UFC Fight Night 63: Mendes vs Lamas – o (vice) Rei dos Peso Pena

    cabeçalho ufc

    Chad Mendes criou um problema neste passado sábado. Mendes lutou contra Ricardo Lamas, o adversário que muitos (seja por questões promocionais ou não) consideravam ser o seu mais difícil, à parte do campeão José Aldo, com quem Mendes já por duas vezes saiu derrotado. Resolvida a questão Lamas, muitas outras se levantaram.

    Antes de nos debruçarmos sobre estas questões, analisaremos o evento: o primeiro combate do cartaz principal deu-lhe um bom começo. Dustin Poirier, actual número 6 no ranking de Peso Pena, regressou à categoria de Peso Leve, na qual já tinha combatido no WEC, e disse sentir-se mais confortável, para enfrentar Diego Ferreira, que vinha de uma derrota, a primeira, contra Beneil Dariush. Ferreira entrou com pressão, à qual Poirier respondeu com duas boas direitas. Após um momento de clinch na rede e algumas trocas, Poirier acertou uma esquerda que teve efeito visível em Ferreira, que procurou levar o jogo para o chão como forma de se defender, algo que acabou por não resultar. Poirier acertou uma combinação que abalou Ferreira, golpeando Ferreira através da sua meia guarda até o árbitro parar o combate, aos 3:45 da primeira ronda. Boa estreia na categoria, na UFC, para Poirier.

    A este combate seguiu-se o confronto entre um favorito dos fãs, Clay Guida, contra Robbie Peralta. Todo o combate entre estes Peso Pena foi unidirecional, pelo que há pouco mais a dizer: Guida dominou Peralta através do seu wrestling ronda após ronda, ao som dos cânticos do público, conseguindo algumas projecções visualmente impressionantes. De Peralta pouco se viu, tirando nos breves momentos em que o combate decorria em pé. Guida tratou de que isso acontecesse poucas vezes, pelo que Robbie “Problems” Peralta não mostrou ser um grande problema para Guida. No final, este venceu, justamente, por decisão unânime.

    Legenda: Juliana Pena (calções amarelos) regressou ao octógono após lesão de forma dominante e pronta para finalmente se afirmar como alguém a temer na sua divisão Fonte: Ufc.com
    Juliana Pena (calções amarelos) regressou ao octógono após lesão de forma dominante e pronta para finalmente se afirmar como alguém a temer na sua divisão
    Fonte: UFC

    No terceiro combate da noite tivemos o regresso da vencedora do TUF 15, Julianna Pena, que esteve afastada do octógono durante quase dois anos, após uma lesão no joelho. Era, portanto, difícil de prever qual seria o estado e a forma de Pena, uma questão para a qual rapidamente se obteve resposta, neste combate contra Milana Dudieva. A russa tentou uma projecção, que Pena defendeu, e acabou por levar o combate para a rede, conseguindo mais tarde aquilo que inicialmente tentou. Na confusão, Pena tentou uma chave de braço, acabando por se levantar dado o insucesso da manobra. De seguida, Pena conseguiu raspar Dudieva, passar para a montada e usar o seu ground and pound, dando alguns socos de martelo e cotoveladas. Dudieva tentou escapar-se da montada, mas Pena rapidamente repôs. A russa nunca se conseguiu defender de Pena, acabando por perder o combate por paragem do árbitro, aos 3:59 da primeira ronda. Pena voltou saudável e com vontade de confirmar o estatuto como uma das promessas da categoria de Peso Galo feminino, dominada pela mega-estrela Ronda Rousey.

    Michael Chiesa, outro vencedor do TUF 15, e Mitch Clarke opuseram-se no quarto combate do cartaz principal. Clarke, infelizmente para ele e para o combate, “acordou” para este demasiado tarde. Na primeira ronda pouco fez para parar Chiesa, com excepção para alguns clinches na rede e defesas de ataques. A primeira ronda foi, portanto, para Chiesa, que conseguiu algumas projecções e acertou alguns golpes. Na segunda ronda pouco mais para além do mesmo da primeira. Na terceira, no entanto, Clarke, talvez por saber que estava a perder nos cartões de pontuação, procurou levar a luta a Chiesa, algo que deveria ter feito desde início. Conseguiu acertar algumas sequências, aproveitando-se do cansaço de Chiesa, que, mesmo assim, conseguiu marcar alguns pontos. Terminada a ronda, era fácil de prever o resultado, que acabou por se confirmar: vitória para Michael Chiesa por decisão unânime. Certamente esperará entrar para o ranking de Peso Leve num futuro próximo e lutar contra um adversário de perfil mais elevado.

