A Líder Leonina – Entrevista a Isabel Ozorio

    BnR: Como foi a estreia pela Selecção Nacional, na qual é capitã?

    IO: A minha estreia já foi há alguns anos, ainda eu tinha 16/17 anos e não sabia bem o que era o rugby, mas tinha uma vontade enorme de ir mais longe. Todas as vezes que vestimos a camisola de Portugal, é uma emoção muito grande. Normalmente competimos por Portugal no final da época nacional, e por vezes já estamos saturadas. Mas quando chegamos ao Campeonato da Europa, é um sentimento único e tudo vale a pena. Um orgulho muito grande e mais uma oportunidade de fazer parte da história do desporto do nosso país.

    BnR: O ano passado a selecção feminina de sevens ainda sonhou com o apuramento olímpico, objectivo que, apesar de não ter sido atingido, em nada belisca o bom desempenho das Lobas. Acredita que futuramente veremos o rugby feminino levar a bandeira portuguesa a bom porto?

    IO: São poucas as pessoas que têm noção daquilo que a selecção nacional feminina tem alcançado e continua a alcançar, tendo em conta todo o desenvolvimento nos outros países e aquela que é a nossa realidade competitiva nacional e de recursos. Penso que, acima de tudo, os clubes têm que fazer mais pelo rugby. Estamos habituados a que as coisas nos caiam do céu e a nossa realidade não é essa porque não há cultura desportiva. Temos que trabalhar mais, ter uma estratégia própria para chegar a mais raparigas, mantê-las connosco e depois o rugby encarrega-se do resto. É impossível não adorar este desporto depois de o conhecer. Acho que é preciso perceber que não se traz raparigas para o rugby da mesma forma que se traz rapazes e às vezes a diferença está nos pormenores.

    Isabel começou no CDUP, mas actualmente é capitã do Sporting Fonte: Luís Cabelo
    Isabel começou no CDUP, mas actualmente é capitã do Sporting
    Fonte: Luís Cabelo

     

    BnR: O que ainda ambiciona fazer e conquistar a nível de clubes e selecção?

    IO: Obviamente que, em termos competitivos, o nosso objectivo passa sempre por ganhar todas as provas em que estivermos envolvidas. Espero ter mais experiências internacionais pelo clube e se possível sair com a vitória. Na época passada vencemos em Perpignan (França) o USAP, um histórico francês, e foi dos momentos mais emocionantes que vivemos. Fomos muito apoiadas por sermos portuguesas e por jogarmos pelo SCP. Gostava de voltar a repetir. Pela Selecção Nacional, gostava de ter a oportunidade de competir numa etapa do Circuito Mundial, e quem sabe, ajudar a conseguir o apuramento para o circuito. Obviamente que tenho o sonho de ir a uns Jogos Olímpicos, Tóquio está aí a chegar! Mas acima de tudo, espero continuar a poder dar o máximo de mim ao rugby, é o mínimo com que me posso comprometer.

    BnR: Se houver uma chamada de um clube estrangeiro, haverá a possibilidade de a vermos noutro campeonato? Quais seriam as condições para tal suceder?

    IO: Neste momento estou a jogar em Auckland na Nova Zelândia. Estou a realizar um sonho que tem vindo a ser adiado por razões profissionais/desportivas, mas que finalmente está a ser concretizado! Estou nas meias finais do campeonato de clubes (que na Nova Zelândia é regional, isto é, competição entre clubes da região/província) e o grande objectivo é ser escolhida para representar a província de Counties Manukau no campeonato nacional da NZ, que é a prova mais importante de cá. Os Counties são a equipa campeã em título, onde jogam várias estrelas internacionais, como por exemplo a Portia Woodman. Neste momento faço parte, juntamente com outra portuguesa e sportinguista, a Larissa Lima, da equipa escolhida para preparar a prova. Vamos fazer de tudo para ficarmos na equipa final. O desafio é grande, mas assim é que vale a pena!

    BnR: Quais são as suas maiores referências nacionais e internacionais dentro das quatro linhas?

    IO: Em termos femininos nacionais, são a Marta Ferreira e a Leonor Amaral, que passaram de adversárias a grandes amigas e que são um exemplo de dedicação, qualidade e acima de tudo muito carácter. No masculino, os meus jogadores preferidos são o Carl Murray e o Tomás Appleton. Em termos internacionais femininos talvez seja a Portia Woodman da Nova Zelândia. No masculino é o Brian O’Driscoll e o Richie McCaw.

    Depois de conquistar tudo o que havia para conquistar na época transacta, Isabel Ozorio refere que o objetivo passa por voltar a vencer tudo de leão ao peito; pelo meio refere ainda o forte apoio que tem recebido enquanto jogadora dos Leões.

    Foto de Capa: Sporting CP

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    Ana Cristina Silvério
    Ana Cristina Silvériohttp://www.bolanarede.pt
    A Ana Cristina é uma apaixonada pelo mundo do desporto. Do futebol ao Rugby, passando pelo ténis e pelo surf, gosta de assistir a quase todo o tipo de desportos, mas confessa que lhe dá um prazer especial que os atletas enverguem um leão rampante na camisola.                                                                                                                                                 A Ana não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.