Mundial Futebol Praia’15 – O regresso do Brasil ou o tri da Rússia?

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    Para aqueles que raramente acompanham o futebol de praia e que, por isso, não estão bem a par de quem são e do que valem verdadeiramente as equipas que participam neste mundial, fica uma dica prévia: o futebol de praia mudou muito nos últimos anos e, tal como dissemos no texto de antevisão ao grupo de Portugal, não será apenas a equipa brasileira a provocar problemas aos comandados de Mário Narciso. Por isso, acompanhe-nos nesta antevisão aos grupos B, C e D do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia 2015.

    Grupo B:

    Este é um grupo com dois candidatos claros à passagem para os quartos de final. Falamos, pois claro, das seleções da Itália e da Suíça, equipas bem mais fortes que as do Oman e Costa Rica. No que à seleção italiana diz respeito, é caso para dizer que os comandados de Massimiliano Esposito apresentam-se nesta competição como uma das mais sérias candidatas a ganhar a competição. De facto, não deixa de ser interessante acompanhar o percurso recente dos transalpinos, que, depois de um período em que andaram praticamente desaparecidos do panorama da modalidade, voltaram a mostrar-se como uma das melhores formações mundiais. Apesar de nunca terem vencido o Campeonato do Mundo, a Itália já foi finalista em 2008, foi vencedora da Euro Beach Soccer League em 2005 e vem da conquista de uma medalha de prata nos Jogos Europeus de Baku, no Azerbaijão.

    Estes são predicados suficientes para se perceber que a equipa italiana chega a Espinho com uma vontade enorme de continuar com os bons resultados e exibições que tem produzido nos últimos meses. No seu plantel, destaque em primeiro lugar para um dos melhores guarda redes do mundo: Spada. De seguida, é importante realçar o papel de alguns “históricos” como Ramaciotti, Palmacci ou Corosiniti, figuras de longa data na seleção italiana. Ainda assim, o destaque maior desta seleção vai para Gabriele Gori, um avançado de 28 anos que atua com a camisola 10 e que é um verdadeiro mágico das areias. É, sem dúvida nenhuma, um dos mais fortes candidatos a ganhar a Bola de Ouro, relativa ao melhor marcador da competição.

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    Spada é um dos melhores guarda redes do Mundo
    Fonte: italianbeachsoccer.weebly.com

    Em relação à seleção suíça, é caso para dizer que, apesar de estar num patamar inferior à Itália, esta pode ser outra das boas surpresas da competição. Comandada por Angelo Schrinzi, ex-jogador de futebol de praia da Suíça, os helvéticos chegam a Espinho depois de um 4.º lugar nos Jogos Europeus (perderam a medalha de bronze frente a Portugal), tendo sido igualmente finalistas no Mundial de 2009 e vencedores da Euro Beach Soccer League em 2012. No que ao seu plantel diz respeito, destaque claro para Valentin Yaeggy, um guarda redes de grande qualidade, Phillip Borer, uma das referências da seleção, e Mo Yaeggy, irmão de Valentin e que possui uma qualidade técnica de remate acima da média. Ainda assim, o destaque maior vai para dois jogadores que têm tudo para brilhar na Praia da Baía. Em primeiro lugar, temos Noel Ott, que, com apenas 21 anos, é considerado uma das maiores promessas do futebol de praia mundial; depois, temos Dejan Stankovic, um avançado de 29 anos com uma capacidade física assombrosa. É, a par de Gori, outro dos candidatos mais fortes ao prémio Bota de Ouro.

    Neste grupo, Costa Rica e Omã terão, à partida, poucas ou nenhumas hipóteses de apuramento. Os costa-riquenhos não têm qualquer registo assinalável em termos de classificação em mundiais e, no seu plantel, destaque apenas para Danny Johnson, que poderá surgir como revelação. Relativamente a Omã, foi vencedora dos Jogos Asiáticos em 2008 mas a sua qualidade será manifestamente insuficiente quando comparada com a de italianos e suíços no grupo B.

    Grupo C:

    A meu ver, o Grupo C é o mais equilibrado da competição. Ainda assim, conta com dois favoritos claros ao apuramento para a fase seguinte: o Brasil e a Espanha, sendo que Irão e México procuram fazer surpresa em Espinho. Falar do Brasil é falar de uma seleção que chega com um registo absolutamente notável à Praia da Baía. Em 17 campeonatos do mundo disputados, o Brasil venceu em 13 ocasiões, o que demonstra bem o poderio da equipa canarinha. Ainda assim, também é importante realçar que o título já foge aos brasileiros desde 2009, quando venceram a Suíça na final por 10-5. Nos últimos dois mundiais, o Brasil foi segundo classificado em 2011 e terceiro em 2013. Por isso, a equipa comandada pelo ex-jogador brasileiro Júnior Negão chega à cidade espinhense com o objetivo de reconquistar o título que lhe foge há seis anos. Para isso, conta com alguns dos melhores jogadores do mundo, como o guarda redes Mao, o veterano Jorginho, Fernando Ddi, que já passou pela equipa do Sporting e ainda Datinha, uma das possíveis revelações da competição. Ainda assim, a grande estrela da companhia é mesmo Bruno Xavier, que, com 30 anos, é porventura o favorito maior ao prémio de melhor jogador do torneio. Digno de um pé direito fabuloso, Xavier é sem dúvida a figura maior brasileira e promete dar espetáculo nas areias portuguesas.

