Os verdadeiros campeões

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    20 de Junho de 2013. No fim da noite as pessoas de Miami cantavam, saltavam, festejavam e, pela terceira vez na história, celebravam o título da NBA coroando Lebron James como MVP das finais. Pouco menos de um ano depois, os papéis inverteram-se. Agora, em San Antonio, era o público texano que rejubilava com a conquista do quinto título.

    Há umas semanas atrás, afirmei que este grupo de homens liderado por Gregg Popovich praticava um dos melhores estilos de jogo já visto no basquetebol.

    Depois de baterem equipas como Dallas Mavericks, Portland TrailBlazers e Oklahoma City Thunder, os Spurs chegaram às finais jogando um total de dezoito jogos – sete contra os Mavericks de Dirk Nowitzki, cinco contra os TrailBlazers de LaMarcus Aldridge e Damian Lillard e seis contra os Thunder de Kevin Durant e Westbrook. Por sua vez, os Miami chegaram com menos três jogos de, teoricamente, muito menor dificuldade. Começaram por varrer os Charlotte Bobcats de Al Jefferson, de seguida venceram em cinco jogos os Brooklyn Nets de Paul Pierce e Deron Williams, e em seis jogos os seus nemesis da conferência de Este, os Indiana Pacers de Paul George.

    Com os seus caminhos feitos, os Spurs chegavam a duas finais consecutivas na esperança de vingar a derrota do ano anterior. Os Miami jogavam uma quarta final consecutiva, algo que não era alcançado desde que os Celtics o conseguiram na década de 80.

    Bem, descritos os caminhos estava na altura de, finalmente, jogar pelo título. Não vos irei maçar descrevendo os jogos todos. Os primeiros dois jogos foram em San Antonio, e o resultado foi divido. Se num primeiro jogo, os Spurs venceram de uma maneira algo controversa, com uma avaria no ar condicionado do pavilhão que iria levar a uma lesão de LeBron James, o segundo jogo já não teve tanta contestação. Os Heat venceram o jogo e tiveram jogadas que ajudaram a cimentar o resultado final.

    Estas estrelas foram mais uma vez imprescindíveis na conquista do quinto título da instituição  Fonte: nbawallpapers10.net/category/san-antonio-spurs
    Estas estrelas foram mais uma vez imprescindíveis na conquista do quinto título da instituição
    Fonte: nbawallpapers10.net

    Foi a partir desse momento que os jogos viraram. A qualidade superior da equipa texana foi mais do que aparente e, em Miami, ganharam ambos os jogos sem muito esforço. Os Heat foram dizimados em casa e, pela primeira vez desde 2012, perderam dois jogos consecutivos numa fase final da época. Os Spurs no primeiro período do terceiro jogo marcaram 41 pontos, o que levou consequentemente a vitórias por 19, e mais tarde, por 21 pontos no quarto jogo; a equipa da Flórida não teve hipóteses. Foi a partir deste momento que as diferenças entre cada Equipa se acentuavam.

    De um lado tínhamos o melhor jogador de basquetebol do mundo em LeBron James, do outro tínhamos a melhor Equipa do mundo. O facto de “equipa” estar escrita com maiúsculas não foi acaso nenhum. Desde que aprendemos que basquetebol é um desporto de equipa, que nos esquecemos o que é que isso significa.

    O estilo de jogo feito pelos Spurs é a personificação de jogo colectivo. Quando há problemas e algumas dificuldades em marcar, a bola até pode ir parar a um jogador específico, no entanto, no estilo de jogo da equipa texana, a bola roda por todas as mãos, todas as jogadas. Com a constante rotação, a defesa adversária não consegue acompanhar o ataque e, eventualmente, haverá um jogador que tem uma aberta boa o suficiente para lançar ao cesto. E foi assente nesse conceito que os Spurs planearam todos os seus ataques. Como foi visto, foi muito eficaz.

