5 factos desconhecidos sobre o futebol em Portugal

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    O espião Cândido de Oliveira – Todos os anos ouvimos falar de Cândido de Oliveira, quando se joga a supertaça baptizada com o seu nome, mas poucos imaginam a relevância deste nome para o país. Cândido Fernandes Plácido de Oliveira nasceu em Fronteira, Portalegre, a 24 de Setembro de 1896 de onde foi enviado para a Casa Pia de Lisboa em 1905 após ficar órfão.

    Desde muito novo, demonstrou ter  jeito para a bola e em 1914/15 começou a jogar pelo SL Benfica até 1920, ano em que, juntamente com mais alguns colegas da instituição, fundou  o Casa Pia AC. O espírito de liderança fê-lo capitão de equipa no primeiro jogo da história da Selecção Nacional a 18 de Janeiro de 1921, num jogo em Madrid, contra a Espanha, onde a equipa lusa acabaria por sair derrotada por 3-1.

    Mas o Mestre Cândido, como a História o viria a lembrar, cedo pendurou as chuteiras e para abraçar uma histórica carreira de treinador, que começou em 1926 como seleccionador nacional, por lá ficando até 1929. Como à época, o futebol não era considerado uma profissão, Cândido de Oliveira trabalhou também como inspector geral nos CTT onde tinha acesso privilegiado a informações ligadas à espionagem, de que Portugal era um núcleo, durante a II Guerra Mundial, uma vez que era um país “neutro”.

    O Mestre Cândido, que entretanto, voltara a treinar a selecção nacional (de 1935-1945), tornou-se agente de uma rede clandestina inglesa, formada com o objectivo de informar os Aliados sobre as movimentações alemãs no país e organizar grupos de resistência activa e passiva. Em virtude da sua participação na rede de espionagem britânica e da sua oposição ao regime, Cândido de Oliveira é detido em 1942 pela PVDE e enviado para o Tarrafal, onde permanece de Abril de 1942 a 1944, testemunhando os horrores do regime ditatorial. No entanto, a sua reputação e imagem internacional permitem-lhe viver um cárcere com algumas “regalias”, vivendo do lado de fora do campo e não sendo obrigado a participar nos trabalhos forçados. Após voltar ao país, retoma a sua carreira como treinador e empenha-se no jornalismo, deixando um legado inigualável.

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    Inês Figueiredo Mendanha
    Inês Figueiredo Mendanhahttp://www.bolanarede.pt
    A Maria é uma orgulhosa barqueirense (e por inerência barcelense ) que aprendeu a gostar de futebol antes de saber andar. Embora seja apologista das peladinhas entre amigos, sai-se melhor deixando o que pensa gravado em papel. Benfiquista de coração e Gilista por devoção é sobretudo apaixonada pelo futebol que faz o país parar quando a bola começa a rolar.                                                                                                                                                 A Maria escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.