«Sou mais conhecido em Portugal do que no próprio Brasil» – Entrevista BnR com Edmílson

    – A estagnação e o relançamento da carreira –

    BnR: Depois de quatro épocas em Portugal, é tempo de voar para o estrangeiro. Rumaste ao Paris SG. O que faltou para singrar em França? Voltavas a escolher o Paris SG? Alguma divergência eterna te fez abandonar o clube?

    E: Em primeiro lugar, queria dizer que voltava a assinar pelo PSG, apesar de na altura ter tido outras opções: nomeadamente, Milan e Deportivo da Corunha. Optei pelo PSG. O FC Porto fez um encaixe financeiro muito bom, o meu contrato foi melhorado e, como eu já tinha ganho dois campeonatos e uma Supertaça, pretendia outros voos e conhecer outras culturas. Não deu certo e a culpa foi só minha. O único erro que aponto à minha carreira foi não ter ficado no PSG. Tinha um contrato de três anos e resolvi voltar a Portugal precocemente, cumprindo apenas seis meses do mesmo. Hoje, as coisas procediam-se de outra forma. O Ricardo Gomes (ex-Benfica), à data treinador do PSG, e o Raí (ex-PSG) convenceram-me a ficar e disseram-me que a adaptação ao clube também tinha sido difícil para eles. Naquela altura, a minha cabeça não era o que é hoje…

    BnR: Surge o Sporting CP. Como é que tudo se procedeu? A decisão foi facilitada ou dificultada por algum fator?

    E: Na altura, o Flamengo estava na corrida também assim como outros clubes da Europa. O fator que influenciou teve caráter duplo: por um lado, Carlos Manuel, treinador à altura e, por outro, Manuel Pedrosa, diretor. Convenceram-me a voltar a Portugal, a voltar a jogar e a fazer golos. Mantínhamos, os três, uma amizade especial e, por essa razão, voltei.

    Fonte: Facebook de Edmilson

    BnR: Fazendo um pequeno flashback: em 1996/1997, sentenciaste um clássico em Alvalade ao serviço do FC Porto (0-1); na temporada seguinte, com as cores do Sporting CP, marcaste o segundo golo da vitória leonina sobre os dragões. Como é que te sentiste ao marcar a dois clubes que representaste e pelos quais sentias carinho?

    E: (risos) Realmente, é complicado, é complicado. Tenho uma relação bastante forte com o FC Porto. Gosto da cidade, dos adeptos. Mas, eu era profissional. O Sporting CP investiu em mim, um valor substancial e, como tal, só me competia dar o máximo pelo clube e respeitar a camisola, suá-la. O Sporting pagava o meu salário e só me restava honrar esse esforço. Comemorei da mesma forma, com a mesma alegria cada golo. Foi a mesma sensação.

    BnR: Em 1998/1999, Mirko Jozic chegou a Alvalade. Foi o treinador, durante o teu percurso lá, que apostou mais vezes em ti. Adaptaste-te melhor ao seu estilo de jogo?

    E: Sim, o Mirko chegou e apostou prontamente em mim. Eu também me adaptei bem ao seu estilo de jogo. Tinha uma certa liberdade para criar, para vir atrás buscar jogo, mas a minha função era marcar. Nesse ano, lesionei-me e a época acabou mais cedo…

    BnR: 1999/2000. Sporting CP campeão. Contribuiste para o fim do jejum leonino. Foi o título mais especial?

    E: Bem, digamos que sim. Foi especial pelo tempo de espera. O Sporting não era campeão há 18 anos e, ver uma massa adepta como a do clube, verdadeiramente apaixonada, sempre presente nos treinos, foi muito gratificante. Ficar 18/19 anos sem ser campeão, num clube como o Sporting CP não pode acontecer. Os dirigentes têm de encontrar solução. O Sporting CP é um clube grande também lá fora e não pode deixar os sócios tanto tempo sem festejarem. Foi especial, principalmente, pelos adeptos.

    Fonte: Facebook de Edmilson

    BnR: Em 2001, abandonas o clube de Alvalade. Vontade própria ou decisão superior?

    E: Ambas as partes. Tive alguns problemas pessoais. Profissionalmente, tinha negócios no Porto e jogava no Sporting CP. Foi impossível ajustar as duas formas de vida. Além disso, queria jogar no campeonato brasileiro e voltar ao Brasil. Chegámos a acordo e rescindimos passado três anos e meio no clube.

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.