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    Bruno Xavier é um dos melhores jogadores da atualidade
    Fonte: beachsoccer.com

    A candidata maior ao segundo lugar deste grupo é a Espanha. Os nossos vizinhos, comandados pelo histórico Joaquin Alonso, chegam a Espinho sem nenhum mundial conquistado mas com três finais disputadas no seu historial, em 2003, 2004 e 2013. Para além disso, os espanhóis já venceram a Euro Beach Soccer League em cinco ocasiões: 1999, 2000, 2001, 2003 e 2006. É por isso com a esperança em fazer história que nuestros hermanos surgem na Praia da Baía com legítimas aspirações a um lugar de destaque na competição. Para o conseguirem, contam sobretudo com a experiência e qualidade do guarda redes Dona, uma das figuras históricas da seleção nacional espanhola, com 32 anos. Para além do guardião, destaque para os incontornáveis Pajon, António, Juanma e Nico, que oferecem segurança e estabilidade à equipa. Ainda assim, a maior figura desta seleção é mesmo Llorenc, considerado por muitos o sucessor do lendário Emanuel Amarelle, que durante tantos anos foi a figura de proa da seleção espanhola. Llorenç é, sem dúvida, um dos melhores executantes na atualidade e é outro dos fortes candidatos a levar o título de melhor jogador do torneio.

    Ainda neste grupo reside uma seleção que, apesar de não ter grande historial, promete muito à partida para este mundial. Referimo-nos ao Irão, uma seleção que, no último mundial de 2013, chegou aos quartos de final da prova, tendo sido eliminada apenas pela bi-campeã do mundo Rússia. Comandados pelo brasileiro Marco Otávio, os Iranianos têm em Mohammad Ahmadzadeh a grande referência da equipa e a principal esperança em conseguirem um bom resultado nas areias de Espinho. A outra equipa deste grupo é o México, uma seleção que em 2007 conseguiu chegar à final do Mundial, tendo perdido no jogo decisivo frente ao Brasil. Com Ramon Raya a liderar a equipa, Saúl Ramirez será muito provavelmente a grande referência mexicana na luta pelo difícil apuramento para os quartos de final do Mundial.

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    Llorenç é a grande referência da seleção espanhola
    Fonte: FIFA

    Grupo D:

    O último grupo deste torneio é  porventura o mais desequilibrado dos quatro. E isto porque, ao contrário do que acontece nos restantes três grupos, neste apenas surge um nome como favorito ao apuramento para os quartos de final. Como não podia deixar de ser, é a Rússia que aparece como figura de proa neste emparelhamento, chegando à cidade de Espinho depois de ter vencido os últimos dois mundiais de futebol de praia. É, com grande segurança, talvez a maior favorita a vencer a competição, tendo em conta o verdadeiro luxo com que conta no seu plantel. Liderados pelo experiente Mikhai Likhachev, os russos têm uma das suas principais figuras na baliza, com Andrey Bukhlitskiy a ser um verdadeiro monstro entre os postes.

    No restante plantel, destaque para jogadores como Alexey Makarov, Anton Shkarin, Dmitrii Shishin e Shaikov, jogadores com muita tarimba e cuja qualidade técnica e tática é inegável. Ainda assim, a grande referência desta seleção é o capitão Leonov, que, com 35 anos, é o verdadeiro farol desta seleção e um dos prováveis candidatos ao prémio de melhor jogador do torneio. Mais do que os valores individuais que possui, a grande vantagem da equipa soviética é mesmo o forte coletivo que a equipa demonstra nas competições a doer.

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    A Rússia é a grande favorita da competição
    Fonte: FIFA

    Do leque das restantes seleções do grupo, destacamos ainda assim o Taiti, provavelmente a equipa mais apetrechada para seguir com os russos para os quartos de final. Depois de terem alcançado em casa, no último mundial, um histórico 4.º lugar, a seleção comandada por Tehina Rota procura em Espinho dar seguimento à excelente classificação obtida em 2013. Para isso, tem em Li Fung Kuee a sua grande referência e o garante de qualidade à seleção.

    De seguida, temos a seleção do Paraguai, que chega pela segunda vez consecutiva a um campeonato do Mundo. Ficaram-se pela fase de grupos no Mundial de 2013 e, por isso, mesmo contando com um espírito incansável – típico das equipas sul-americanas – muito provavelmente não farão grande figura na Praia da Baía. Por último, encontramos a única seleção estreante em competições deste género: Madagáscar. Liderados pelo francês Claude Barrabe, a equipa africana poucas ou nenhumas hipóteses terá de fazer história nesta competição, dada a falta de qualidade e experiência da sua seleção.

    Ainda assim, e tal como começámos este texto, facilmente ficamos a perceber que há um lote de cinco/seis equipas que podem lutar por esta competição. Brasil e Rússia são os principais favoritos à vitória final no Mundial, mas seleções como a portuguesa, espanhola, italiana e suíça podem também fazer história na Praia da Baía. Serão 32 jogos de grande intensidade e com qualidade garantida, não fosse o futebol de praia uma das mais espetaculares modalidades. Sol, praia, público e muita festa são os ingredientes que Espinho apresenta ao mundo, a partir desta quinta feira. Só falta é que, no dia 19 de julho, este Campeonato do Mundo termine em beleza e, se possível, com a vitória da nossa seleção!

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