    No último jogo, os Miami até começaram a atacar muito bem, no entanto, não demorou muito até o poder de Equipa dos agora campeões se demonstrar e conseguir a reviravolta no marcador e consequente vitória.

    Se há algo que não pode ser contestado é que os Spurs foram de facto a melhor equipa durante o ano todo e não só nos playoffs. Conseguiram vingar-se dos Miami Heat, imortalizar para sempre Tim Duncan como o melhor Power Forward de todos os tempos e, provavelmente, coloca-lo no grupo dos melhores jogadores de sempre. Com cinco títulos, Duncan tornou-se também o jogador com mais duplos-duplos em postseasons.

    Enquanto LeBron tudo fazia para se tentar bater contra a equipa de Oeste, a sua equipa nada conseguia fazer. Enfrentaram um ataque fulminante e uma defesa sufocante, enquanto estes não conseguiram fazer o mesmo. Foram maus defensivamente e piores ofensivamente. Apenas James se mostrou e apenas ele foi um jogador digno de estar nas finais. As prestações colectivas por parte dos Heat foram quase vergonhosas, não alcançando este patamar graças ao número 6.

    Há que louvar o que os Spurs conseguiram fazer – tornar as outras estrelas da equipa de Miami quase insignificantes.

    Escrevo isto enquanto fã dos Miami. Não foram suficientemente fortes, bons e, naturalmente, uma equipa para poderem fazer frente ao melhor grupo que já vi jogar.

    Por fim, não podia acabar de escrever este artigo sem comentar as prestações que mais me surpreenderam. Boris Diaw foi um dos jogadores mais importantes dos Spurs. Enquanto as atenções defensivas estavam maioritariamente direccionadas para o Big Three da equipa de San Antonio, Tony Parker, Manu Ginobili e Tim Duncan, o francês mostrou que também ele merecia ser defendido com a mesma agressividade. Boris Diaw mostrou-se como um catalisador e organizador de jogo que ninguém, fora dos Spurs muito provavelmente, esperava.

    Uma das maiores surpresas das finais. Leonard mostrou que poderá vir a ser uma superestrela da equipa e, daqui em diante, poderá a ser uma das referências ofensivas da equipa  Fonte: basketwallpapers.com
    Uma das maiores surpresas das finais. Leonard mostrou que poderá vir a ser uma superestrela da equipa e uma das referências ofensivas da equipa
    Fonte: basketwallpapers.com

    Por sua vez, Kawhi Leonard, apesar de não ser nenhum estranho na NBA, elevou o seu jogo de uma forma inesperada. Se nos primeiros dois jogos das finais marcou, no total, 18 pontos, nos dois jogos seguintes marcou 49!

    Se as suas qualidades defensivas já lhe eram reconhecidas e aplaudidas, o MVP das finais da NBA foi a faísca que despoletou a explosão de qualidade texana nos últimos jogos da série.

    Se em outros anos houve campeões por demérito de uma equipa adversária, este ano não houve contestação nenhuma. Apesar de poder haver opiniões contrárias que defendam que os Spurs foram campeões por falta de qualidade ofensiva e defensiva dos ex-bicampeões, poderei refutar que a falta de qualidade dos Heat deveu-se, sem dúvida nenhuma, à gigante qualidade dos pupilos de Popovich.

    Por fim, muito se pode vir a dizer sobre este ano, no entanto, só há uma coisa que deve ser dita. Muitos parabéns San Antonio Spurs pelo mais que merecido título e muitíssimo obrigado por nos lembrarem como este desporto deve ser praticado.

    Aqui está um dos melhores vídeos de basquetebol já feito:

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    André Albuquerque
    André Albuquerque
    O André já fez natação, futebol, futsal, basquetebol, judo, karate, jiu-jitsu brasileiro, ténis de mesa. No entanto, não sabe fazer nada sem ser ver os jogos da NBA e do seu Benfica!                                                                                                                                                 O André não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.