Como não formar campeões

    NO JAPÃO E NO MUNDO: OS CASOS QUE MANCHAM O DESPORTO

    Há quem defenda que o número de casos tenha vindo a baixar no Japão. Como? Por um lado, os treinadores percebem que os tempos mudaram e não devem abusar fisicamente os atletas por risco de os mesmos, num ambiente melhor do que outrora, conseguirem facilmente falar com os pais sobre o caso. Por outro, os novos media permitiram que se divulgue (e denuncie) de forma mais fácil e rápida estes abusos, ou seja, como se de uma prova se tratasse.

    Apesar das visões otimistas, não é de todo verdade que esteja eliminado este “fungo”. Não foi eliminado no Japão, nem no Mundo…

    Em 2013, Ryuji Sonoda demitiu-se depois de ter sido acusado de abusar fisicamente atletas da equipa olímpica de Judo em 2012. O treinador batia nos judocas com um pau de bambu e obrigava os mesmos a competir lesionados. Em 2016, Maggie Nichols, com o seu testemunho, denunciou os abusos de Larry Nassar, médico da equipa olímpica feminina de Ginástica dos Estados Unidos, sendo mais tarde descoberto que várias atletas tinham sido abusadas.

    Em menos de 18 meses de diferença, os presidentes das federações de Futebol do Afeganistão e do Haiti foram acusados de abuso sexual de atletas das seleções femininas. Em 2020, Choi Suk-hyeon, triatleta sul coreana, suicidou-se, após ter denunciado que tinha sido abusada física e psicologicamente pelo treinador e pelo médico da sua equipa às entidades desportivas e políticas.

    Fez, e faz-me, confusão ver que poucos órgãos de comunicação em Portugal deram importância a este relatório. São casos sérios aqueles que se estão a apresentar e já se sabe que nunca acontece só com os outros. Pode acontecer em qualquer momento com qualquer país, com qualquer atleta, com qualquer um. Há que estar alerta para aquilo que se passa no Mundo.

    O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, proferiu uma frase muito interessante a faltar apenas um ano para o início dos Jogos: «Estes Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, em 2021 podem, devem ser e serão a luz ao fundo do túnel em que se encontra a toda a humanidade neste momento». Senhor Thomas Bach, os Jogos Olímpicos não devem ser “luz ao fundo do túnel” só para ultrapassar a difícil crise de COVID-19 que o Mundo atravessa. O país onde se organizará a próxima olimpíada encontra-se com estruturas obsoletas e com os seus atletas vulneráveis e o que dizer dos restantes? Só de perguntar já se tem uma noção de quão grave é o assunto…

    Por isso, esperamos que estes Jogos Olímpicos sejam impulsionadores para que o COI seja crítico e “pressionante” dos mais diversos Comité Olímpicos espalhados pelo Mundo – e quem sabe dos próprios governos. Não se deixe passar estas lacunas. Proteja-se TODOS os atletas sejam eles olímpicos ou amadores. Haja noção do perigo que esta situação acarreta. Tal como o relatório da HRW diz logo no início: «A participação no Desporto deve proporcionar às crianças alegria de jogar e uma oportunidade para desenvolver e crescer a nível mental e psicológico»… Deveria ser esta a premissa no Desporto e é desta forma que se forma campeões.

    Foto de Capa: António Correia/Bola na Rede

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    João Pedro Barbosa
    João Pedro Barbosahttp://www.bolanarede.pt
    É aluno de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, tem 20 anos e é de Queluz. É um apaixonado pelo desporto. Praticou futebol, futsal e atletismo, mas sem grande sucesso. Prefere apreciar o desporto do lado de fora. O seu sonho é conciliar as duas coisas de que gosta, a escrita e o desporto.