«Em Portugal precisamos de mais pessoas como o Carlos Carvalhal e como o Bruno Lage» – Entrevista BnR com José Ribeiro Meditar

    -O mais forte é o que melhor se adapta às situações-

    «Eu sou fanático pelo conhecimento, pela descoberta e adoro me superar. A superação para mim é algo fundamental»

    Bola na Rede: Queria evitar tocar no tema do acidente, mas acaba por ser inevitável. Em 2012, um acidente mudou-lhe a vida para sempre. Uma queda de sete metros deixou-o paraplégico e dependente de uma cadeira de rodas. Como é que conseguiu renascer do acidente e reinventar-se em cima de uma cadeira de rodas? E quais foram as principais diferenças entre o José antes do acidente e do José depois do acidente?

    José Ribeiro-Meditar: A coisa mais importante que o José antes do acidente e o José depois do acidente tem é o cérebro. Eu tive que adaptar o meu cérebro ao meu corpo. Quando tens algum problema na vida, o foco tem de ser a solução. Foquei-me na solução e na minha reabilitação. São mais as coisas que nós não controlamos do que as coisas que controlamos. A perda faz parte da vida. Imagina que estás a cortar uma maçã e cortas um dedo. A primeira coisa que acontece é a revolta, depois vem a aceitação e por fim a transformação. Antes de eu ter o acidente já treinava futebol, depois do acidente continuei a treinar futebol. Subi equipas antes do acidente, subi equipas depois do acidente, já “morri na praia” com equipas antes do acidente e depois do acidente. Só houve uma coisa que não morreu, o cérebro. Aquilo que eu acreditava antes do acidente, continuo a acreditar e a desenvolver o meu conhecimento. Eu sou fanático pelo conhecimento, pela descoberta e adoro me superar. A superação para mim é algo fundamental. Acho que todos os dias nós nos superamos, no simples acordar e levantar já nos estamos a superar. Por exemplo, se tu não gostas de acordar cedo e tens de acordar às 8h porque tens um compromisso às 9h, já é um momento de superação. A superação está sempre presente.

    Fonte: Arquivo pessoal de José Ribeiro-Meditar

    Bola na Rede: Para ti o que é mais importante: ser o mais forte ou o que melhor se adapta às situações?

    José Ribeiro-Meditar: Ah essa está boa. É o que melhor se adapta. Por exemplo, no jogo do PAOK contra o Benfica, o Abel Ferreira falou de uma coisa e eu estou completamente de acordo com ele. Ele disse “eu tenho que ajustar as velas em função do vento”. O Abel contra o JJ foi o que melhor se soube adaptar e aquele que melhor se sabe adaptar é aquele que vai ganhar. Tu tens de saber os jogadores e/ou a turma que tens à tua frente e o contexto em que estás inserido. Eu gosto de ver o confronto de ideias. Dá-me prazer ver o Simeone a jogar como me dá prazer ver um Guardiola a jogar, como me deu prazer ver o Bielsa contra o Klopp. Eu adoro o futebol inglês, gosto da cultura inglesa e da maneira como eles vivem o futebol. Aqui em Portugal precisamos de mais pessoas como o Carlos Carvalhal e como o Bruno Lage, precisamos de gentlemans. Mas eu vou te dizer uma coisa, dá-me mais pica ver alguns jogos da formação em Portugal do que jogos da Primeira Liga. Qual é o meu clube de futebol? É a bola: o melhor brinquedo do Mundo.

    Bola na Rede: Começa a haver um “ruído” no campeonato português que acaba por ser insustentável…

    José Ribeiro-Meditar: Estão a destruir o nosso futebol. As pessoas que estão ligadas ao futebol e ao desporto em Portugal são líderes de opinião. Tu a teres uma turma com dez miúdos, tu és líder de opinião e tudo começa aqui se nós queremos mudar as nossas mentalidades e comportamentos.

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    Nélson Mota
    Nélson Motahttp://www.bolanarede.pt
    O Nélson é estudante de Ciências da Comunicação. Jogou futebol de formação e chegou até a ter uma breve passagem pelos quadros do Futebol Clube do Porto. Foi através das longas palestras do seu pai sobre como posicionar-se dentro de campo que se interessou pela parte técnica e tática do desporto rei. Numa fase da sua vida, sonhou ser treinador de futebol e, apesar de ainda ter esse bichinho presente, a verdade é que não arriscou e preferiu focar-se no seu curso. Partilhando o gosto pelo futebol com o da escrita, tem agora a oportunidade de conciliar ambas as paixões e tentar alcançar o seu sonho de trabalhar profissionalmente como Jornalista Desportivo.