Suíça 3-1 Turquia: Helvéticos respondem às críticas, turcos caem com estrondo

    A CRÓNICA: VITÓRIA TÁCTICA DEIXA SUÍÇA CONFIANTE NA PASSAGEM AOS OITAVOS

    Com tudo por jogar para as duas equipas na última jornada do Grupo A, ambos os treinadores promoveram mudanças no onze inicial. Apenas a vitória interessava à Suíça e Turquia, que com um e zero pontos, respectivamente, tentavam alcançar os pontos suficientes para se manterem na discussão por um lugar nos oitavos de final.

    Yann Sommer abandonou temporariamente a concentração suíça para assistir ao nascimento da segunda filha, mas regressou a tempo de assumir a titularidade entre os postes. Fabian Schär e Kevin Mbabu, até aqui primeiras escolhas para o treinador Vladimir Petković, cederam lugar a Steven Zuber e Silvan Widmer, com o trio ofensivo Shaqiri/Embolo/Seferović a permanecer intocável.

    Na Turquia, três alterações relativamente ao onze inicial da derrota com o País de Gales. O lesionado Umut Meraş dava lugar a Mert Müldür no lado esquerdo da defesa, com Okay Yokuşlu e Kenan Karaman a perderem lugar para Merih Demiral e İrfan Can Kahveci, respectivamente, por opção do treinador Şenol Güneş.

    A Turquia até entrou melhor nos primeiros minutos de jogo, incentivada pelos cerca de 20 mil adeptos turcos nas bancadas do Estádio Olímpico de Baku, mas foi mesmo a Suíça a abrir o marcador à viragem do minuto cinco. Haris Seferović dispara forte e cruzado de pé esquerdo após jogada de insistência da Suíça, sem hipótese para Çakır e abrindo, assim, a sua contabilidade individual no Euro 2020.

    Com a vantagem assegurada, a Suíça ia pressionando alto e travando logo a meio campo as investidas turcas, que apostava sobretudo na saída pelas alas. A Turquia, por sua vez, tentava assumir o controlo da posse de bola e ia criando oportunidades de golo (remate perigoso de Müldür aos 15 minutos para boa defesa de Sommer). No entanto, o segundo golpe da Suíça chegou ao minuto 25 pelo contestado Shaqiri, a mostrar toda a sua técnica e o porquê da insistência de Petković ao disparar um remate indefensável de fora de área. Novamente assistência de Zuber a causar problemas entre a faixa esquerda e o centro do ataque suíço, ele que se ia tornando na figura dos primeiros 45 minutos de jogo.

    Sem resposta para a qualidade helvética, a Turquia via Shaqiri perder oportunidade de ouro para o 3-0, dois minutos depois, com Çakır a fazer uma boa intervenção. Müldür era o mais inconformado dos turcos, com novo remate colocado à entrada da área, ao qual Sommer respondeu mais uma vez com categoria. O jogo ia ficando partido, sem períodos extensos de posse por parte de qualquer uma das equipas, e exemplo disto foi o minuto 42: remate de Seferović, bloqueado corajosamente por Söyüncü, e, logo na resposta, Sommer a levar de vencida o terceiro duelo com Müldür, após grande arrancada individual do lateral turco. O intervalo chegava, então, com vantagem sólida para a Suíça, mas a Turquia parecia determinada a defender a sua honra no torneio durante a segunda parte.

    O jogo recomeçou sem alterações no alinhamento das duas equipas e com um perfil semelhante ao final da primeira parte – posse de bola equilibrada, mas de curta duração, com a Turquia a procurar mais o jogo directo para Yılmaz e a Suíça a construir com passes curtos e mais pela faixa esquerda. Aos 51 minutos, grande defesa de Çakır a remate de Embolo, após saída rápida, desta vez pela direita. Período de mais posse de bola para a Suíça e com uma Turquia aparentemente resignada ao seu destino, lenta nos processos e sem pressionar no momento defensivo, a equipa de Petković ia criando oportunidades como um bom remate de Seferović aos 60 minutos, desviado para canto por Çakır.

    No entanto, um momento de inspiração, logo de seguida proveniente do pé esquerdo de Kahveci, traz a Turquia de volta ao jogo. Remate à entrada da área, indefensável para Sommer, a reduzir o marcador para 2-1 e encorajar o treinador Şenol Güneş a fazer uma dupla substituição, predominantemente ofensiva, e ir em busca de um resultado mais positivo. O jogo voltava a animar, com a Suíça a tentar responder de imediato, mas a Turquia a mostrar-se mais concentrada e activa, tentando finalmente assumir o controlo da posse.

    Aos 68 minutos, porém, novo balde de água fria para os adeptos turcos em Baku. Shaqiri finaliza de pé esquerdo uma saída rápida, novamente pela esquerda e que deu a Zuber o seu hat-trick de assistências. Sem dúvida a dupla em evidência, até então, na partida. Com o 3-1 alcançado, Petković tenta refrescar a equipa e manter a positividade no jogo com a entrada do avançado Mario Gavranović e do médio Ruben Vargas, para os lugares de Seferović e do influente Shaqiri. Pouco depois, Xhaka dispara um livre à entrada da área ao poste esquerdo da baliza turca e Cengiz Ünder responde com um tiro de pé esquerdo que sai pouco por cima da baliza de Sommer.

