Para que servem os nossos grandes?
A nossa realidade não é diferente. Ao longo dos tempos sempre nos queixámos da falta de resultados positivos nos confrontos internacionais com a justificação de sermos pequenos. Os tempos mudaram e, tomando como exemplo a selecção Sub-20 Masculina, que recentemente disputou o Grupo B, concluímos que gigantes não faltam:
Tomás Domingos – 2.08m , Ricardo Monteiro – 2.08m e Gonçalo Delgado – 2.04m, Diogo Araújo – 1.98m , Diogo Carvalho – 1.98m, Nuno Sá – 1.95m , Diogo Brito – 1.95m e Pedro Lopes – 1.93m.
Na fase de preparação para a competição internacional, conseguimos mesmo derrotar a Inglaterra (74-66) e a Roménia (68-49), que no final subiram de Divisão, o que atesta o potencial físico e técnico da seleção. Na Competição, Portugal, em oito jogos, ganhou quatro (Hungria, Irlanda, Moldávia, Kosovo) classificando-se no oitavo lugar (que corresponde ao 24.º no ranking). Concretizou o que o Plano Actividades da FPB previa mas que não vai além do objectivo mínimo.
A selecção não está longe dos melhores, mas claro está que acabou por ter azar ao ter cruzado com a equipa da casa (a Roménia viria a vencer a prova) no jogo que tudo decidia.
Relativamente ao modelo de jogo apresentado, que não difere em nada do que tem sido norma no sector masculino, a aposta foi claramente no jogo exterior: em 510 lançamentos de campo, 207 foram triplos (30% de aproveitamento). Portugal foi a equipa que mais triplos fez na prova (26 por jogo).
Pese o facto de termos agora atletas com altura e envergadura internacionais, fomos os piores nos ressaltos totais (19º em 21), não conseguimos intimidar na defesa (fomos os últimos nos desarmes de lançamentos, 1,9 por jogo).
Sem fundamentos apurados e com poucas bola os jogadores interiores marcaram poucos pontos na área pintada points in the paint (PIP).
Trabalho especifico necessitam os nossos jovens como sempre afirmou T. Lima:
“O reportório de lançamentos do poste tem de ser suficientemente variado e eficaz , de modo a que possa encontrar sempre uma solução para se por com êxito aos defensores que actuam debaixo da tabela . Poucos são os jogadores que são particularmente ofensivos sem recorrerem a técnicas de lançamento próprias deste lugar. É preferível que o poste se especialize numa dada técnica e que recorra a uma segunda como alternativa“.
Continuo a pensar que é possível definir um objectivo mais ambicioso (lutar pela subida ao grupo A). Provavelmente, se não tivéssemos encontrado a Roménia pelo caminho, podíamos ter sonhado com a subida de divisão.
Para dar esse passo decisivo, as selecções têm de ter mais contacto internacional e melhores condições de preparação. Finalmente, o modelo de jogo deve ser objecto de estudo e de algumas rectificações que se justificam. Para ter melhor rendimento desportivo, nada melhor que jogar de uma forma mais simples, menos robotizada e mais adequada aos jogadores.
A competição internacional mostra claramente, agora que todos têm oportunidade de ver em directo os campeonatos, que com uma defesa agressiva (individual e zona) e com pressões em todo campo é possível aumentar a eficácia ofensiva. Não faz é sentido nenhum abdicar do contra-ataque e optar sempre por ataques “sofisticados” em que só no final se olha para o cesto e se recorre sistematicamente aos triplos.
Do mesmo modo, agora que temos atletas com perfis de jogadores interiores, não se entende que o modelo de jogo não contemple uma participação mais efectiva.
Claro está que para isso o trabalho tem de começar a montante, nos clubes, onde os treinadores da formação devem ensinar esses jogadores grandes a irem para o bloco e trabalharem no duro os fundamentos básicos do poste.
Artigo revisto por: Ana Ferreira