Sonho do Olimpo #1: A primeira não se esquece

    «A OLIMPÍADA DA PRIMEIRA VEZ», PARIS 1926

    A primeira vez que a capital francesa recebeu os Jogos Olímpicos não correu de todo como se esperava, por isso, após 24 anos dessa vez, houve nova passagem por «territoire français». Esta foi a Olimpíada que ficará, possivelmente, marcada como a «Olimpíada da Primeira vez»… intitulada por mim, claro.

    Mas passo a explicar o por quê desse mesmo nome. Em Paris 1926, foi a primeira vez que os atletas ficaram acomodados na Aldeia Olímpica, o tal espaço confinado às comitivas olímpicas durante o período de tempo que estão na competição. A primeira grande novidade destes Jogos Olímpicos em França.

    Num Mundo em constante mudança foi a vez também dos meios de comunicação participarem nesta festa do Desporto. Foi a primeira vez que houve transmissão de rádio dos eventos e onde estiveram presentes mil jornalistas, segundo o Olympic.org. Mas isto não impossibilitou que em Portugal as notícias sobre o que acontecia em Paris chegassem a Lisboa através do papel… atrasadasO serviço telegráfico não era o melhor e o número elevado de jornalistas não ajudava no transporte da informação numa distância que até é curta de Paris a Lisboa… A juntar a este atraso, a inexistência, na altura, de rádios portuguesas não possibilitava que se transmitisse o que quer que fosse.

    A primeira vez não se destinava somente às duas situações às quais mencionei anteriormente, caro leitor… ó não. Pois bem, como se sabe “a primeira vez nunca se esquece” e é verdade… Imortalizados para sempre na história portuguesa nas Olimpíadas, entraremos naquela que é a viagem ao belo passado da primeira medalha portuguesa nos Jogos Olímpicos.

    A CAVALO SE FEZ HISTÓRIA PELA PRIMEIRA VEZ

    Portugal só começou a participar nos Jogos Olímpicos em 1912, quando se realizou em Estocolmo (Suécia). Na altura não houve medalhas e houve ainda uma infeliz notícia para a comitiva portuguesa com o falecimento de um atleta: Francisco Lázaro, que foi o primeiro atleta a falecer durante os Jogos Olímpicos. Uma situação à qual mencionamos com pesar.

    Só quatorze anos depois da primeira vez nos Jogos, surgiu aquilo que, talvez, se ambicionassem há imenso tempo. Mas como uma “primeira não vem só”, Portugal conseguiu a sua primeira medalha na sua primeira participação no Hipismo. Foram quatro os atletas portugueses que montados a cavalo conseguiram o lugar mais baixo do pódio parisiense, mas um lugar bem alto na história do desporto português: Aníbal Borges de Almeida, Hélder de Sousa Martins, José Mouzinho de Albuquerque e Luís Cardoso Menezes.

    Os cavaleiros portugueses enfrentaram muitas dificuldades antes e durante a competição, contudo, isso não impossibilitou de conseguirem um excelente resultado e ainda a conquista do bronze nestes Jogos Olímpicos. E como a cavalo se fez história vale sempre também relembrar os seus nomes: Reginald, Avro, Hebraico e Profond. Alguns destes, que durante a viagem, acabaram por adoecer e não estar na sua forma física ideal, mas quando está destinado… não há volta a dar!

    Uma conquista tão inesperada que nem o símbolo máximo do país estava presente na altura deste feito. Os cavaleiros recusaram-se a participar na cerimónia da entrega das medalhas sem que vissem a bandeira do seu país hasteada, como as dos outros vencedores.

    Quando se pensava que a bandeira portuguesa não iria estar lá no alto de Paris, surgiu um tecido verde e outro vermelho para formar algo semelhante à original… pelo menos, no que às cores dominantes diz respeito. E assim foi a primeira vez que se inscreveu o nome de Portugal numa medalha dos Jogos Olímpicos e se viu, ainda que (muito) improvisada, a bandeira portuguesa a ser soprada por Éolo, o Deus Grego do Ar… certamente estaria tão feliz como os portugueses.

    A quatro anos de se celebrar cem anos da primeira medalha portuguesa em Jogos Olímpicos, e também de Paris 1926, nada melhor do que voltar à capital francesa em 2024 (já confirmada a organização) para voltar a repetir feitos como estes e aumentar o número de medalhas portuguesas… vamos esperar!

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    João Pedro Barbosa
    João Pedro Barbosahttp://www.bolanarede.pt
    É aluno de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, tem 20 anos e é de Queluz. É um apaixonado pelo desporto. Praticou futebol, futsal e atletismo, mas sem grande sucesso. Prefere apreciar o desporto do lado de fora. O seu sonho é conciliar as duas coisas de que gosta, a escrita e o desporto.