Acabaram os postes?

    Cravar a bola dentro para o poste jogar 1×1 ou passar para fora continua a ser actual. Mesmo os Warriors, a nova escola, também o fazem: Draymond Green, na posição de poste, consegue muitas vezes ser útil e descobrir quase sempre alguém no perímetro.

    O jogo baseado nos postes e os lançamentos exteriores do denominado mid-range ainda fazem parte do basquetebol? Na minha opinião, sim.

    No basquetebol actual, todos recorrem sistematicamente ao bloqueio directo (Pick and Roll), com o atacante com bola a conseguir penetrar em drible, ultrapassando facilmente o defesa directo. O problema aparece depois com as ajudas defensivas. Alguns conseguem lançar antes das primeiras ajudas chegarem, outros atacam mesmo as segundas ajudas lançando ou passando mais próximo do cesto.

    O que se pede hoje é que os jogadores interiores sejam mais versáteis e tenham também capacidade de passe. Os postes têm de jogar de costas para o cesto, que sejam eficazes mas que joguem no PR, colocando a bola no chão, penetrem e lancem do perímetro.

    A maioria dos sistemas ofensivos hoje são baseados no PR, onde a bola é recebida em movimento mesmo no interior. Assim os postes em vez de receberem de costas para o cesto recebem em movimento .

     Ninguém quer ser poste

    Curry brilha nos Warriors Fonte: NBA
    Curry brilha nos Warriors
    Fonte: NBA

    Os jovens jogadores não gostam dos postes, gostam dos mais pequenos que driblam e lançam triplos, sendo que nas outras quatro posições os jogadores têm mais tempo a bola nas mãos.

    No passado todos queriam ser Michael Jordan, hoje querem ser Stephen Curry.

    Jogadores grandes a marcarem do perímetro aparecem na década de 80 e estão associados ao basquetebol europeu.

    Hoje é difícil nomear na NBA jogadores que saibam jogar de costas para o cesto e que tenham algum movimento clássico a poste médio/baixo. É ridículo mas é verdade: nos Estados Unidos quase ninguém sabe jogar dentro. O basquetebol  europeu ainda é excepção.

    Obviamente que se os jogadores não fazem é porque os treinadores não os ensinam. Já Jerry West dizia: “Não acredito que a posição de poste seja uma arte perdida, mas é algo que só alguns podem ensinar.”

    O problema é: para ser poste tem que se fazer o denominado trabalho sujo (dirty work), jogar com o físico, ser agressivo e valente, o que não é tarefa muito agradável. Na actualidade, os jovens gigantes querem desenvolver a sua técnica fazendo o trabalho face ao cesto e não de costas para o mesmo. Nenhum sonha em jogar de costas para o cesto.

    Jogar com o poste implica jogar bem com os fundamentos. Ninguém pode concordar que só por ser alto tem de jogar dentro, mas, por outro lado, de nada adianta ser alto se só joga de fora e mal.

    Recorrendo novamente à estatística e às bases de dados, os analistas especializados concluíram que o pior lançamento no basquetebol é mesmo o curto (mid-range shot), daí a relutância dos treinadores em usarem o mesmo.

    Um estudo recente na NBA indica que um total de 14.701 lançamentos interiores (post-up), resultaram apenas em 12.644 pontos, o que dá a média de 0.86 pontos por jogada, o que é pouco.

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    Mário Silva
    Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
    De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.