BnR Olímpico: Entrevista a José Garcia

    BnR: Falando dos Jogos Europeus, e tirando Futebol de Praia, que não é modalidade olímpica, Portugal conquistou nove medalhas em modalidades que estão representadas nos JO. Em quantos anos Portugal poderá conquistar o mesmo número de medalhas nos JO?

    JG: O que vivemos em Baku honrou-nos muito mas não pode ser comparável aos JO. Os atletas que conseguiram esses resultados são um exemplo de que é possível conquistar bons resultados. Será uma ajuda para os JO no Rio, mas falar nesse número de medalhas é falar num caminho ainda longo para percorrer. Os Jogos Olímpicos são uma realidade bastante diferente dos Jogos Europeus.

    BnR: Os apoios do governo ao projeto olímpico têm vindo a aumentar ao longo dos anos. No entanto, os resultados não mudam muito. Por exemplo, de 1996 a 2008 o valor duplicou e o número de atletas que receberam medalhas e diplomas manteve-se o mesmo. Continua a faltar apoios financeiros ou o problema está noutro lado?

    JG: Os atletas de Alto Rendimento fazem tudo para superar os seus resultados. O talento não é fácil de se encontrar. É preciso ter sorte, ter as pessoas certas a ajudarem e, a juntar a isso, muito suor e esforço. Estou certo de que os resultados que mostrou são reflexo da nossa realidade e dos valores que temos. Mas que há uma vontade enorme de superar esses resultados da parte dos nossos atletas, isso há.

    José Garcia junto das 23 medalhas portuguesas nos JO
    José Garcia junto das 23 medalhas portuguesas nos JO

    BnR: Mas o que tem faltado a Portugal para conseguir mais bons resultados?

    JG: O que posso dizer é que temos de valorizar o que já foi alcançado. Conseguir levar os atletas aos JO é sempre algo que temos de enaltecer. Penso que esta lógica que tem sido criada vai ajudar a que os resultados melhorem no futuro.

    BnR: E quantos atletas pretendem levar para os JO?

    JG: Nós apoiamos 127 atletas. Gostaríamos de que todos fossem aos JO, era sinal de sucesso. Neste momento alguns já saíram, temos cerca de 30 atletas já qualificados. Em Pequim tivemos 77, e em Londres foram 76 e no Rio o número deverá rondar os 80 atletas, apesar de ainda não conseguir dar um número em concreto pois o processo de qualificação termina apenas a 11 de julho de 2016.

    BnR: O programa olímpico aponta para que 25% dos atletas que têm um apoio do nível A devem ganhar medalhas. Isso aponta para três medalhas, o recorde de Portugal. Acha possível?

    JG: Permitam-me um acerto nesses números. Se tivermos quatro atletas do K4 da Canoagem só um representa uma medalha. Pelas nossas contas dá uma medalha, mas ganhar três era ótimo, como é óbvio, embora o objetivo seja uma.
    [Após a entrevista e ao refazer-mos as contas reparamos que em ambos os casos as contas estão erradas. Os números apontam para 2 medalhas. Os atletas apoiados com nível A em outubro são Nelson Évora, K4, Teresa Portela, Hélder Silva, Telma Monteiro, Jorge Fonseca, Rui Bragança e João Costa]

    BnR: Foi porta-estandarte em 1992. Qual é a sensação de entrar num estádio olímpico com a nossa bandeira?

    JG: Como já referi, Barcelona foi muito especial pelo resultado e pela frustração. Mas não consigo deixar de recordar esse momento. Se fechar os olhos, ainda recordo as minhas mãos cravadas na haste da bandeira, recordo o José Carreras e a Sara Brightman a cantar o Amigos para Siempre. É algo que recordarei até ao fim da minha vida.

    BnR: O Rio de Janeiro tentou integrar o Futebol de Praia no lote das modalidades olímpicas. O que é que o COP pode fazer para ajudar algumas modalidades em que Portugal tenha mais tradição a chegar a modalidade olímpica?

    JG: A nossa 10.ª medalha nos Jogos Europeus foi precisamente no Futebol de Praia, e estabelecemos uma relação muito próxima com atletas e dirigentes. Interrogámos o Comité Olímpico sobre se esta modalidade poderia ser uma modalidade de exibição no Rio, mas a resposta foi negativa. Para 2020, o figurino das modalidades que fazem parte do programa olímpico será alterado, há uma série de modalidades a serem propostas pelo comité organizador e esperemos que o Futebol de Praia faça parte do programa olímpico e que traga mais sucesso para Portugal.

    BnR: O José esteve no Rio recentemente. O Brasil foi criticado pelos atrasos nas obras que teve no Mundial de 2014. Como estão os preparativos? Acha que irá acontecer o mesmo que em 2014?

    JG: Se em Pequim os acessos foram feitos até ao último dia, no Brasil também o serão. Poderão ficar algumas coisas por terminar pois estamos a falar de uma obra gigantesca. O Brasil esteve muito atrasado nas obras e isso é público, tendo sido notícia o facto de um dos vice-presidentes do Comité Olímpico Internacional querer tirar a organização ao Brasil, mas houve um acelerar dos trabalhos e agora acredito que o Brasil irá realizar uns grandes JO.

    Entrevista conduzida por André Conde e Rodrigo Fernandes
    Fotografias por Número F – Nuno Raimundo

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