«Com 39 anos pareço o pai deles todos e penso se o “velhinho” ainda devia continuar aqui» – Entrevista BnR com Mário Sérgio

    «A minha ida para o Apoel já foi a pensar na concretização do sonho de jogar na Liga dos Campeões»

    Bola na Rede: Surge a primeira experiência no estrangeiro, vais para a Ucrânia representar o Metalurgh, onde ficas quatro anos, como surge este convite?

    Mário Sérgio: É uma história curiosa por acaso, na altura foi o Ricardo Fernandes (então jogador do Metalurgh), que me ligou porque o treinador tinha falado com ele e disse-lhe que precisava de um lateral direito. Ele andou a pesquisar laterais direitos cá em Portugal, podes lhe perguntar que ele vai-te confirmar a história (risos), e sugeriu o meu nome, arranjaram o meu número e ligaram-me. Na altura tinha outras propostas na mesa, mas aquela pareceu-me a melhor e então aceitei e ainda hoje acho que foi a melhor decisão.

    Bola na Rede: Como reagiu a família a esta mudança?

    Mário Sérgio: Tanto para mim como para a minha família foi uma adaptação feita aos poucos, como é um “mundo novo” com um cultura diferente é normal que no início estejamos um bocado “a medo”.

    Bola na Rede: O facto de teres um plantel com portugueses e brasileiros ajudou na adaptação?

    Mário Sérgio: Sem dúvida, porque eu quando cheguei lá nem inglês sabia falar (risos). Tive muita ajuda do Ricardo Fernandes. Depois vieram outros portugueses, como o China, o Filipe Teixeira o que tornava tudo mais fácil. Até o Mkhitaryan por causa dos meses que esteve no Brasil falava bem a nossa língua.

    Bola na Rede: É onde começas a mostrar o teu melhor futebol, tanto a nível exibicional como estatístico (golos e assistências) concordas?

    Mário Sérgio: Sim, como me consegui adaptar bem, fui jogando sempre a titular, estava confortável e sentia-me útil, isso refletia-se nas minhas exibições.

    Bola na Rede: Outra mudança, desta vez para o Chipre. Foste uma das contratações de um poderoso Apoel que na época anterior tinha surpreendido toda a gente na Champions League?

    Mário Sérgio: Mais uma vez, foi uma transferência com intervenção do Ricardo Fernandes, funcionava como meu agente (risos). Na altura ele tinha um empresário cipriota e como sabiam que o Apoel precisava de um defesa direito indicaram o meu nome, o mais curioso é que o Ricardo Fernandes já não jogava no Apoel, era meu adversário, nessa altura representava o Doxa. Ele ajudou-me muito. Mas sim quando cheguei, eles na época anterior tinham passado em primeiro no grupo do FC Porto na Champions, eliminaram o Lyon nos Oitavos de final e depois foram eliminados pelo Real Madrid nos quartos de final.

    Bola na Rede: Foi a fase mais titulada da tua carreira? (5x Campeão, duas taças do Chipre e uma supertaça)

    Mário Sérgio: Foi, tanto coletivamente como individualmente foram anos muito positivos. Consegui adaptar-me bem, já tinha aprendido inglês (risos) e tive planteis sempre com nomes portugueses o que facilitava muito o ambiente no balneário. Mais uma vez, como me sentia bem, as coisas fluíam naturalmente e como o coletivo também era forte refletiu-se nos títulos todos que conquistamos.

    Bola na Rede: Competes ao mais alto nível, Liga Europa e Champions League que memórias guardas desses tempos?

    Mário Sérgio: Memórias muito boas, acho que jogar na Champions League é o topo para qualquer jogador de futebol, foi um sonho tornado realidade. A minha ida para o Apoel já foi a pensar na concretização desse mesmo sonho.

    Bola na Rede: Chegas a fazer as laterais com o Jonh Arne Riise?

    Mário Sérgio: Era ele do lado esquerdo, eu do lado direito. Lembro-me bem dele, um grande jogador, apesar de vir em final de carreira veio acrescentar muito ao plantel, ainda chegamos a marcar cinco ou seis golos cada um nessa época.

    Bola na Rede: Trocas de clube no Chipre, para o Appolon Limassol onde vences a taça do Chipre frente ao teu anterior clube, foi um projeto ambicioso que te interessou?

    Mário Sérgio: No início da época era para eu sair do Apoel porque havia um limite de estrangeiros que podiam inscrever e eles queriam contratar um avançado, que se não me engano era o Orlando Sá. Não conseguiram e acabei a ficar lá meia época, que ainda me valeu a medalha de campeão. Como não joguei tanto quanto queria acabamos por rescindir contrato. A minha intenção era regressar a Portugal, tive uma proposta para jogar num clube da Primeira Liga, mas acabaram por não cumprir com a palavra e o Apollon estava a fazer muita força para poder contar comigo, então acabei por aceitar e jogar lá o resto da época. Essa meia época correu bem, ganhamos a taça frente ao Apoel mas a minha decisão já estava tomada, era altura de regressar ao meu país.

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    Flávio Fernandes
    Flávio Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Ciências da Comunicação, o Flávio sempre foi um amante do desporto e um fanático pelo futebol. Com uma passagem pelos quadros de formação do FC Felgueiras 1932, preferiu pendurar as botas mais cedo e ir em busca da sua formação académica. Acompanha assiduamente o futebol internacional e não falha um único jogo do seu grande FC Porto.