A nova coqueluche do Futebol Europeu: O que ficou e o que aí vem da Liga das Nações

    Liga A

    A Liga A foi, sem sombra de dúvidas, o prato principal e o grande impulsionador do fervor com que os adeptos receberam esta competição. Grandes doses de emoção e competitividade até à última, sendo que apenas um grupo ficou decidido antes do derradeiro jogo, o que diz bem do equilíbrio com que decorreu esta fase.

    No grupo 1, o mais forte da competição, os recentemente coroados campeões do mundo franceses tinham a forte oposição da Alemanha, que procurava passar uma nova imagem depois do desastre na Rússia, e da Holanda, que, oleada com uma nova geração de talentos, procurava afirmar-se depois de falhar os apuramentos para o Euro 2016 e o Mundial 2018. A Alemanha cedo ficou de fora da equação ao perder em Paris e ser vergada em Amesterdão. Holanda e França discutiram entre si o apuramento e enfrentaram-se na penúltima jornada, tendo os holandeses vencido por 2-0, com o último golo a surgir aos 94 minutos e a dar vantagem no confronto direto à Laranja. Assim, bastava empatar com a Alemanha no derradeiro jogo para se apurar para a Final Four. Nesse derradeiro jogo, os comandados por Ronald Koeman estavam a perder por 2-0 a menos de 10 minutos do fim, mas ainda conseguiriam o tão precioso empate, fruto dos golos de Promes e Van Dijk, este já em período de descontos. Emoção até ao último segundo!

    A Laranja Mecânica voltou a dar sumo
    Fonte: UEFA

    No Grupo 2, Suíça e Bélgica não tiveram problemas frente à Islândia, que acabou por nem conseguir pontuar. No último jogo defrontaram-se e os suíços tinham que vencer por pelo menos dois golos de diferença para garantir o primeiro lugar, mas aos 17 minutos já perdiam por 0-2. No entanto, arregaçaram as mangas e ao intervalo já venciam por 3-2. No segundo tempo, chegaram ao 4-2 que os qualificava e, aproveitando o subir das linhas dos belgas em busca do golo, mataram o apuramento com o 5-2 final. Mais uma vez, que dose de emoção nos brindou a Liga das Nações!

    A nossa seleção encontrava-se no Grupo 3, juntamente com Itália e Polónia, e começou da melhor maneira, com triunfos na Luz sobre a Itália e na Polónia diante da seleção da casa. Bastava um empate entre italianos e polacos para Portugal garantir de imediato a qualificação, mas os transalpinos roubaram os três pontos, com um golo já em período de descontos. Na quinta jornada, Portugal foi até Milão à procura do ponto que o qualificasse e conseguiu-o, arrancando um 0-0 com sabor a vitória. O empate diante da Polónia na passada terça-feira em nada prejudicou o apuramento, pois a nossa rejuvenescida seleção (e sem a sua principal figura), já havia garantido o primeiro lugar do grupo. Além disso, os polacos já sabiam da sua despromoção à Liga B.

    A Inglaterra garantiu o apuramento num dos jogos mais emocionantes da competição
    Fonte: UEFA

    O grupo 4 era também um dos mais equilibrados, com a Croácia, vice-campeã do mundo, a Inglaterra, semifinalista, e a Espanha, à procura de se afirmar no pós-Mundial. Os espanhóis arrancaram em grande com uma goleada das antigas aos croatas (6-0) e uma vitória categórica em Wembley, mas deitaram tudo a perder com derrotas em casa diante dos ingleses, e em Zagreb, no último minuto, diante dos croatas. Chegados ao último jogo, entre Inglaterra e Croácia, qualquer equipa poderia terminar em primeiro lugar e os croatas adiantaram-se no marcador, ficando virtualmente na primeira posição. Aos 78 minutos, Lingard empatou, o que apurava a Espanha, mas despromovia os Ingleses. E eis que, a cinco minutos do fim, Harry Kane marca o segundo golo inglês, alterando por completo a classificação do grupo: a Inglaterra passou de último para primeiro, os espanhóis passaram para o segundo posto e foram os croatas a ficar com a inglória despromoção.

    A competição

    Contada um pouco da história de cada grupo, a avaliação geral só pode ser positiva. A UEFA criou um mecanismo que revigora a pausa para seleções, dando uma emoção extra a esta paragem, pela redução de jogos amigáveis que costumavam ser pautados por ritmos baixos (fruto, também, das muitas substituições) e pouco interessantes, mesmo envolvendo seleções mais sonantes. Jogos como o Holanda-França, o Croácia-Espanha, o Inglaterra-Croácia, ou o Suíça-Bélgica vão diretamente para os melhores jogos deste ano (num ano em que houve Mundial), com as equipas a jogarem para vencer, sem se preocuparem excessivamente com o aspeto defensivo (como aconteceu na Rússia) e aproveitando para lançar muitos jovens.

    Quadro-resumo com as promoções e descidas
    Fonte: UEFA

    Estes primeiros dois meses de vida da Liga das Nações vêm dar razão aos que se queixavam das paragens para compromissos internacionais amigáveis, mas que agora não se podem lamentar, pois este início de competição supera as expectativas depositadas na competitividade e emoção, que captam a atenção e o interesse do público e dos meios de comunicação.

    Importa também referir que a edição inaugural da Liga das Nações não acaba aqui. Para o próximo ano, Portugal receberá a Final Four que ditará o primeiro vencedor da competição. Antes disso, inicializar-se-á a qualificação para o Euro 2020, sendo que as seleções vencedoras de cada grupo da Liga das Nações, caso não consigam apurar-se para o Europeu pela sua fase de qualificação, terão oportunidade de disputar um play-off com as restantes vencedoras dos grupos da sua liga. Caso uma seleção vencedora do grupo se tenha apurado, a melhor classificada não apurada entra para o seu lugar no play-off. Resumindo, entre Kosovo, Bielorrússia, Geórgia e Macedónia, pelo menos um destes estará no Euro 2020. Na Liga C, é entre Noruega, Escócia, Sérvia e Finlândia; na liga B, entre Ucrânia, Bósnia, Dinamarca e Suécia e, na Liga A, entre Portugal, Suíça, Holanda e Inglaterra.

    A Liga das Nações consegue, assim, ser apetecível para pequenos e grandes, com as seleções de menores dimensões a terem maiores oportunidades de se apurarem para grandes competições e as seleções de maior calibre a possuírem a oportunidade de mostrar o que valem de igual para igual.

    A competição regressa em junho, no Porto e em Guimarães. Esperemos que com as mesmas doses de espetáculo, emoção e, já agora, uma festa portuguesa, com certeza.

    Foto de capa: UEFA

     

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    João Brandão
    João Brandãohttp://www.bolanarede.pt
    Desde cedo o avô lhe colocou o bichinho do futebol e não mais parou de crescer, expandindo-se para outras modalidades. Atento e perfecionista, gosta de analisar ao pormenor cada aspeto do jogo. Considera que o melhor que a vida nos pode dar é um bom jogo de futebol, para ver com um bom grupo de amigos.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.