A Liga Amaricada

    Depois de expostas as condicionantes deste sorteio, decidi ver o que se passa nas outras ligas. Pesquisei e encontrei uma entrevista a um dos sorteadores do calendário da Premier League inglesa. Ele expõe que nenhuma equipa deve ter dois jogos consecutivos em casa ou fora sendo mesmo proibido que isso aconteça nas duas últimas jornadas e que as equipas da mesma cidade não deverão jogar em casa em simultâneo. Além disso, a equipa que jogar em casa no Boxing Day jogará fora no New Year’s Day, dando prioridade a deslocações mínimas neste primeiro. Devido a este ser um dia especial, há um pedido especial a todos os clubes: cada um dirá com quem prefere jogar e com quem não quer jogar nesse dia. Um último pedido é as datas em que não preferem jogar em casa.

    Sendo estes os critérios base, Glenn Thompson afirma que fazem o máximo para que todos os clubes tenham um sorteio justo e que todos eles possam sair favorecidos.

    Indo em direção ao centro da Europa, na Bundesliga as condicionantes são menores. As equipas das mesmas cidades não podem jogar em casa em simultâneo e têm em conta os parceiros de media, a polícia, a autoridade local, os clubes e operadores do estádio. Ainda assim, há que ter em conta os feriados públicos, o Oktoberfest e as competições europeias. No fim do vídeo explicativo de como é feito o sorteio do calendário dos campeonatos germânicos, frisam que a última análise é sobre um igual tratamento para todas as equipas em prova.

    Fonte BVB Dortmund
    Fonte BVB Dortmund

    Estas são as condicionantes do sorteio dos calendários de três ligas Europeias. Se repararem, além da portuguesa, não há nenhuma que frise os ditos clubes grandes das suas ligas. Há sim, um destaque para que todos os clubes sejam tratados de igual forma e que sejam todos eles beneficiados, desde o recém promovido ao atual campeão.

    Se formos ver as condicionantes do sorteio da Primeira Liga, vemos que é um sorteio onde os grandes saem sempre a ganhar, sempre beneficiados. São de certa forma levados ao colo para uma luta pelo título a três. Há também o benefício aos que participam em competições fora da liga principal e a única benesse que se vê aos ditos pequenos é não poderem jogar contra os ditos grandes em jornadas consecutivas. No entanto, se esta fosse uma liga menos “amaricada” (permitam-me a expressão), estes seis critérios “maricas” cairiam por terra e veríamos uma Liga Portuguesa onde jogam todos contra todos, alternando entre casa e fora, e no fim sairia um campeão. Assim, continuamos a insistir numa liga a três onde os grandes saem sempre beneficiados para as suas competições nacionais e internacionais. A falta de igualdade leva a um afunilamento nas capacidades das equipas e a uma injustiça no sorteio.

    Começa assim uma nova época. Começa bem, não?

    Foto de Capa: LPFP

    Artigo revisto por: Beatriz Silva

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    Pedro Afonso Estorninho
    Pedro Afonso Estorninhohttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o Benfica faz parte da vida do Pedro Estorninho. Avô e pai benfiquistas deixaram-lhe no sangue a chama das águias. A viver nos Açores nunca teve muitas oportunidades de ver o clube ao vivo, mas os estudos trouxeram-no à capital, onde pode assistir de perto aos jogos do tricampeão. A paixão pela escrita sempre foi algo dentro dele que nunca conseguiu mostrar e surge agora a oportunidade de juntar o melhor dos dois mundos.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.