UFC 224: O adeus a tanto Brasil

    O Carnaval já passou, mas o anúncio do combate para o evento UFC 224 no Rio de Janeiro, bem que parecia uma partida. Mas, ao que parece, é mesmo verdade. Vitor Belfort vs Lyoto Machida, um frente a frente agendado para o dia 12 de Maio.

    Os dois brasileiros são duas autênticas lendas do desporto e já passaram por tudo. E é natural que assim seja, já que competem há mais de uma década e assistiram à transformação da modalidade e ao surgimento de novos e enérgicos talentos.

    O fenómeno que é brasileiro mas não é Ronaldo

    Vítor “The Phenom” Belfort com os seus 40 anos de idade, está já bem longe do vigor físico que apresentou na edição 12 da UFC. Por essa ocasião, Belfort, com apenas 19 anos, acabaria por se tornar no mais jovem campeão de sempre. Estávamos em 1997. Desde então, Vitor teve grandes vitórias frente a alguns dos nomes mais relevantes da UFC, como Michel Bisping, Randy Couture, Anthony Johnson, Luke Rockhold ou Dan Henderson. O brasileiro já esteve envolvido em várias disputas do título, tendo apenas vencido por duas ocasiões.

    É um percurso que sugere alguma incapacidade para enfrentar momentos de tensão e pressão. Este é o último combate do “The Phenom” que inicialmente estava a preparar-se para defrontar o jamaicano Uriah Hall, mas este não conseguiu atingir o peso e o combate foi cancelado. Agora é brasileiro frente a brasileiro e os fãs querem que a versão 97 de Vítor Belfort reapareça das cinzas, mas não sabemos se isso será possível.

    Vítor Belfort no momento de uma pesagem
    Fonte: UFC

    O dragão Machida

    Do outro lado, o não menos experiente Lyoto Machida. O brasileiro de descendência japonesa, tem o karaté no sangue, tendo ao longo dos anos aprimorado também as suas competências na vertente de luta no chão. O estilo de Lyoto foi uma verdadeira pedrada no charco. Quando em 2007 chegou à UFC, Lyoto surpreendeu os seus adversários com o seu estilo, posicionamento e movimentação no octógono. No entanto, assim que as fragilidades do seu jogo foram identificadas, o brasileiro começou  rapidamente a perder todo o elã que o acompanhava desde o início da sua carreira. Em 2009 conquistou o título da divisão Midlleweight frente a Rashad Evans, que, no entanto, acabaria por perder frente a Maurício Shogun.

    Ainda este mês, Machida conseguiu superar uma fase negativa da carreira, marcada por três derrotas consecutivas por nocaute e finalização.

    Lyoto atinge Dan Henderson com o seu famoso front kick
    Fonte: UFC

    Quer Lyoto, quer Vítor estão claramente longe do melhor período das suas carreiras. Lyoto perdeu o fator surpresa e Vítor a supremacia física. A meu ver, este é o combate perfeito para os dois. Por um lado, Lyoto quer dizer presente, derrotando um lutador bem classificado no ranking da divisão Midlleweight e provando que a sua última vitória não foi mera obra do acaso. Por outro, Vítor pode terminar a sua carreira da forma mais feliz possível, com uma vitória na sua terra e cidade natal.

    Das duas uma, ou teremos um encontro de reformados ou uma batalha de lendas à moda antiga

    Ahh, obrigado, Vítor.

    Foto de Capa: UFC

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    João Pedro Chitas
    João Pedro Chitashttp://www.bolanarede.pt
    Amante, praticante e obcecado por Artes-Marciais. Acredita que a UFC foi a melhor coisa que aconteceu no desporto depois do ouro de Carlos Lopes.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.