Por detrás destes resultados, e além do aspecto emocional que Nuno Manta parece trabalhar bem, dando primazia ao bom ambiente no trato com os jogadores, está a forma como a equipa pressiona a saída de bola contrária, fazendo o melhor uso possível da disponibilidade pulmonar de Etebo e da inteligência de jogadores como Luís Machado ou Tiago Silva, perfeitamente emparelhados no timming de ataque à bola e, mais importante, na hora de parar de a perseguir para integrarem uma zona de pressão mais recuada.
A isto, Nuno Manta alia uma excelente interpretação do que o jogo lhe traz, conforme exemplificam os dois últimos jogos, contra V. Setúbal (entrada de Luís Machado e a saída de Etebo estranhou-se, mas confirmou a sua eficácia – o português marcou o golo da reviravolta) e D. Chaves (entrada de Babanco para o lugar de Paraíba, quando o resultado era 0-2 solidificou o meio-campo, conferindo-lhe a inteligência necessária para a reviravolta) e… o jogo contra o Tondela.
No Estádio João Cardoso, quando o jogo registava um nulo, Nuno Manta, perante a insistência e, consequente desgaste dos homens da casa retirou Cris, capitão da equipa e do meio-campo fogaceiros, e colocou Hugo Seco, médio-ala. 3 minutos depois, teve a coragem de tirar um dos melhores homens em campo, Fabinho, e colocar um jogador que, confirmaria na flash interview, não estava com a moral nos píncaros – Tiago Silva.
Estas trocas mudaram o jogo. O Feirense passou mais tempo no meio-campo tondelense, e chegou ao golo que lhe deu os três pontos. O mesmo Tiago Silva em quem Nuno Manta teve a coragem de apostar ganhou um penalti, e converteu-o com sucesso.
Aquela parte ínfima do João Cardoso ficou a saber que o ar esguio, o fato de treino ou um par de óculos não tiram competência a um treinador.
Hoje, não é só essa tal parte do estádio do Tondela que atesta a “pinta” de treinador de Nuno Manta, é o país inteiro.
Foto de capa: CD Feirense