Como formar jogadores inteligentes?

    O treino mudou

    Com a aposta na neurociência também o treino do basquetebol mudou. O treino atual concentra a sua atenção no enriquecimento das habilidades cognitivas. A ideia é incluir um estímulo cognitivo apropriado que provoque uma sobre estimulação no jogador em cada tarefa do treino.

    As aprendizagens associativas, construtivas e com modelos técnicos descontextualizados estão hoje ultrapassadas e o que impera é o treino cognitivo e contextual.

    Estas alterações são naturalmente controversas e mantenho a opinião que os conceitos podem ser complementares. Mas uma coisa é certa tanto nos modelos técnicos como nos táticos, o processo gira à volta do treinador e do seu conhecimento.

    Nos exercícios fechados o jogador apenas tem uma solução, um caminho.

    O desenho das tarefas vai exigir ao treinador esforço e desafio antes e durante o treino e perde muito do controle do mesmo, deve observar, analisar e corrigir. Quanto mais aberta a tarefa menos filas teremos, menos jogadores estáticos e menos rotações complexas.

    Tive recentemente oportunidade de trabalhar com um jovem treinador (David Pascual) que segue a denominada Escola da Catalunha. Por outro lado, o meu amigo Toni Carrilo ofereceu-me recentemente o seu último livro: El entreno. Esto es Minibásquet. Sigo também, na net, o catalão Gabo Loaiza Pérez e o canadiano Chris Oliver.

    Em comum todos eles utilizam a neuro ciência para ajudar na melhoria técnica dos jovens atletas e para a formação treinadores.

    A escola tradicional dos Sérvios e Russos, que faziam da técnica individual (1×0) o fator determinante, está algo desajustada. Creio, contudo, que isto não significa que os exercícios de repetição, ou menos abertos, devam ser eliminados. Podem e devem ser complementares.

    O treino integral não se limita ao fortalecimento do físico e da técnica individual.  Por isso, na estrutura das equipas de elite, além dos treinadores é comum a participação de psicólogos e neurocientistas. Assim, para conseguirem a transferência do treino para o jogo, os treinadores têm de construir tarefas que reproduzam ou simulem as condições reais da competição numa aprendizagem baseada na resolução de “Situações -problema”. As tarefas abertas predominam sobre os exercícios fechados (mais “tradicionais”).

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    Mário Silva
    Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
    De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.