– Explosão na Madeira e passaporte para o Benfica –
BnR: A esta hora estão a jogar duas equipas especiais para ti: o Marítimo e o Benfica. Ainda acompanhas as equipas?
GM: Sim, com certeza. Tenho amigos nas duas equipas, mais no Marítimo, e estou sempre a acompanhar.
BnR: Foi no Marítimo que acabaste por explodir, com 10 golos em 36 jogos. O que é que o Marítimo te deu para apareceres nesta forma?
GM: Quem me deu foi Deus e o que me ajudou a crescer foi a minha experiência, ter passado por aquilo que passei. Eu ia-me agarrando em cada oportunidade com unhas e dentes, dando o meu melhor, trabalhando, passava as dificuldades – alguns treinadores melhores ou piores – e fui crescendo nesse aspeto. Quando cheguei ao Marítimo encontrei uma equipa bem estruturada, com bons jogadores, a equipa era boa. Tínhamos o Marcos, um dos melhores guarda-redes em Portugal, o Van der Gaag na defesa, laterais bons – Briguel e Eusébio – tinha Wênio e Chaínho no meio-campo, Alan, Léo Lima, Pena. Era uma equipa forte, com um monte de pessoal experiente como Lino e tal. Um treinador cascudo e tradicional como o Cajuda, que sabia lidar com o grupo e era bom líder. Então cheguei e senti-me em casa e as coisas começaram a correr bem logo do início.
BnR: Começas logo a marcar ao Glasgow Rangers na Taça UEFA e ao Sporting em Alvalade
GM: Foi, foi. Lembro-me que nesse jogo com o Glasgow Rangers jogámos muito, com o Sporting a equipa jogou muito e não só: quem vinha à Madeira jogar levava sufoco. Ganhámos ao FC Porto, acho que empatámos com o Benfica e éramos sempre uma equipa cascuda. Mas lembro-me que ainda no primeiro ano houve interesse de clubes, o FC Porto esteve interessado, o Sporting esteve interessado, até chegar o Benfica.
BnR: Chegou a haver propostas?
GM: Chegou a haver contactos, mas não sei porque razão as coisas não deram. Falava-se que não tinham chegado a acordo com o clube. Não houve acordo, mas houve certamente contactos porque chegaram a ligar para mim pessoas do FC Porto. Fiquei frustrado na altura porque não deu certo, até que chegou a segunda época, continuei bem e apareceu o Benfica. Aí falei: «desta vez tem que dar certo, senão… Aparece um, não dá. Aparece outro, não dá. Só tenho mais esse agora e esse é gigante. Esta oportunidade não posso perder».
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— TSF Rádio (@TSFRadio) April 13, 2017
BnR: Que Benfica é que encontraste?
GM: O Benfica ainda estava na Liga dos Campeões e bem, no campeonato estava a penar, tinha sido campeão no ano anterior e tinha aquela pressão do título e era uma equipa em transição em termos de estrutura. Naquela altura ainda treinávamos no estádio Nacional ou no estádio da Luz, não havia campo de treinos. Apanhei essa transição e logo a seguir começa o Seixal, outro tipo de projeto e estrutura. Mas era uma equipa muito forte e que fez uma Liga dos Campeões muito boa, chegou aos quartos de final – perdeu só para o Barcelona e ainda eliminou o Liverpool nos oitavos – mas no campeonato não conseguiu o objetivo, que era ser campeão.
BnR: Como foi trabalhar com o Ronald Koeman?
GM: Foi bom, óptimo. Foi ele que pediu a minha contratação e ele recebeu-me bem. No meio ano que estive no Benfica joguei 13 ou 14 jogos a titular e dois ou três como suplente. Joguei praticamente sempre com ele, numa transição gigantesca: saio do Marítimo e pego no Benfica de caras. Talvez não tive o impacto que as pessoas esperavam mas dentro da realidade da minha capacidade… Lembro-me que tinha de matar um leão por dia nos treinos para jogar, não dava para esperar porque os jogadores eram muito bons, tinham talento nato. Eu tinha o meu talento e capacidade mas não relaxava, eu dava tudo e dei tudo. Enquanto estive ali, joguei sempre, até à entrada na nova época, em que apareceu o Fernando [Santos].