2020
Finalmente chegamos a 2020, e não há acordo para renovar após este ano, Vettel irá sair da Ferrari após cinco anos muito conturbados, mas se era o grande sonho dele, porque é que não resultou?
Sebastian Vettel é um piloto que necessita de detalhe, de um nicho no qual ele encaixa, de uma equipa à sua medida, de um carro perfeito para as suas características como piloto. Na Red Bull era isso que ele tinha, era uma equipa cuja personalidade se moldou à sua volta, e carros com níveis altíssimos de “downforce” traseira. Quando esse conforto desaparecia, víamos Vettel a ser exposto, como em 2014 face a Daniel Ricciardo. E atenção, não estou a desvalorizar os quatro títulos de Vettel, de todo, ele vai ficar como um dos melhores da história, é inegável, mas em termos de sobrecarga psicológica, a rigidez da Ferrari talvez seja um pouco demais para ele, tal como foi para outros pilotos ao longo da história, como Prost e até Fernando Alonso.
Na Red Bull, ele sabia que podia confiar totalmente na equipa para lutar por vitórias, eles raramente o desiludiam. Já na Ferrari, receberes uma estratégia após todos os erros ao longo dos anos, de certeza que te deixará com uma desconfiança do que aí vem, e se desconfias da equipa, não confias no carro e os erros aparecem na corrida. O simples facto de, em 2019, a equipa parecer que nem tentou construir um carro que encaixasse com o estilo de condução do Vettel ao de cima, mostra bem a diferença entre os dois ambientes. Alguém tão emocional como o Vettel necessita de conforto, e não o oposto.
Outra das razões óbvias é o facto de Vettel não querer ser transformado num piloto de apoio, o que é perfeitamente compreensível, ele ainda tem muito para dar, mas não na Ferrari, e, honestamente, tirando uma grande surpresa, acredito que o alemão irá retirar-se da Fórmula 1, em vez de descer para o segundo pelotão.
Em janeiro de 2014, ainda antes de começar a era turbo-híbrida, Mark Webber, ex-colega de equipa de Vettel na Red Bull disse que “acho que o Seb fará tudo cedo na vida”, que “conseguirá os títulos cedo e as grandes vitórias, que terá filhos cedo, e que tentará a sorte no carro vermelho, e dirá adeus”. Cá para mim, o Mark Webber é um profeta.
Foto de Capa: Formula 1
Artigo revisto por Joana Mendes