais e decisivos para o desfecho final.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Georgiy Bushchan (8)

    Oleksandr Karavaev (6)

    Ilya Zabarnyi (6)

    Mykola Matviyenko (5)

    Vitaly Mykolenko (4)

    Oleksandr Zinchenko (6)

    Andriy Yarmolenko (8)

    Sergiy Sydorchuk (5)

    Ruslan Malinovskyi (6)

    Oleksandr Zubkov (-)

    Roman Yaremchuk (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Marlos (4)

    Mykola Shaparenko (5)

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    Gabriel Henriques Reis
    Gabriel Henriques Reishttp://www.bolanarede.pt
    Criado no Interior e a estudar Ciências da Comunicação, em Lisboa, no ISCSP. Desde cedo que o futebol foi a sua maior paixão, desde as distritais à elite do desporto-rei. Depois de uma tentativa inglória de ter sucesso com os pés, dentro das quatro linhas, ambiciona agora seguir a vertente de jornalista desportivo.