Porque nem só pelo número de anéis se mede a grandeza de um jogador, este Domingo a NBA tirou o chapéu e curvou-se numa merecida vénia de despedida a um dos seus grandes intérpretes. Se Ray Allen era a o elemento que atormentava qualquer defesa, Rondo o elo de ligação capaz de unir cada uma das peças, e Garnett a sempre fundamental solidez defensiva, Paul Pierce foi a capacidade de conquista. A diferença entre um memorável e muito combativo quarteto fantástico e um título de campeões.
De facto, apenas um título para um jogador tão amado como é Pierce, parece pouco, mais ainda quando comparado com os recentemente reformados Tim Duncan ou Kobe Bryant. Mas o seu legado é outro. O título ganho em 2008 tem um sabor diferente, as circunstâncias da conquista elevam o feito para uma dimensão difícil de compreender.
Adversário: os Los Angeles Lakers de Kobe, Gasol, Odom, Fisher e Phil Jackson. Uma super equipa, o melhor jogador mundo no seu topo de forma, um dos melhores treinadores de sempre. Uma final que ficaria para a história, entre os dois franchises com mais títulos, destacadíssimos, na mais acesa das rivalidades já vistas na NBA.
A ausência de glória em Boston. O último título conquistado, corria o ano de 1986, e era Larry Bird quem comandava a orquestra. Existia, por isso, um vazio, uma sede, uma vontade especial de devolver a equipa mais conquistadora de sempre às vitórias. Os adeptos, a cidade, os próprios adversários aguardavam pelo dia em que o gigante acordaria.
As circunstâncias, aquele primeiro jogo. No jogo um das finais, Pierce sairia do TD Garden, a meio do terceiro período, em ombros, lesionado, sem conseguir sequer apoiar-se no solo. Parecia o fim, o golpe mais duro possível para a equipa de Doc Rivers. Um final demasiado antecipado. Mas como um verdadeiro guerreiro, ele voltou, contribuiu com 15 pontos no último quarto, selou a vitória e deu início a uma sequência incrível de boas exibições que o coroariam Finals MVP – e campeão da NBA. Foi a fibra mostrada, a vontade de vencer, a capacidade de superação e o amor pelo jogo de basquetebol que fazem de si um jogador tão respeitado.
Paul Pierce marcou uma geração de adeptos, marcou uma equipa e marcou a NBA. A sua lista de conquistas não é a mais extensa, mas é suficiente para ter do seu lado o carinho e respeito de quem gosta de basquetebol. Sejamos vermelhos, verdes, amarelos ou azuis, recordaremos sempre com saudade aqueles que deram tudo o tinham por um objetivo maior.
Foto de capa: NBA
Artigo revisto por: Francisca Carvalho