    O co-evento principal ficou marcado pela controvérsia do resultado final. Os Peso Leve Jorge Masvidal, número 14 do ranking, e Al Iaquinta, número 15 do ranking, lutaram também eles por uma subida neste mesmo, que lhes pudesse garantir lutas de perfil mais elevado – Masvidal tinha mesmo como adversário previsto Benson Henderson, ex-campeão da categoria. E, de facto, Masvidal entrou na luta como se fosse lutar com um ex-campeão, não dando chances a Iaquinta de impor o seu jogo, usando a sua vantagem de envergadura para conectar algumas combinações, com destaque para dois jabs e uma direita que abalaram Iaquinta, que acabou a ronda com um corte feio na maçã do rosto.

    Na segunda ronda, Masvidal entrou mais calculista, sempre mantendo a distância que a sua vantagem de envergadura lhe permitia, apostando em counters às investidas de Iaquinta, que procurou algumas projecções, mas sem sucesso. À entrada para a terceira ronda, Masvidal tinha vantagem a nível de golpes acertados e 100% de defesa de projecções, ou seja, tinha sido sempre superior nas duas anteriores rondas. Na terceira, Al Iaquinta foi claramente superior, acertando uns pontapés à zona inferior do corpo e umas combinações de socos, mantendo sempre a pressão alta. Apesar da melhor prestação nessa ronda, não seria o suficiente para vencer Masvidal. Mas a verdade é que, na hora da decisão do júri, a vitória foi entregue a Iaquinta… Para choque de todos no recinto. A decisão e Iaquinta receberam fortes apupos do público, que mereceu uma resposta deste último, que disse não merecer essa reacção após ter trabalhado tanto, culminando num bastante explícito “f’ you”.

    Chad Mendes (calções vermelhos) venceu facilmente Lamas e confirmou o seu estatuto de segundo-melhor Peso Pena da UFC  Fonte: Ufc.com
    Chad Mendes (calções vermelhos) venceu facilmente Lamas e confirmou o seu estatuto de segundo-melhor Peso Pena da UFC
    Fonte: UFC

    A controvérsia do penúltimo combate da noite aqueceu o público para um evento principal que viria a ser o culminar perfeito para este Fight Night. Chad Mendes, número 1 do ranking, e Ricardo Lamas, número quatro, opuseram-se num combate que provavelmente viria a decidir quem seria o próximo a combater pelo título de Peso Pena. Chad Mendes foi rápido a resolver essa questão: começou a ronda a, como o próprio disse, sentir o adversário, os golpes, o ritmo. Feita essa introdução, partiu imediatamente para a conclusão. Desferiu uma direita que derrubou Lamas, passando imediatamente para o ground and pound. Lamas conseguiu escapar, ainda que a cambalear, só para cair novamente e provar mais do mesmo. Novamente, afastou-se e caiu. Continuou a ser golpeado por Mendes, que só parou quando o árbitro assim o entendeu. Em 2 minutos e 45 Mendes segurou o estatuto de ameaça-maior a José Aldo.

    Esta vitória coloca Mendes novamente na rota do título, o qual Conor McGregor tentará tirar das mãos de Aldo em Julho, no UFC 189. As duas derrotas de Mendes contra Aldo fazem-nos questionar sobre se este merece uma nova oportunidade contra o actual campeão tão cedo, ou se terá o que é preciso para ser o primeiro a derrotar McGregor na UFC, se este vencer Aldo pelo título. Como será, afinal, ele capaz se nem o homem que por duas vezes o venceu conseguiu fazê-lo? Este combate deveria ter acontecido após o combate entre o  campeão brasileiro e o irlandês pelo título, pois só aí se poderá traçar um futuro para Mendes, que, até lá, vai ficar no limbo. Esperemos até Julho.

    Foto de Capa: UFC

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Gonçalo Caseiro
    Gonçalo Caseirohttp://www.bolanarede.pt
    Entusiasta de MMA e futebol, o Gonçalo apoia fervorosamente o Benfica e a ideia de que desportos de combate não são apenas socos e pontapés.                                                                                                                                                 O Gonçalo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.