    Mais duas substituições ofensivas por parte da Turquia à entrada dos últimos dez minutos, com o jovem médio Orkun Kökçü a render o marcador do golo turco Kahveci, e o avançado Kenan Karaman a entrar para o lugar do, algo apagado, Ünder. Com pouco mais de cinco minutos por disputar, Petković responde ao fazer entrar o lateral esquerdo (ex-Benfica) Loris Benito para o lugar de Zuber, e uma troca directa entre Embolo e Mehmedi no ataque. Dorukhan Toköz entra também para o lugar de Çalhanoğlu, mas nenhuma das novas unidades da Turquia consegue mexer o suficiente com o jogo para visar a baliza de Sommer com perigo, à parte de uma boa oportunidade resultante de um canto ao minuto 89. Petković ainda faz entrar Kevin Mbabu por Widmer para queimar alguns segundos, e o apito final chega com o resultado inalterado.

    A vitória da Suíça por 3-1 e os quatro pontos alcançados deixam os helvéticos com boas possibilidades de prosseguir na competição, aguardando a ordem final dos melhores terceiros lugares dos seis grupos – a Itália passa em primeiro com a pontuação máxima (nove pontos) e o País de Gales (também com quatro pontos) assegura o segundo posto no confronto directo. Já a Turquia, apontada por alguns como um candidato outsider a ir longe na fase final do Euro, cai na fase de grupos com estrondo: último lugar, zero pontos, um golo marcado e oito sofridos.

     

    A FIGURA

    Vladimir Petković – O treinador da Suíça traçou a estratégia de jogo de forma perfeita e deixou as individualidades de Shaqiri (o maestro), Zuber (o irreverente) e Seferović (o imperturbável) sobressair. A decisão de baixar Rodríguez para defesa central, para o lugar de Schär, e acrescentar Zuber na faixa esquerda culminou em três assistências para Zuber e uma química de jogo cuja única mancha foi o momento individual de Kahveci.

    Crédito pela escolha dos protagonistas, especialmente depois das críticas pela insistência em Shaqiri e Seferović, e pela instrução de pressionar alto a meio-campo, o que neutralizou por completo a construção de jogo da Turquia, em particular na primeira parte. A nível dos protagonistas em campo, Shaqiri e Zuber merecem destaque principal; do lado turco, o melhor foi o estreante a titular, e sempre irreverente, Müldür.

    O FORA DE JOGO

    Merih Demiral – O ainda jovem central da Juventus, trazido para a titularidade neste embate, nunca pareceu à vontade. Os três golos da Suíça nascem todos de jogadas pelo lado esquerdo do ataque, e nem Demiral nem Çelik conseguiram travar o ímpeto de Zuber e Shaqiri. As debilidades do lado direito da defesa foram ainda mais evidentes, tendo em conta o desempenho particularmente apagado de Widmer e Embolo pelo lado oposto, controlado por Söyüncü e Müldür. Demiral acaba o Euro com um único desarme e 16 recuperações de bola registadas em 225 minutos de jogo, números francamente baixos para um defesa central neste tipo de competição.

     

    ANÁLISE TÁCTICA – SUÍÇA

    Ainda a apostar predominantemente num 3-4-1-2, Vladimir Petković concedeu mais velocidade e mobilidade à faixa esquerda ao descer Rodríguez para central e colocar Zuber na ala, com efeitos devastadores para a Turquia durante todo o jogo. Defensivamente, a Suíça pressionou alto o meio campo para impedir a construção de jogo do adversário, baixando as linhas no momento defensivo e deixando apenas Seferović à frente do meio campo.

    As substituições não acrescentaram acutilância ao jogo da Suíça, mas tiveram o efeito desejado, servindo sobretudo para refrescar a zona mais ofensiva do ataque e continuar o ascendente na partida.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Sommer (7)

    Elvedi (5)

    Akanji (6)

    Rodríguez (7)

    Widmer (5)

    Zuber (8)

    Freuler (6)

    Xhaka (6)

    Shaqiri (8)

    Embolo (6)

    Seferović (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Gavranović (5)

    Vargas (6)

    Benito (5)

    Mehmedi (5)

    Mbabu (-)

     

    ANÁLISE TÁCTICA – TURQUIA

    Mais uma vez, o treinador Şenol Güneş apostou num 4-1-4-1 flexível, com Ayhan à frente da defesa, Tufan numa função de apoio entre Ayhan e os jogadores mais ofensivos, e Yılmaz como avançado fixo. Uma aposta que parecia boa no papel, mas que se revelou infrutífera – Yılmaz teve muito pouco serviço na primeira parte e Tufan nunca conseguiu acompanhar as investidas de Rodríguez pela esquerda e apoiar Çelik na contenção a Zuber. O golo da Turquia surge através de um momento individual de Kahveci, num jogo que a Turquia nunca conseguiu verdadeiramente controlar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Çakır (6)

    Çelik (5)

    Demiral (5)

    Söyüncü (6)

    Müldür (7)

    Ayhan (5)

    Tufan (5)

    Kahveci (6)

    Çalhanoğlu (6)

    Ünder (6)

    Yılmaz (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Yazıcı (6)

    Yokuşlu (5)

    Kökçü (5)

    Karaman (5)

    Toköz (5)

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).